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Estado de Minas PANDEMIA

Liderança confirma mais seis casos de COVID-19 entre indígenas em BH

Pataxós-hã-hã-hães que moram na periferia da capital totalizam oito casos da doença e aguardam novos resultados


18/07/2020 17:37 - atualizado 18/07/2020 18:07

Ãngohó foi infectada pelo coronavírus, ficou três dias internada e agora está em casa. (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Ãngohó foi infectada pelo coronavírus, ficou três dias internada e agora está em casa. (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Liderança dos pataxó-hã-hã-hães e mulher do cacique Hayó, Ãngohó confirmou neste sábado (18) mais seis casos de COVID-19 entre os indígenas que atualmente estão morando na periferia de Belo Horizonte, totalizando oito infectados, entre eles um menino de 2 anos. O grupo aguarda novos resultados na segunda-feira (20) e número deve crescer. 

''O que a gente tinha mais medo infelizmente aconteceu. Seis pessoas já testaram positivo, inclusive uma criança. É muito triste o que estamos vivendo aqui, mas a gente crê que é possível sair dessa'', comentou a líder. 

Ela e Hayó testaram positivo para a doença há duas semanas. Depois de ficarem três dias internados, os dois já estão em casa e não apresentam falta de ar, apesar de outros sintomas da doença persistirem. 

''Estamos muito preocupados e desesperados. Tememos pela vida do nosso povo. Hoje estamos fora da nossa aldeia devido a contaminação da área em que morávamos, por isso não podemos fazer os nossos rituais, nossas crianças estão adoecendo, pedindo para ir para o rio. Estamos sem poder plantar, porque vivemos da terra; sem poder pescar e fazer os nossos rituais sagrados que tanto nos fortalecem'', lamenta.

As famílias, que viveram por três anos e meio na aldeia pataxó-hã-hã-hãe Naô Xohã, em São Joaquim de Bicas, no Vale do Rio Paraopeba, deixaram a região no início de 2020 em decorrência de conflitos internos posteriores ao rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, em janeiro de 2019, na vizinha Brumadinho.

Desde 27 de abril de 2019, o povo hã-hã-hãe recebe ajuda emergencial mensal da Vale, mineradora responsável pela estrutura que se rompeu: um salário mínimo por adulto, R$ 500 por adolescente e R$ 250 por criança. 

A situação do grupo, no entanto, se agravou depois da pandemia. Aos deixar São Joaquim de Bicas, os pataxós-hã-hã-hães se dividiram em três locais: 13 famílias se mudaram para uma comunidade no Bairro Jardim Vitória, Região Nordeste da capital mineira; três para Ibirité, na Grande BH; e sete famílias foram para casas de parentes em Coroa Vermelha, no Sul da Bahia. Ao todo, a aldeia conta com 122 pessoas

''A situação do grupo que mora na Periferia de BH é delicada porque moram três, quatro famílias no mesmo barracão. Diante do isolamento social, com todos em casa, se um é infectado, é muito provável que os outros também sejam'', analisa Cândida Vianna, membro do Grupo de Apoio aos Pataxós-Hã-hã- hãe Katurãma da Articulação Eu Luto Brumadinho Vive.

''Hoje eles vivem uma situação precária não só pela exposição à COVID-19, mas porque estão fora de seu local de poder e força. Toda a cultura deles está na proximidade com a mata e com a terra. Eles não são indígenas urbanos e, por isso, sentem muita falta do rio e a vida na cidade os impede de fazer os tradicionais rituais, colocando-os numa fragilidade ainda maior, principalmente nesse momento de adoecimento'', completa. 

A liderança pataxó-hã-hã-hães tem recomendado o isolamento às famílias, mas a precariedade das casas onde eles estão instalados impede ações mais efetivas, como isolar os infectados. ''Estamos aguardando o resultado dos exames do resto do nosso pessoal, sem otimismo'', afirma Ãngohó.
 

Plano de emergência


Por meio de sua assessoria, a Vale informou, em nota, que uma equipe multidisciplinar de saúde foi contratada para o diagnóstico e atendimentos emergenciais para os grupos indígenas. Com o início da pandemia, foi implementado um Plano de Contingência para COVID-19, com orientações sobre o enfrentamento da doença, atendimento psicológico remoto, monitoramento diário dos sintomas por meio de plataformas virtuais e contatos telefônicos e apoio no contato com os serviços de saúde municipal e estadual, ao sinal de qualquer caso suspeito.
 
A empresa informa que equipe de saúde contratada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de São Joaquim de Bicas promoveu vacinação do grupo contra gripe, a fim de proteger os indígenas e afastar sintomas que possam ser confundidos com o novo coronavírus.
 
Sobre a questão fundiária, a mineradora esclarece que conforme termo assinado com o Ministério Público Federal, Funai e lideranças indígenas da aldeia, contratará uma consultoria independente, que será responsável pelo diagnóstico socioeconômico e a avaliação dos impactos do rompimento da barragem sobre essa comunidade, a fim de criar um plano efetivo de reparação. A contratação da consultoria está em andamento, sob a condução do MPF e Funai.
 

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp



Como a COVID-19 é transmitida?


A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?



Como se prevenir?


A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê



Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

Vídeo explica porque você deve aprender a tossir



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Mitos e verdades sobre o vírus


Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 
 
 


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