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Estado de Minas IMUNIZAÇÃO

Enquanto SP promete vacinar adultos até outubro, Minas não tem previsão

Minas Gerais e Belo Horizonte não fazem estimativa de data para concluir a cobertura vacinal. Especialistas avaliam riscos e benefícios em estabelecer prazos


02/06/2021 17:06 - atualizado 02/06/2021 18:27

Em Belo Horizonte, profissionais da educação são vacinados contra a COVID-19 nesta semana(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Em Belo Horizonte, profissionais da educação são vacinados contra a COVID-19 nesta semana (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A ansiedade pela imunização contra a COVID-19 só aumenta. Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) afirmou, nesta quarta-feira (2/6), que todos os brasileiros maiores de 18 anos residentes no estado receberão a primeira dose da vacina até o fim de outubro.

Minas Gerais, por sua vez, segue sem se comprometer com datas, já que depende do recebimento de novas remessas de imunizantes pelo Ministério da Saúde.

Especialistas em epidemiologia consultados pelo Estado de Minas avaliam risco em projeções.

No território mineiro, os grupos prioritários atualmente contemplados com a vacinação são:
  • trabalhadores do transporte aéreo e portuário;
  • pessoas com comorbidades;
  • grávidas e puérperas com comorbidades;
  • pessoas com deficiência permanente;
  • trabalhadores das forças de segurança e salvamento.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) orienta os municípios que já realizaram a vacinação dos grupos de pessoas com comorbidades – e que possuem doses direcionadas a esse grupo sobrando – que avancem na imunização de outros grupos prioritários.

“A ordem de vacinação dos respectivos grupos prioritários, bem como o quantitativo de doses para vacinação da população destinados a cada estado são definidos pelo Ministério da Saúde e divulgados a cada envio de remessa de imunizantes”, informou a pasta.

Capital mineira

Em Belo Horizonte, o posicionamento não é diferente. Questionada pela reportagem, a prefeitura informou que “só expande os grupos ou dá seguimento à aplicação da segunda dose, com vacinas suficientes para todas as pessoas pertencentes a esse grupo''.

Nessa terça-feira (1ª/06), iniciou-se a vacinação de trabalhadores do ensino fundamental. Nesta quarta (2/6), estão sendo vacinadas as pessoas com deficiência permanente e os trabalhadores do transporte aéreo que atuam na capital.

Nesta quinta-feira (3/6), serão imunizados os trabalhadores do ensino médio, profissionalizante e Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e na sexta-feira e sábado, os trabalhadores do ensino superior.

“É imprescindível que novas remessas de vacinas sejam entregues pelo Ministério da Saúde. A prefeitura reafirma a disponibilidade de pessoal e de todos os insumos necessários para a imediata continuidade do processo”, respondeu a Secretaria Municipal de Saúde.

Fazer ou não fazer previsões?

A estratégia de determinar uma data específica para vacinar a população não é necessariamente a ideal, avaliam especialistas consultados pela reportagem.

Marcar data para conclusão da campanha pode ser um tiro no pé. Isso porque para a campanha de imunização funcionar, muitos fatores precisam ser levados em conta, como, principalmente, a chegada de matéria-prima para a produção das vacinas.

O médico epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Lotufo, ironizou o anúncio de Doria. “Prazos, prazos, prazos... comprar a melhor corda no mercado para se enforcar”, comentou pelo Twitter.



“Não consigo avaliar como certo ou errado (a projeção de data para a campanha). O que eu sempre quis dizer é que essa história de apresentar prazo quando não se tem exatamente o controle da situação é muito ruim. Não tem como controlar a chegada dos insumos”, explicou Lotufo à reportagem do EM.

O especialista afirma que a expectativa da sociedade pode ser frustrada caso o prazo não se cumpra. “Acho arriscado soltar isso. A melhor coisa que tem é você trabalhar o mais rápido possível, acelerar da forma como pode”, acrescentou.

'Cenário dramático'

Na avaliação do infectologista, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Geraldo Cunha Cury, o único lado positivo em estabelecer uma data é pressionar politicamente o governo federal.

“A questão das vacinas é um cenário dramático. O Ministério da Saúde não contratou as vacinas no ano passado e hoje temos uma deficiência grande no número de vacinas. Sobre marcar para outubro, no meu ponto de vista, é positivo porque pressiona o governo federal. O que provocou a assinatura do contrato com Butantan foi a pressão. Então, é criar pressão política no Ministério da Saúde para providenciar as vacinas”, pontuou.

O médico ressalta que é necessário que não haja dificuldade em providenciar os insumos, como o “entrevero com a China”, pois dificulta ainda mais as previsões de vacinação para os estados e municípios.

Por conta da instabilidade na produção dos imunizantes, o especialista diz que prever data é um risco. “É prudente não prever. Só que do ponto de vista político é bom”, reforça.

“Em Belo Horizonte, não tem essa coisa de ficar prevendo, porque a dose não está aqui. No início da campanha, Minas estava muito lenta, depois entrou num ritmo possível. Digo possível, porque não é o adequado porque não tem vacina suficiente. É a primeira vez que vejo campanha de vacinação sem vacina”, critica o professor.

Feriado em casa

Com o ritmo atual de vacinação e tendo em vista também as flexibilizações do comércio, o infectologista não descarta a possibilidade de novos picos de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus.


“É uma pergunta que não tem resposta clara (a possibilidade de ‘terceira onda’). Existe a expectativa de doação de vacina dos Estados Unidos, ou a Pfizer disponibilizar mais vacinas, entre outras variáveis. Finalizar a primeira dose na população acima de 18 anos em outubro seria um horizonte adequado”, disse. 

O médico ressalta a situação crítica da pandemia, que voltou a pressionar os hospitais.

No Sul de Minas já tem mais de 90% de ocupação das UTIs, tudo fruto do efeito do Dia das Mães. A gente pede para as pessoas não se encontrarem, e se encontram. Temos um feriado neste fim de semana, qualquer alteração dos índices vai ser desastrosa, com pessoas morrendo à espera de leito de UTI. Esperamos que nesse feriado não aconteça o que aconteceu no Dia das Mães”, alerta Cury.


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