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Estado de Minas FLEXIBILIZAÇÃO DO COMÉRCIO

Reabertura de BH leva alívio à economia, mas risco de contaminações sobe

Capital reabre o comércio de produtos e serviços não essenciais hoje, diante de histórico de 14 flexibilizações. Desse total, infecção avançou em 8 períodos


22/04/2021 06:00 - atualizado 22/04/2021 08:27

Praça Sete em período de fechamento: liberação chega em momento de alta do contágio e da ocupação dos leitos hospitalares(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 29/3/21)
Praça Sete em período de fechamento: liberação chega em momento de alta do contágio e da ocupação dos leitos hospitalares (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 29/3/21)

Belo Horizonte começa hoje mais uma etapa de flexibilização das atividades do comércio e do setor de serviços,  a 21ª desde o início da pandemia da COVID-19. A maioria dos estabelecimentos, que estavam fechados desde 6 de março, volta à ativa. De um lado, o novo decreto de liberação significa respiro para a economia, mas, de outro, representa ameaça de nova onda de proliferação do coronavírus, principalmente  devido a possível elevação do número médio de transmissão por infectado, o chamado fator RT.

Desde que a prefeitura passou a informar diariamente a evolução do indicador, em agosto do ano passado, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) assinou 14 decretos de reaberturas de atividades econômicas. Alguns foram mais amplos e flexibilizaram grande parte do comércio. Outros visaram apenas a segmentos pontuais, como praças, cinemas e feiras. Das 14 reaberturas, oito resultaram em aumento da transmissão na cidade duas semanas após decretada a flexibilização, período médio estimado de incubação do vírus no corpo do ser humano.

Desses decretos, dois foram bastantes amplos, assim como o que começa a vigorar hoje. Em 6 de agosto do ano passado, a prefeitura reabriu o comércio varejista, assim como salões de beleza, shoppings e galerias. O RT estava em 0,89 naquela data, estágio controlado do indicador, fase assim classificada quando está abaixo da pontuação 1. Porém, duas semanas depois, o indicador pulou para 1,01 e entrou no nível de alerta.

Em 1º de fevereiro deste ano, o Executivo municipal também reabriu a maioria das atividades da cidade, após o fechamento motivado pelas festas de fim de ano e das viagens de férias. Naquela ocasião, a taxa de transmissão estava em 0,9, no cenário controlado. O RT permaneceu na mesma escala 14 dias depois, mas, novamente, sofreu elevação, a 0,95.

Para o infectologista Geraldo Cunha Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esses dados enfatizam que a contribuição da população de Belo Horizonte é fundamental para impedir nova explosão de casos de contaminação pelo coronavírus. O colapso do sistema de saúde no fim de março ocorreu justamente na esteira da maior taxa de transmissão da história da cidade, computada duas semanas antes, no dia 15, de 1,28, dentro do nível crítico.

“Esse aumento do RT, quando você faz a reabertura tende a acontecer. Mas, quanto ele vai aumentar depende de nós, da população do município. Se nos conscientizarmos da importância do uso de máscara e de se evitar aglomerações, vamos evitar um novo fechamento da cidade”, afirma o especialista da UFMG.

Segundo Geraldo Cury, parte da população de BH, e do Brasil em geral, continua agindo de maneira irresponsável porque não perdeu familiares para a COVID-19. “Estamos falando de 380 mil mortos por uma virose que podemos evitar a proliferação. BH foi a capital que melhor administrou a situação, mas o isolamento continua a nossa única alternativa, já que a vacinação está muito lenta porque o governo (federal) não comprou as doses no ano passado”, diz.

Em alta


Durante o período em que permaneceu fechada, a capital mineira registrou um mês consecutivo com a transmissão do coronavírus estável ou em queda. Entre 16 de março e o último dia 16, a prefeitura não contabilizou sequer um aumento no índice. Porém, o cenário mudou nos últimos dois boletins, nos quais o RT apresentou duas elevação, atingindo 0,92. Significa que a cada 100 pessoas infectadas pelo coronavírus na capital mineira, em média, outras 92 se tornam vítimas da pandemia. Apesar do crescimento recente, a estatística continua na zona controlada da escala de classificação de risco do indicado.

