Bloco Bartucada -  (crédito: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)

Carnaval de 2024 teve 5,5 milhões de foliões nas ruas de BH

crédito: Marcos Vieira/EM/D.A.Press

Belo Horizonte viveu um carnaval histórico em 2024, com 5,5 milhões de foliões nas ruas. Além disso, a folia deste ano teve momentos marcantes que vão ficar na memória de quem foi às ruas festejar. O Estado de Minas fez uma lista de dez fatos que marcaram a festa na capital mineira.

1 - Vias sonorizadas

O carnaval deste ano marcou a estreia das avenidas sonorizadas na capital. O sistema chamado Line Array foi projetado para potencializar e trazer clareza ao som. Foram instaladas 16 torres em 500 metros na Avenida dos Andradas, na Região Leste, e 13 equipamentos, em 450 metros da Amazonas, no Centro. Em janeiro, houve um ensaio de dois dias para testar a sonorização na Avenida dos Andradas.

Com um investimento de R$ 4,5 milhões, por meio do patrocínio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Desenvolvimento (Codemge), a estrutura funcionou sem problemas e foi bem avaliada pelos foliões nas duas vias.

A presidente da Liga Belo-horizontina de Blocos Carnavalescos, Polly Paixão, também achou a estreia positiva. “O som estava realmente muito bom e foi muito agradável ver isso ao longo do bloco, todo mundo escutando”, diz ela, que destaca que o governo do Estado tem interesse em ampliar a iniciativa para outras avenidas da cidade. “Esperamos que seja assim”, comentou.

2 - Praça da Estação em obras

Outro evento marcante na folia deste ano foi a Praça da Estação em obras, o que fez com que o palco principal do carnaval fosse montado no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. As obras de revitalização da praça começaram em 18 de outubro do ano passado e a previsão é que sejam concluídas no segundo semestre deste ano.

O local é um marco para a retomada do Carnaval de BH, que voltou a ganhar força como parte de um movimento de protesto contra o ex-prefeito Márcio Lacerda. Em 2009, o então chefe do Executivo proibiu a utilização da praça como espaço festivo. Em protesto, manifestantes ocuparam a área e criaram a ‘Praia da Estação’, considerada um dos marcos para a volta da folia na capital. Apesar de fechada durante a festa, Polly Paixão não acredita que as obras na Praça da Estação tenham comprometido a folia.

“Sabemos que a reforma, de qualquer jeito, vai demorar mais de um ano. Em algum momento, ia acontecer no carnaval. É um lugar simbólico, sim, mas o carnaval não pode travar que alguma melhoria seja feita na cidade. Que tenhamos praça nova no ano que vem", destaca.

3 - Blocos com artistas de fora de BH

Antes mesmo de a folia começar, outra estreia no Carnaval de BH 2024 já estava envolvida em polêmica. A primeira vez do bloco do cantor Michel Teló desfilando na capital foi alvo de protesto da Liga Belo-horizontina de Blocos Carnavalescos.

A entidade divulgou nota expressando preocupação com o que define como “a crescente invasão de artistas de fora no Carnaval de Belo Horizonte”. No documento, cita como exemplo o bloco do cantor sertanejo que lotou as ruas do entorno do Mineirão, na Pampulha, na segunda-feira (12/2).

A presidente da liga classifica o desfile de blocos de artistas não locais como uma falta de respeito. “Uma coisa é o Lagum ter um bloco, que é uma banda de BH, renomada, que vem chamar a atenção para o nosso estado e nossa cidade. Outra coisa é uma pessoa de fora que venha acrescentar a um bloco de carnaval, algum convidado importante que esteja em um bloco. Outra coisa é a pessoa simplesmente vir fazer festa aqui”, critica Polly Paixão.

Polly avalia que, dessa forma, há uma competição injusta. “Os blocos aqui de BH lutando por um pouco de patrocínio, dinheiro suado e vem outros com mega-patrocínios. Acho que a Prefeitura e a Belotur deveriam cobrar isso e nem esperar a gente reclamar, é um papel deles”, diz.

“Que os blocos se organizem porque senão vamos perder tudo o que demoramos mais de dez anos para construir. Já fizemos tanto carnaval de graça, tirando dinheiro do próprio bolso e agora vem um ‘bonitão’ e quer sentar na janela”, completa.

4 - Blocos que desistiram de desfilar

A folia deste ano também foi marcada pela desistência de blocos conhecidos. Garotas Solteiras, @bsurda e Masterplano anunciaram que não desfilariam no carnaval de 2024. Falta de recursos financeiros para a infraestrutura, segurança e divulgação estão entre os motivos citados.

