MUITO LIXO NAS CALHAS

Vistoria no João XXIII define que limpeza nas calhas deve ser intensificada

Análise foi feita quatro dias depois de episódio de alagamentos dentro da unidade hospitalar, durante o temporal de domingo (23/11)

Publicidade
Carregando...

Uma vistoria realizada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) em conjunto com as Defesas Civis de Belo Horizonte e Minas Gerais, nesta quinta-feira (27/11), constatou que o Hospital João XXIII, no Centro da capital, não tem irregularidades urgentes a serem resolvidas no âmbito estrutural, mas deve seguir recomendações referentes a limpeza de calhas e melhorias do sistema de vazão de água de chuva. 

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O ESTADO DE MINAS NO Google Discover Icon Google Discover SIGA O EM NO Google Discover Icon Google Discover

O processo técnico foi feito a pedido da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), um dia após um registro de fortes chuvas na cidade que gerou alagamentos dentro do edifício. No meio ao caos, funcionários da unidade recorreram ao uso de sacos de lixo e sombrinhas para proteger os pacientes. A previsão é que as medidas técnicas sejam adotadas até o fim de 2025.

No âmbito dos bombeiros, a vistoria foi dividida em dois eixos: análise em risco de incêndio e pânico e vistoria operacional. De acordo com o tenente Henrique Barcellos, porta-voz do CBMMG, uma análise do setor técnico definiu que não havia necessidade da realização do primeiro. Isto porque o complexo hospitalar está com o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) em dia e todas as medidas funcionais e atualizadas.

Em relação ao segundo eixo, Barcellos explicou que equipes de batalhão analisaram possíveis riscos de desabamento e colapso, em uma vistoria que também se faz rotineira em períodos chuvosos. A análise corporação, desta vez, verificou que não há risco iminente das estruturas do João XXIII. "Analisamos questões como drenagem de água de chuva e entrada de água por tubulações, e nenhuma situação configurou risco iminente por parte dos bombeiros", explicou o porta-voz.

Caso fossem confirmadas características de risco, a corporação optaria pela determinação de interdições e evacuações para que pudessem ser realizados reparos na logística. No entanto, conforme explicado por Barcellos, as determinações não se fizeram necessárias.

A análise da Defesa Civil municipal foi similar. De acordo com o órgão, a direção do hospital informou que já havia feito uma avaliação que identificou que o alagamento foi ocasionado pelo grande volume de chuva, associado ao entupimento de calhas por folhas e resíduos, o que provocou transbordamento e infiltrações internas.

A Defesa Civil de BH emitiu uma notificação que determina a adoção de recomendações apontadas na avaliação como o reforço da limpeza das calhas, instalação de telas de proteção para evitar obstruções, melhoria do sistema de vazão das águas pluviais e ações de conscientização quanto ao descarte correto de resíduos. 

Modificações agendadas

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) esclareceu que os alagamentos do último fim de semana foram decorrentes de combinações meteorológicas atípicas e alta quantidade de lixo descartado incorretamente pelas janelas da unidade. Para evitar situações similares, esclareceu que, juntamente do Governo de Minas, adotará medidas recomendadas pela Defesa Civil até o final do ano. 

De acordo com a gestão, ações preventivas de limpeza e manutenção são realizadas rigorosa e rotineiramente, contemplando as áreas internas e externas do hospital, incluindo o sistema pluvial, composto por calhas, ralos e marquises, que tem manutenção intensificada em época chuvosa. Conforme a Fhemig, a última inspeção preventiva foi feita na terça-feira anterior (18/11), cinco dias antes do episódio.

“Para atender eventuais situações atípicas, a empresa de limpeza mantém equipe de plantão 24 horas por dia, preparada para acionamentos de urgência, como ocorreu no último domingo. A equipe técnica realizou os procedimentos corretivos, restabelecendo a capacidade de drenagem da cobertura. Todas as ações foram concluídas de forma rápida e eficiente, restabelecendo a normalidade ainda no domingo”, esclareceu. 