O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, foi questionado pela imprensa sobre o fato de a reabertura da cidade está ocorrendo justamente em período de alta da transmissão do vírus. Jornalistas fizeram a pergunta na coletiva da prefeitura que anunciou a flexibilização na segunda-feira.

"Se nos conscientizarmos da importância do uso da máscara e de evitar aglomeração, vamos evitar um novo fechamento da cidade"

Geraldo Cunha Cury, infectologista da UFMG



“Todos os indicadores nos levam no sentido da queda. Não há incoerência alguma. O que a gente usa é o RT médio dos últimos sete dias. Desde que ele esteja abaixo de 1, a gente está confortável. O que interessa é ele estar abaixo de 1”, afirmou o secretário Jackson Machado Pinto. Também na entrevista, o chefe da Saúde de BH disse que a média de sepultamentos caiu de 77 para 27 em BH na segunda-feira, em comparação às semanas anteriores.

Outro indicador fundamental, a ocupação geral, nas redes do Sistema Único de Saúde (SUS) e suplementar, dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) aumentou de 81,1% para 83,1%. Portanto, a estatística continua na zona crítica de risco, acima dos 70%. Essa situação persiste desde o levantamento de 1º de março. Já a taxa de uso global dos equipemantos das enfermarias subiu de 58,9% para 59,1%, ainda assim permanecendo na fase intermediária, entre 50 e 70 pontos porcentuais.

Belo Horizonte registrou mais 46 óbitos pela COVID-19 em seu último boletim relativo a` terça-feira. Com essas notificações, a cidade soma 3.979 vidas perdidas para a virose.  O número de diagnósticos cresceu em 1.578 registros. A capital mineira computa 156.396 pessoas recuperadas e 5.812 ainda em acompanhamento.


Ritmo do contágio


Evolução da transmissão do coronavírus após flexibilizações do comércio em BH

6 de agosto de 2020

O QUE FOI REABERTO
Comércio varejista e atacadista; salões de beleza; shoppings e galerias e drive-in

Fator RT: 0,89 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (20/8): 1,01 (estágio de alerta)

24 de agosto

O QUE FOI REABERTO
Parques públicos; bares, restaurantes e lanchonetes

Fator RT: 0,96 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (5/9): 0,98 (estágio controlado)

31 de agosto

O QUE FOI REABERTO
Academias de ginástica e clínicas de estética

Fator RT: 0,98 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (14/9): 0,91 (estágio controlado)

4 de setembro

O QUE FOI REABERTO
Bares e restaurantes com venda de bebidas alcoólicas

Fator RT: 0,98
Fator RT após janela de incubação (18/9): 0,99

19 de setembro

O QUE FOI REABERTO
Clubes e extensão no horário de funcionamento dos bares e restaurantes

Fator RT: 0,99 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (02/10): 0,94 (estágio controlado)

23 de setembro

O QUE FOI REABERTO
Feiras permanentes

Fator RT: 1,01 (estágio de alerta)
Fator RT após janela de incubação (08/10): 1,06 (estágio de alerta)

6 de outubro

O QUE FOI REABERTO
Comércio de bebidas alcoólicas de segunda-feira a domingo com horários restritos

Fator RT: 1,05 (estágio de alerta)
Fator RT após janela de incubação (20/10): 0,92 (estágio controlado)
 
10 de outubro

O QUE FOI REABERTO
Museus e galerias de arte

Fator RT: 1,06 (estágio de alerta)
Fator RT após janela de incubação (24/10): 0,91 (estágio controlado)

31 de outubro

O QUE FOI REABERTO
Cinemas

Fator RT: 0,91 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (14/11): 1,08 (estágio de alerta)

25 de novembro

O QUE FOI REABERTO
Comércio abre aos domingos para campanha de liquidação Black November

Fator RT: 1,08 (estágio de alerta)
Fator RT após janela de incubação (9/12): 1,06 (estágio de alerta)

18 de dezembro

O QUE FOI REABERTO
Comércio, atendendo a compras de Natal

Fator RT: 1,11 (estágio de alerta)
Fator RT após janela de incubação (4/1): 1,06 (estágio de alerta)

1º de fevereiro de 2021

O QUE FOI REABERTO
Liberação do comércio em geral

Fator RT: 0,9 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (15/2): 0,95 (estágio controlado)

