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Estado de Minas COVID-19

Especialistas têm esperança na vacinação para acabar com a pandemia em 2022

Os números não mentem e provam a eficácia da vacinação contra o coronavírus. Especialistas esperam que o avanço continue para termos um 2022 mais ameno


01/01/2022 06:00 - atualizado 01/01/2022 07:39

Mulher tomando vacina
Quanto mais vacinados, mais restrita será a circulação do vírus (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

 
O que passou ficou para trás. Depois de dois anos interrompidos pela tragédia de um vírus que ceifou a vida de mais de 5 milhões de pessoas pelo mundo, é 2022 que se encarrega de realizar o desejo latente de que a pandemia chegue ao fim. Desde março de 2020, o Brasil enterrou pelo menos 618 mil pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. Número de um passado triste que passou a ser confrontado com o avanço da vacinação. Hoje, são 143 milhões de brasileiros imunizados com duas doses ou dose única, o que equivale a 67,19% de protegidos. Para se ter ideia da efetividade vacinal, em 30 de dezembro de 2020, a média móvel de óbitos no país era 668. Já em 30 de dezembro de 2021, o número caiu para 114.
 
Os dados ficam ainda mais confortáveis quando ampliados. Em Minas Gerais, onde 56 mil pessoas morreram com COVID-19, mais de 15 milhões estão totalmente imunizadas (71,68% da população do estado). Em Belo Horizonte, a cidade dá um show de exemplo: são 86,4% de vacinados com a 2ª dose e dose única. Percentual que tende a crescer para impedir mais mortes, como as 7 mil vidas perdidas para a doença na capital.
 
Para entender em que momento estamos e quais as perspectivas do cenário epidemiológico para este ano que se inicia hoje, a reportagem do Estado de Minas perguntou a especialistas que lidaram exaustivamente com a COVID-19 ao longo deste período: é possível ter esperança em 2022?

A principal resposta positiva não tem segredo: a vacinação em massa. Quanto mais vacinados, mais restrita será a circulação do vírus e, consequentemente, menos pessoas serão hospitalizadas e mortas pela doença respiratória – como tem comprovado os dados desde o início da campanha de imunização. Por outro lado, médicos e cientistas apontam que a esperança pode ser barrada por um fator político: a falta de boa vontade do governo federal em disponibilizar e incentivar imunizantes para toda população brasileira. Desta forma, está na mão de cada um – ou melhor, no braço de cada um – a responsabilidade de fazer 2022 um ano mais tranquilo e mais saudável. 
 
Carlos Starling Infectologista
Carlos Starling Infectologista integrante do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 em BH (foto: Divulgação)
 
 
CARLOS STARLING
Infectologista integrante do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 em BH

“Sem dúvida a disponibilização das diferentes vacinas contra a COVID-19 fizeram toda a diferença na evolução da pandemia. Certamente as vacinas ainda vão avançar muito nos próximos anos e nós vamos sim ter uma grande possibilidade de controle com esses insumos. Além das vacinas, tivemos medicamentos que atuam na fase inicial da doença e alguns outros que atuam nas fases mais tardias, em pacientes mais graves. Ou seja, temos métodos de prevenção adequados. Foram avanços fantásticos. Além da comprovação de que os métodos não-farmacológicos (máscara, limpeza, distanciamento) são altamente efetivos. E é esse grande pacote que nos dá esperança para 2022. Que essas estratégias de tratamento e prevenção sejam cada vez mais acessíveis para todas as pessoas nas diferentes regiões desse país. Certamente todas essas estratégias ao longo desse período, portanto, temos sim uma belíssima perspectiva. Por enquanto, temos que manter todos os cuidados que conhecemos como eficazes, distanciamento social, evitar aglomerações, uso de máscaras de boa qualidade e higienização de mãos, isso que nos dá esperança para 2022.”

Paulo Lotufo Médico epidemiologista
Paulo Lotufo Médico epidemiologista e professor de medicina da Universidade de São Paulo (USP) (foto: Divulgação)


PAULO LOTUFO
Médico epidemiologista e professor de medicina da Universidade de São Paulo (USP)

“O maior avanço que tivemos foi produzir várias vacinas efetivas em curto prazo, incluindo os ensaios clínicos. O segundo foi avaliar rapidamente os melhores tratamentos para a doença. No geral, o aprendizado da necessidade de ações coletivas na prevenção e no atendimento da doença. O negativo foi o pouco uso de instrumentais básicos da epidemiologia em saúde pública, nos países ocidentais, como detecção de caso e procura de contactantes dos casos índices. Dois mil e vinte e dois poderá ser mais tranquilo por causa da imunização em massa, mas no Brasil o governo Bolsonaro irá dinamitar ainda mais o que existe de estado de bem estar social, incluindo o Sistema Único de Saúde (SUS).” 
 
