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Estado de Minas VACINAÇÃO

'Não será obrigatória e ponto final'; infectologistas repercutem falas de Bolsonaro sobre vacina contra COVID-19

Presidente afirmou nesta segunda-feira que a vacina contra a COVID-19 não vai ser obrigatória no país


19/10/2020 17:15 - atualizado 19/10/2020 18:25

Jair Bolsonaro afirmou que vacina contra a COVID-19 não vai ser obrigatória no país(foto: PixaBay/Reprodução)
Jair Bolsonaro afirmou que vacina contra a COVID-19 não vai ser obrigatória no país (foto: PixaBay/Reprodução)
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (19) para apoiadores que a vacina contra a COVID-19 não vai ser obrigatória no país. "O meu ministro da Saúde já disse claramente que não será obrigatória esta vacina e ponto final.” 

O jornal Estado de Minas, conversou com alguns infectologistas para compreender a necessidade da vacina no país.

Carlos Starling, médico infectologista(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Carlos Starling, médico infectologista (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
“Em uma pandemia como essa, a vacinação precisa ser feita. Isso porque o vírus afetou a vida de toda a sociedade. É claro que a compulsoriedade vai depender da qualidade da vacina, mas esse tipo de discussão nem cabe nesse momento, exatamente por isso. Não existe uma vacina ainda. Criar esse debate é fazer uma cortina de fumaça e não faz sentido”, disse o médico infectologista Carlos Starling, membro da Sociedade Mineira e Brasileira de Infectologia. 

De acordo com o médico, para começar a debater sobre o assunto é necessário saber a comprovação científica da imunização. “Falar que uma coisa é obrigatória ou não, quando ela sequer existe? É uma discussão desnecessária que deixa de reforçar o fundamental, que é uso de máscara, distanciamento social e cuidados com a higiene. É o que temos neste momento para nos proteger. É o que precisa ser valorizado.”
 
Para Starling, Bolsonaro tem contradições em seu discurso. “É tentar popularizar uma coisa que não serve para nada (cloroquina) e tentar polemizar em cima de uma que ainda não existe (vacina). O presidente tenta criar polêmicas com o objetivo de ocupar a imprensa e voltar a opinião pública em vez de focar em soluções. Tanto valorizar a cloroquina quanto polemizar em cima de uma vacina é criar cortinas de fumaça para evidenciar o negativismo, esconder as 153 mil mortes provocadas pelo vírus e uma das piores condições da pandemia no mundo”, diz.

Unaí Tupinambás, médico infectologista(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Unaí Tupinambás, médico infectologista (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Para o também médico infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia da COVID-19 montado pela prefeitura de Belo Horizonte, Unaí Tupinambás, não se pode “esperar nenhuma coerência do discurso de nosso presidente”. 

Isso porque, de acordo com ele, Bolsonaro não tenta buscar um consenso quanto a melhores evidências de enfrentamento da pandemia. “Infelizmente as escolhas que ele tem feito até aqui nos levou a essa tragédia humanitária e sanitária. Mais de 5 milhões de casos e mais de 150 mil pessoas já perderam a vida”, diz.

Segundo Tupinambás, a vacina é um tema “delicado e sensível” que deveria ser trabalhado com todo cuidado. 

“A princípio não deveria ser compulsório tomar a vacina. Os trabalhadores da saúde e da mídia terão papel fundamental no convencimento da população. Essa questão é de saúde pública, não uma questão individual.  Temos ferramentas potentes para construir esse convencimento e aceitação da população sem precisar de obrigar o seu uso. Essa possível obrigatoriedade pode gerar desconforto e desconfiança. Já estamos num ambiente muito dividido, principalmente devido à posição confusa das autoridades, precisamos construir juntos esse consenso, pelo menos nesta matéria”, explica.


Luana Mariano, médica infectologista(foto: Divulgação/)
Luana Mariano, médica infectologista (foto: Divulgação/)
A médica infectologista e mestra em saúde pública, Dr. Luana Mariano, concorda com a afirmação do médico. Para ela, a vacinação não pode ser compulsória mas para que isso aconteça, a população deve ser orientada sobre o assunto. “Em termos científicos é claro que é preciso que o maior número de pessoas tomem a vacina porque ela é um grande instrumento para atingir a imunidade de rebanho (quanto mais gente toma, mais gente está imunizada). Isso é importante porque aquelas pessoas que não podem tomar a vacina, seja por algum tipo de dificuldade com um componente da vacina ou por contra indicação, acabam sendo protegidas por tabela.”

De acordo com ela, em termos políticos, tornar a vacina obrigatória é um tema controverso. “Poucos países no mundo tornam a vacinação uma questão obrigatória. Nesses casos, não é necessário se tornar, porque já existe uma educação na população, que faz com que as pessoas entendam a importância da vacina e faz elas aderirem a vacinação.”

Questionada sobre um cenário onde a vacina não seria obrigatória, a médica enfatizou sobre a educação popular. “Educação, educação, educação e educação. Em um cenário de não obrigatoriedade, é necessária uma campanha de educação informativa nacional e massiva. Transparente e que fale a linguagem das pessoas. Que as pessoas consigam entender”, explica.


Comprovação científica


Durante o discurso, Bolsonaro chegou a falar sobre a comprovação científica da vacina. “Tem que ter. O país que está oferecendo essa vacina tem que, primeiro, vacinar em massa os seus, depois oferecer para outros países", afirmou o presidente.

De acordo com o presidente, a vacina, mesmo tendo a aprovação  necessária, não será obrigatória. "Da nossa parte, a vacinação, quando estiver em condições, depois de aprovada pelo Ministério da Saúde e com comprovação científica e, assim mesmo, ela tem que ser validada pela Anvisa, daí nós oferecemos ao Brasil, de forma gratuita, obviamente. Mas repito: não será obrigatória", disse Bolsonaro.

Apesar disso, vale relembrar que, durante a pandemia, o presidente fez propaganda da hidroxicloroquina. O medicamento não tem comprovação científica contra o novo coronavírus. Bolsonaro chegou até mesmo fazer lives tomando o remédio.

De acordo com o Ministério da Saúde, são 5.235.344 casos confirmados no Brasil e 153.905 mortos.


CoronaVac

A Coronavac, vacina em questão, foi criada pela chinesa Sinovac e será produzida em conjunto no Brasil pelo Instituto Butantan. O medicamento mostrou ser seguro em seu teste da chamada fase 3, último antes da aprovação, em 50 mil voluntários na China. 

A Sinovac testa seu imunizante em 10 países e a vacina já foi aprovada para vacinação emergencial no seu país de origem. 

Vacinação é obrigatória


De acordo com o Artigo 3º da Lei 13.979 para o  “enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus” poderão ser tomadas as seguintes medidas: isolamento e quarentena.

Determina também a realização compulsória de exames médicos, testes laboratoriais, coleta de amostras clínicas, vacinação e outras medidas profiláticas ou tratamentos médicos específicos.

*Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa

 

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:



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