8 de fevereiro

O QUE FOI REABERTO
Liberação da venda de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes

Fator RT: 0,9 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (22/2): 0,94 (estágio controlado)

18 de fevereiro

O QUE FOI REABERTO
Parques temáticos e música ao vivo em bares

Fator RT: 0,95 (estágio controlado)
Fator RT após janela de incubação (4/3): 1,18 (estágio de alerta)



Perigoso caminho para as mutações


Para conter a transmissão do vírus no transporte público, BH terá 8 novas linhas de ônibus temporárias(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A - 15/3/21)
Para conter a transmissão do vírus no transporte público, BH terá 8 novas linhas de ônibus temporárias (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A - 15/3/21)
A intensa proliferação do coronavírus não resulta só no aumento de casos da COVID-19, desde os mais brandos até os graves. Também significa uma oportunidade para que o micro-organismo causador da COVID-19 sofra transformações que o deixem mais perigoso para o ser humano, colocando até mesmo a efetividade das vacinas em risco.

O mundo identificou três variantes de maior destaque: as surgidas na África do Sul, no Reino Unido e no Brasil, em Manaus (AM). Em Belo Horizonte, a UFMG detectou uma nova cepa no último dia 7, mas ainda há poucas respostas para os riscos provocados por ela. Um novo subtipo do vírus pode interferir na maior transmissibilidade do coronavírus e na ampliação da gravidade da doença.

São necessárias pesquisas mais aprofundadas por parte da ciência, como ressalta o infectologista da UFMG Geraldo Cunha Cury. “Toda cepa tem alguma influência, dependendo de suas propriedades. Temos algumas que passam pra muita gente com facilidade. Sobre a gravidade, ainda é cedo pra dizer. Não há conclusão sobre isso”, diz.

As variantes que predominam são aquelas que conseguem infectar muitas pessoas. “É uma competição entre os diferentes tipos de vírus, o que é fruto do descontrole na proliferação do vírus e na falta de vacina”, completa o especialista.

Essas mudanças do vírus requerem ainda mais contribuição da população no combate à pandemia. Nas últimas semanas, diversos especialistas que conversaram com o Estado de Minas vêm ressaltado a mudança de perfil na internação de pacientes graves em BH: saem os mais velhos, que já estão em sua maioria imunizados contra a COVID-19, e entram os mais jovens.

Essa alteração tem influência das novas variantes, segundo Geraldo Cury. As aglomerações clandestinas aumentaram em um momento no qual parte da população está cansada do isolamento, apesar de isso não ser desculpa para a irresponsabilidade frente à necessidade de proteção coletiva contra o vírus, ressalta o infectologista.

Transporte público


A reabertura das atividades comerciais também significa um aumento nos usuários do transporte público, um dos vilões da transmissão do coronavírus nas grandes cidades brasileiras. Nesta flexibilização, a Prefeitura de BH traz uma novidade em relação às demais. Foram abertas oito linhas de ônibus temporárias para atender a população que se desloca dos bairros para o Centro da cidade.

Segundo a BHTrans – Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte, 11 bairros serão atendidos pelas novas linhas: seis em Venda Nova (Céu Azul, Rio Branco, Jardim Leblon, Mantiqueira, Nova York e Jardim dos Comerciários) e dois no Barreiro (Águas Claras e Vila Pinho), além de Monte Azul (Norte) e Conjunto Paulo VI (Nordeste). Serão 34 viagens diárias e diretas dos bairros para o Centro de BH, entre 4h e 7h50. Portanto, essas novas linhas não vão parar nas estações de integração e também não vão atender a população no retorno para casa, no pico do fim da tarde e do início da noite.

Assim, dentro dos bairros, os coletivos vão ter o mesmo itinerário das linhas alimentadoras dessas localidades. Depois, já seguem diretamente para o Hipercentro, com três paradas: na Avenida Amazonas e nas ruas São Paulo e Caetés. A tarifa será de R$ 4,50, com o desconto normal quando há integração com o metrô.

“Essa atitude é muito louvável da prefeitura. É verdade que tem muita gente que se infecta por irresponsabilidade, mas também tem quem está exposto por necessidade de trabalhar. O problema também é do estado, afinal os ônibus metropolitanos também andam lotados”, afirma o infectologista Geraldo Cunha Cury. (GR)

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:





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