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Estado de Minas CIÊNCIA

Retirada de testículos: estudo avalia ação da COVID na fertilidade do homem

Pesquisa desenvolvida em Belo Horizonte parte da análise do órgão em pacientes mortos, além da coleta de sêmen em infectados vivos, para observar danos à saúde


16/03/2021 18:26 - atualizado 16/03/2021 19:16

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Há muito o que se compreender sobre os impactos que a COVID-19 tem sobre o corpo humano, ainda mais a longo prazo. Problemas no sistema reprodutor masculino, por exemplo, podem ser uma das consequências negativas para a saúde de homens infectados com a doença. Estudo científico desenvolvido na Rede Mater Dei de Saúde, em Belo Horizonte, se relaciona ao tema. A pesquisa sobre a ligação entre a COVID-19 e a infertilidade masculina, parte da coleta de amostras de sêmen em pacientes vivos com a infecção, além da retirada de testículos em homens que morreram com a doença.

O estudo foi iniciado no meio de 2020, após aprovação junto ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Na análise sobre os pacientes que morreram, o objetivo é verificar quais são os tipos de danos ocasionados pela doença no órgão, e se, ainda após a morte, o patógeno continua presente.

Em pacientes vivos, o intuito é observar realmente se leva à infertilidade. É o que explica o coordenador do trabalho Marcelo Horta Furtado, urologista, coordenador do Departamento de Infertilidade Masculina da Sociedade Brasileira de Urologia, seção Minas Gerais (SBU-MG), médico especialista em infertilidade masculina da Rede Mater Dei de Saúde e na clínica MF Fertilidade Masculina.

Desde o princípio da pandemia em Wuhan, na China, um artigo científico baseado na avaliação de seis cadáveres já dava conta de que, em todos, havia danos aos testículos. E foi o que incentivou os médicos mineiros a pensarem em elaborar uma pesquisa semelhante por aqui.

É sabido que o novo coronavírus acomete diferentes sistemas do organismo humano, além do pulmão, continua Marcelo Horta. Pode afetar, por exemplo, como lembra o urologista, intestino, coração, rins. Agora, o estudo pretende avaliar como também pode comprometer os testículos, e há base científica para essa hipótese. "Na literatura médica, considera-se o testículo, muitas vezes, como santuários para vírus, como o que aconteceu no caso da zika ou para a caxumba, por exemplo. Uma outra hipótese viável seria de que, dessa maneira, também pode ser transmitido via relação sexual", esclarece.

O coronavírus tem propriedades que podem ocasionar a inflamação nos homens, no epidídimo (canal localizado na parte posterior dos testículos), chamada epididimite. Conforme experiência adquirida durante a epidemia de Sars-CoV-1, na Ásia, em 2002, cientistas descobriram que esse vírus entrava nas células ao se ligar a proteínas presentes em grande quantidade no sistema reprodutor masculino, as chamadas proteínas ACE2.

Conforme explica Marcelo Horta, o Sars-Cov-2, vírus causador da COVID-19, tem esse mesmo mecanismo - entra nas células do corpo humano ao se ligar a essas mesmas proteínas e chega aos testículos e epidídimo, causando a inflamação que se dá pela reação do corpo humano ao tentar combater o vírus dentro das células do sistema reprodutor, já que o organismo direciona mais sangue e células de defesa para o local.

A pesquisa na Rede Mater Dei de Saúde é realizada em conjunto com os departamentos de Virologia, Morfologia e Anatomia Patológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Até o momento, são nove cadáveres examinados em uma meta total de 10, e 12 pacientes vivos, em um total pretendido de 50.

No caso dos pacientes vivos, a coleta é feita entre o 15º e o 30º dia da infecção pelo coronavírus, sua fase mais aguda. A base do exame é o espermograma, com dosagem de hormônios, e a coleta deve ser feita, além da inicial, em outras duas oportunidades, após três e seis meses. A análise prevê a constatação de problemas futuros para a fertilidade masculina a curto e médio prazo.

A rede informou que, assim como em outras pesquisas científicas com seres humanos realizadas anteriormente, ou em andamento, "na Rede Mater Dei sempre há o consentimento da família e/ou do paciente, de acordo com a pesquisa realizada".

Em São Paulo

Conforme outro estudo, coordenado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), dos 26 pacientes com casos leves e moderados da COVID-19 que participaram da pesquisa, 42,3% deles apresentaram epididimite. Diretora da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Karin Anzolch, fala sobre a relevância do artigo intitulado Padrões radiológicos de epididimite incidental em pacientes com COVID-19 leve a moderado revelados por ultrassom Doppler colorido, para constatação de mais essa situação que pode estar relacionada à pandemia.

"Sabemos que o SARS-CoV-2 tem um comportamento potencialmente mais agressivo em homens e ainda se especula as causas disso. O estudo conduzido pelos colegas da USP é realmente muito interessante e traz um pouco mais de compreensão sobre essa infecção, especialmente no sexo masculino. A continuidade dessa linha de pesquisa pode nos confirmar a real incidência desses achados ou, mesmo, se haverá alguma repercussão futura em termos de fertilidade ou transmissão", afirma.

Sobre a epididimite

A inflamação do epidídimo também pode ser causada por bactérias, traumas, infecções sexualmente transmissíveis, infecção do trato urinário e demais vírus. Entre os sintomas, inchaço, febre, vermelhidão e dor, característicos de processo inflamatório, apesar de alguns casos poderem ser assintomáticos. Entre os riscos dessa disfunção, possibilidade de atrofia e redução do volume do testículo, formação de abscessos e possibilidade da infecção se generalizar e sair do testículo, atingindo a corrente sanguínea, além da infertilidade.

A epididimite pode ser identificada através de exames físico e de imagem, como ultrassom. O tratamento pode se dar com analgésicos e anti-inflamatórios, e aplicação de gelo no escroto e repouso. No caso das inflamações causadas por bactérias, a terapia mais indicada é com antibióticos específicos para cada infecção.

Quando há a presença de abscessos - bolsa de pus -, pode ser necessária a realização de cirurgias e drenagem da bolsa escrotal para eliminar o pus. Em casos mais raros, a retirada do testículo pode ser recomendada. Quando a causa é a infecção por COVID-19, haja vista a complexidade e novidade do quadro associado, o tratamento adequado ainda não é consenso, já que não existem medicamentos que combatam a infecção causada por esse tipo de vírus.

 

* Com informações de Jéssica Mayara

 

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas


 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


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