A presidente da liga afirma que o processo de patrocínio do Carnaval de BH ainda não está muito avançado. “Muitos blocos grandes não conseguem patrocínio. Para um bloco que não tem patrocínio, deixar de ser pequeno e se tornar médio é ruim. Muitas vezes, não vai conseguir dinheiro e deixa de desfilar porque não vai mais ser viável tirar do próprio bolso. Quando é pequeno, tem um junta-junta de amigos, fica tudo bem, cada um dá uma forcinha e sai. No momento que começa a precisar de estrutura, fica caro sair no carnaval”, avalia.

5 - Escolas de samba e blocos caricatos

A festa deste ano também marcou um investimento maior nas escolas de samba e blocos caricatos que desfilam na Avenida Afonso Pena, no Centro da capital. A Prefeitura de BH afirma que vem aumentando a cada edição os valores investidos nos desfiles das agremiações. Além disso, oferece estrutura para os desfiles como banheiros químicos, sonorização, postos médicos e ambulâncias de suporte avançado. Ainda segundo a PBH, o valor da premiação de todas as categorias também foi aumentado para o carnaval deste ano.

A Belotur informou que cerca de 7 mil pessoas acompanharam os desfiles em cada dia de evento (12 e 13 de fevereiro), considerando o público flutuante.

6 - Disputa entre PBH e governo do Estado

A festa deste ano também foi marcada por uma disputa entre governo municipal e estadual pelo protagonismo na folia. O Carnaval de BH tradicionalmente tem investimentos da PBH, mas, na edição de 2024, também contou com verbas do governo de Minas.

O prefeito Fuad Noman (PSD) chegou a dizer que "quem antes nunca ajudou (na preparação do Carnaval), agora quer aproveitar”. Já o vice-governador Mateus Simões (Novo), afirmou que o investimento de R$ 3,5 milhões do Estado na capital mineira tem como objetivo não deixar a celebração se "apequenar" e alegou que o evento "perdeu potência".

Durante a abertura oficial do evento, o prefeito respondeu Simões e disse que o "carnaval não é meu nem dele, é do povo".

7 - Recorde de blocos e ambulantes

A folia belo-horizontina também contou com recorde de blocos desfilando e vendedores ambulantes trabalhando nas ruas da capital. Segundo a PBH, foram mais de 500 cortejos e quase 21 mil pessoas que fizeram credenciamento para trabalhar como vendedores ambulantes. O número é 30% maior do que na festa de 2023.

8 - Visibilidade nacional e internacional

O Carnaval de BH ganhou destaque até na imprensa internacional em 2024 e foi tema de um artigo da seção Travel do site da BBC. No texto, o repórter Jacob Mardell diz que, embora jovem, o carnaval da capital rapidamente se tornou um dos mais populares do país e hoje é o novo destino para quem quer curtir a folia.

O governo de Minas também investiu em propaganda para promover a folia belo-horizontina em outros estados.

“É um investimento que valeu para agora. Mas acho que é uma semente que se planta para colher no futuro, para cada vez ter mais gente. A matéria da BBC foi fantástica”, afirma Polly Paixão.

9 - Parque Municipal e Palácio da Liberdade

Outra estreia na folia deste ano foram festas no Parque Municipal e no Palácio da Liberdade durante o carnaval. O primeiro foi escolhido para receber o palco principal, já que a Praça da Estação está fechada para reformas. A decisão da PBH, porém, foi alvo de protestos de movimentos ligados aos direitos dos animais.

Já o Palácio da Liberdade se transformou no Palácio do Samba e contou com uma programação musical e gastronômica durante os dias de folia.

10 - Limpeza e segurança

Os blocos da limpeza e segurança também foram destaque no carnaval deste ano. O trabalho da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) foram alvo de elogios dos foliões e organizadores do Carnaval de BH.

A limpeza das ruas após os desfiles dos blocos e a sensação de segurança foram pontos destacados durante os dias de folia. Furtos e roubos de celulares, por exemplo, caíram em Minas.

“Dois órgãos que trabalharam muito bem: PM e SLU. A SLU fez um trabalho brilhante, excepcional. Queria parabenizar também a Polícia Militar, tivemos 40% menos violência no carnaval neste ano. Isso mostra uma polícia preparada e uma cidade que tem segurança atrai mais turistas”, afirmou Polly Paixão.