Julio Croda Médico Infectologista
Julio Croda Médico Infectologista, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) (foto: Divulgação)
 
 
JULIO CRODA
Médico Infectologista, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

“É possível ter esperança em 2022 porque nós vamos continuar avançando na vacinação. Apesar de toda dificuldade de comunicação do governo federal, existe uma pressão muito grande que se oferte as doses de reforço. Em concomitância, o governo não terá outra alternativa senão adquirir vacinas para as crianças. Provavelmente teremos vacinas que poderão ser ofertadas para todas as idades. Com o avanço da vacinação e aumento das pessoas imunizadas, cada vez mais teremos controle, principalmente das formas graves da doença. A gente vai reduzir e prevenir hospitalizações e óbitos. O caos vai ficar no passado, um passado que foi difícil, doloroso, mas que graças à vacina temos esperança de um 2022 muito melhor com essa adesão em massa da população. É o nosso grande trunfo no combate à COVID. A gente já conseguiu prevenir o impacto da Delta e se a gente avançar mais na vacinação também vai prevenir o impacto da Ômicron aqui no país justamente porque estamos conseguindo vacinar grande parte da população.”
 
Gonzalo Vecina Neto Médico sanitarista
Gonzalo Vecina Neto Médico sanitarista, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e do mestrado profissional da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) (foto: Divulgação)
 
 
GONZALO VECINA NETO
Médico sanitarista, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e do mestrado profissional da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP)

“Na medida em que uma pandemia é uma agressão de um agente infeccioso à sociedade, que exige ação do Estado, porque a sociedade é governada pelo Estado, eu acho que 2022 não tem perspectiva nenhuma de ser um ano de esperança. Eu tenho esperança em 2023 dependendo do que acontecer em outubro de 2022. Ou se o presidente da Câmara,  Lira, acordar para a correção que está na gaveta dele, que é colocar em curso o processo de impeachment desse presidente. Enquanto esse presidente que nega a vacina, que nega o uso de máscara, que nega a existência de uma pandemia, nós não vamos ter governabilidade sobre a pandemia. Não tem como ter esperança. Não acho que vamos ter um 2022 mais tranquilo e mais saudável nessas condições. Claro que pode ser que eventualmente a variante Ômicron seja o último estágio do vírus e aí a pandemia vai acabar, mas não porque vencemos a pandemia, não porque a sociedade através das ações coordenadas pelo Estado… não foi por causa disso, foi porque a natureza quis.” 
 
Margareth Dalcomo Médica pneumologista
Margareth Dalcomo Médica pneumologista e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) (foto: Divulgação)
 
 
MARGARETH DALCOMO
Médica pneumologista e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) 

“Sem dúvida nós podemos ter esperança de um 2022 melhor, pelo menos nos países onde a vacinação vem se dando de maneira adequada. Muito provavelmente vamos precisar de uma 4ª dose no ano que vem, vamos conseguir vacinar também as crianças que é o que nos trará bastante alento porque apesar de não desenvolverem formas tão graves, as crianças são transmissoras aos mais velhos. É esperado que haja um controle da pandemia. Deve ser um ano ainda com hábitos pessoais diferentes. Não se admite que vivamos sem máscara em transporte coletivo, aviões, navios… tudo isso ainda vai exigir máscara durante algum tempo. Mas tenho esperança, baseada nos melhores princípios científicos, que consigamos o controle da pandemia. Além disso, a presença de novas variantes, mais transmissíveis, porém, menos letais, sem dúvida vai mostrando, de maneira quase paradoxal, de acordo com os princípios da biologia, que é possível que essas variantes signifiquem o fim da pandemia. Elas são patógenos já com muitas mutações, o que necessariamente vai revelando que o vírus original vai desaparecendo, o que é esperado em todas as viroses de transmissão respiratória.”

Natália Pasternak Microbiologista
Natália Pasternak Microbiologista, pesquisadora associada do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), no Laboratório de desenvolvimento de Vacinas (LDV) e presidente do Instituto Questão de Ciência (foto: Divulgação)


NATÁLIA PASTERNAK
Microbiologista, pesquisadora associada do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas (LDV) e presidente do Instituto Questão de Ciência

“Foi um ano de grandes avanços do ponto de vista da ciência na pandemia. As vacinas trouxeram a esperança de um 2022 mais tranquilo e mais saudável. Mesmo com a chegada de uma variante que é mais contagiosa, vemos que as pessoas vacinadas estão protegidas. Mesmo quando elas se contaminam e se adoecem, elas não precisam de hospitalização na mesma medida que as pessoas não vacinadas. Ter vacinas e vacinas amplamente distribuídas pelo mundo, o que é um desafio, nos dá esperança sim de um 2022 mais tranquilo onde a COVID-19 começa realmente ser reduzida a uma gripezinha, mas pra isso a gente precisa vacinar o mundo todo e não somente os países ricos.” 


 

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