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Estado de Minas ENTREVISTA

COVID: ganhadores do Nobel de Medicina avaliam pandemia e criticam o Brasil

Norte-americanos Charles M. Rice e Harvey Alter foram agraciados com o Nobel de Medicina por terem ajudado na descoberta do vírus da hepatite C


19/04/2021 10:17

(foto: AFP / Jonathan NACKSTRAND)
(foto: AFP / Jonathan NACKSTRAND)
Em entrevista exclusiva ao jornal Correio Braziliense, três cientistas laureados com o Prêmio Nobel de Medicina advertiram que o uso de máscaras, o distanciamento social e a frequente higiene das mãos, combinados com a vacinação, são as únicas medidas capazes de deter a pandemia da COVID-19. O australiano Peter C. Doherty, 80 anos, professor do Departamento de Imunologia e Microbiologia da Universidade de Melbourne, ganhou o renomado prêmio em 1996, por ter provado, 23 anos antes, como o sistema imunológico reconhece as células infectadas por vírus.

Os norte-americanos Charles M. Rice, 68, da Universidade Rockefeller (Nova York), e Harvey Alter, 85, foram agraciados com o Nobel de Medicina em 2020 por terem ajudado na descoberta do vírus da hepatite C. Rice foi enfático ao citar diretamente o governo do Brasil como o responsável por milhares de mortes evitáveis durante a pandemia da COVID-19.

Como o senhor vê o padrão da pandemia da COVID-19? Alguns países, especialmente o Brasil e a Índia, assistem a um aumento no número de infecções e de mortes...

Peter C. Doherty: A expectativa tem sido a de que a "imunidade de rebanho", devido a uma infecção anterior e/ou à vacinação, ocorrerá quando cerca de 70% da população tiver algum tipo de anticorpo contra o Sars-CoV-2. As boas vacinas podem dar melhor proteção do que uma infecção anterior, mas algumas das vacinas que estão por aí podem não ser muito úteis. E isso sem levar em conta a eficácia da vacina em face das cepas mutantes que estão emergindo. Do jeito que as coisas estão, a maioria dos países onde o vírus circula ainda tem um grande número de pessoas vulneráveis. Nesse caso, a prevenção permanece sendo o distanciamento social e as máscaras.

Charles M. Rice: A maior parte dos países, em maior ou menor grau, vê ondas alternativas de picos pandêmicos pontuadas por medidas sanitárias para interromper a disseminação do vírus. Essas medidas (cobertura facial e distanciamento social) funcionam, mas as pessoas, incluindo os governantes, falham em abraçar esse comportamentos simples. Quando uma ampla fração de uma população não está imunizada o vírus continua a circular. Este é um vírus respiratório muito contagioso.

Harvey Alter: É minha opinião que a negação precoce e contínua da gravidade da COVID-19, o não uso de máscaras, o desrespeito ao distanciamento social e a não aceitação de vacinas resultaram em centenas de milhares de mortes evitáveis de outra forma. Isolamento, proteção facial e vacinas, combinados, são muito eficazes e o único caminho para acabar com esta pandemia

O que é necessário para combater a pandemia e como o senhor vê o comportamento de países como o Brasil, cujo governo nega a doença, rejeita o distanciamento social e não vê a vacina como prioridade?

Peter C. Doherty: O Brasil tem feito um tipo de "experimento" em saúde pública, e não vejo ninguém que gostaria de imitar seu exemplo. Sabemos que o que funciona para limitar a disseminação da COVID-19 inclui distanciamento social, lockdown e máscaras. Eu esperava que algumas regiões do Brasil se aproximassem dos 70% de infectados e que veríamos alguma evidência da imunidade de rebanho, mas não sei se isso está ocorrendo.

Para acabar com a pandemia, ainda há um enorme número de pessoas em todo o planeta que não foram infectadas, além de pouco ou nenhum acesso a boas vacinas. Não há evidências de que o Sars-CoV-2 repita o que ocorre com o vírus da influenza (gripe) e se torne menos virulento com as mutações. Estamos nisso há um longo período e precisamos agir corretamente.

Charles M. Rice: Acho que a crença na ciência e a implementação de políticas inteligentes são fundamentais. É óbvio que harmonizar tais respostas por estado, país e globalmente seria mais eficiente. Na minha visão, e na de muitos outros especialistas, as resposta politizadas e não entusiasmadas do governo do Brasil e da gestão anterior nos Estados Unidos (Donald Trump) são diretamente responsáveis por centenas de milhares de mortes desnecessárias.

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


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