Ainda de acordo com a Fundação, apesar da manutenção em dia, a equipe técnica encontrou nas calhas garrafas PET, copos descartáveis, embalagens plásticas e de papelão, o que comprometeu o funcionamento do sistema de drenagem e agravou o risco de extravasamento durante dias com chuvas intensas.

Com isso, foi estabelecido que serão adotadas medidas em relação aos usuários do hospital, limpeza das calhas e retenção de sólidos. Serão elas:

  1. Realização de ações semanais internas para orientação de usuários da unidade hospitalar sobre o descarte correto do lixo

  2. Intensificação da limpeza do telhado e de calhas em intervalos menores

  3. Aquisição e instalação de telas ou filtros removíveis nos pontos de captação, de modo a reter sólidos sem o comprometimento da vazão

Vistoria urgente

A visita foi realizada perante a solicitação da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). Para ela, fazia-se “imprescindível e urgente a implementação de medidas para assegurar a segurança, vida, integridade física e saúde dos pacientes e seus acompanhantes, tais como os profissionais e pessoas que transitam diariamente” no Hospital João XXIII. 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

A preocupação era que o alagamento possa ter causado danos aos equipamentos do hospital, como máquinas de ultrassom, raio-x e em setores importantes, como o bloco cirúrgico e a unidade de emergência. No entanto, a Fhemig foi questionada quanto às máquinas e afirmou que nenhum equipamento sofreu danos.

Denúncias

Em relatório entregue nessa quinta-feira à Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que descreve uma visita técnica da Comissão de Saúde aos Hospitais Maria Amélia Lins (HMAL) e João XXIII (HJXXIII), solicitada pela deputada federal Ana Pimentel (PT), autorizada pela Presidência da Câmara dos Deputados e realizada em maio deste ano, foi descrito que tanto funcionários quanto pacientes do HJXXIII denunciam superlotação depois da transferência de cirurgias do HMAL, demora na marcação de cirurgias e falta de ambientes adequados para os servidores. 

Segundo o Diretor de Urgência e Emergência das duas unidades visitadas, Fabrício Giarola, a transferência de cirurgias causou a redução da taxa de condições adquiridas e o tempo de permanência no HJXXIII, sem causar sobrecarga nos atendimentos. 

De acordo com Giarola, o HMAL funciona como retaguarda do HJXXIII e o elevado percentual de cancelamentos de cirurgias deve-se ao fato de que há falta de anestesiologistas. Conforme repassado por ele à comissão, um concurso público recente da Fhemig não conseguiu empossar servidores o suficiente para suprir a demanda e não há a possibilidade de exceder o limite de gastos com servidores públicos. 

No entanto, a comissão da visita técnica recebeu relatos e denúncias que alegam sobrecargas dos servidores, que causam adoecimento; falta de estrutura física, banheiros e salas de descanso para os servidores e demora na marcação de cirurgia.

Para a Deputada Ana Pimentel, “foi possível perceber um esforço deliberado para mostrar um hospital que não condiz com o relato dos pacientes e trabalhadores”. A deputada destacou que este cenário é gravíssimo para o atendimento de urgência e emergência de Belo Horizonte, o que impacta todo o estado de Minas Gerais. Conforme relatado, a deputada considera que a Fhemig não conseguiu comprovar, por meio de dados, que o fechamento do HMAL e a transferência para o HJXXIII não tenha causado impactos negativos na assistência.

Visita técnica

Ao final da tarde desta quinta-feira (27/11), a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) e a Comissão de Direitos Humanos fazem uma visita técnica na unidade hospitalar. Segundo a assessoria da deputada, o objetivo é verificar e documentar as condições de funcionamento da unidade, diante de denúncias de precarização dos serviços de saúde, sobrecarga de atendimentos e risco à integridade das pessoas que dependem do serviço público de emergência.

Além de verificar as condições da unidade, serão considerados eventuais impactos diretos da transferência de pacientes de alta complexidade do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) ao João XXIII e uma possível terceirização da administração do HMAL. Iniciada às 17h30, ainda não há informações sobre os resultados da inspeção. 

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay