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Estado de Minas PANDEMIA

Posso pegar COVID após 2 doses da vacina? Especialistas explicam

Com o avanço da vacinação, tornam-se mais frequentes casos de infecção em pessoas imunizadas. A boa notícia: a situação é considerada previsível e controlada


20/06/2021 04:00 - atualizado 20/06/2021 07:51

Neurologista, Diego Dorim reforça a necessidade de manter cuidados(foto: RAMON LISBOA/EM/D.A. PRES)
Neurologista, Diego Dorim reforça a necessidade de manter cuidados (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A. PRES)
Vacina: a palavra poderosa dá nome a uma dose de esperança aguardada pelo Brasil desde março de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus chegou ao país – mas gera também uma série de dúvidas, informações desencontradas ou mesmo dados deliberadamente falsos.


Já em junho de 2021, enquanto quatro imunizantes cumprem o papel de tentar livrar a população de adoecimento, hospitalizações e mortes pela COVID-19, ao lado da certeza de que a vacinação salva vidas, novas perguntas surgem. Principalmente para quem testou positivo para a doença mesmo após ter recebido a dose ou conhece alguém nessa situação.

O que mais importa para eles é que a aplicação impediu que a doença se manifestasse de forma agressiva. Mas por que a infecção acontece? Como tem sido o quadro desses pacientes? Qual o período ideal para que o organismo crie anticorpos contra o Sars-Cov-2? Já é possível aglomerar e esquecer a máscara? A reportagem do Estado de Minas procurou respostas a essas questões com fabricantes e especialistas.

Para início de conversa, é preciso compreender que as vacinas são o primeiro passo para o fim da pandemia do novo coronavírus, mas a imunidade não começa imediatamente depois de tomar o imunizante, e nem mesmo logo após a necessária segunda dose. Caso uma pessoa tenha COVID-19 logo após se imunizar, isso não significa que a vacina não funcionou, mas que seu o sistema imunológico não teve tempo suficiente para reagir à vacinação e criar resposta imune, explicam especialistas.

Por isso, é importante entender cada fórmula. A primeira vacina licenciada para uso no país foi a CoronaVac, com tecnologia da chinesa Sinovac e produzida nacionalmente pelo Instituto Butantan, de São Paulo. O intervalo recomendável entre as duas doses é de 14 a 18 dias. Sem eficácia atestada para apenas uma aplicação, ela garante 77,96% de êxito com o reforço.

A segunda licença concedida no país foi para a Covishield, mais conhecida  no Brasil como AstraZeneca – nome da empresa farmacêutica britânica que desenvolveu a proteção em parceria com a Universidade de Oxford. É produzida nacionalmente nos laboratórios da Bio-Manguinhos, que faz parte da estrutura da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O tempo de espera entre as duas doses é de até 12 semanas. Na bula, a fabricante afirma que há eficácia “pouco mais de 50% a partir de 21 dias da aplicação” e 73,43% garantida com duas doses.

Outra aprovação foi do imunizante desenvolvido pela norte-americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech. O registro estabelece o uso da vacina com esquema de duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas, apresentando “proteção parcial após cerca de 12 dias da primeira dose”. “A vacina apresentou eficácia global de 95% em toda a população do estudo, incluindo análise em diferentes grupos étnicos, e pacientes com condições clínicas de risco, sendo observada ainda uma eficácia de 94% em indivíduos acima de 65 anos”, informou o braço da Pfizer no Brasil.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também deu aval ao uso emergencial da vacina da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, no fim de março. Ela tem nível de proteção de 85% em casos graves e 66% em casos moderados e leves. É a única disponível até o momento que prevê apenas uma dose para imunização completa.

Apesar disso, o Ministério da Saúde só anunciou a chegada dos imunizantes na primeira semana de junho. O governo terá de 10 a 14 dias para receber, distribuir e aplicar as doses que chegaram ao Brasil na terça-feira (15/06) porque a primeira remessa terá 3 milhões de doses cuja validade vai expirar em 27 de junho, segundo informação do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

As fabricantes explicam que cada organismo reage de uma forma, dependendo de fatores como a faixa etária e o próprio sistema imunológico. De acordo com o Instituto Butantan, em geral, é preciso esperar pelo menos duas semanas após a segunda dose para garantir proteção de qualquer vacina, pois é o tempo que o sistema imunológico humano leva para criar anticorpos neutralizantes, que barram a entrada do vírus nas células.

“Ainda vale lembrar que uma quantidade ainda maior de anticorpos pode ser registrada até um mês após o fim da vacinação, também variando de indivíduo para indivíduo”, informou o Instituto Butantan.

A médica Thalita Rassi recebeu as duas doses, se infectou, mas teve sintomas sem gravidade.(foto: Arquivo pessoal)
A médica Thalita Rassi recebeu as duas doses, se infectou, mas teve sintomas sem gravidade. (foto: Arquivo pessoal)

Imunização em massa para proteção de todos 

É importante esperar, porém, que grande parte da população tenha sido imunizada antes de pensar em voltar a antigos hábitos. Por isso, há uma luta de especialistas em defesa de vacinação em massa, já que os vacinados ainda têm potencial para se contaminar e também para transmitir o vírus para quem não tem proteção.

“As pessoas que se vacinaram devem manter todas as medidas protetivas ainda, como distanciamento social, uso de máscaras e lavagem das mãos”, alerta Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.

“Nenhuma vacina é 100% eficaz. As vacinas não impedem, em sua grande maioria, a infecção, mas sim a evolução para a doença”, afirma Lorena, ao explicar que o quadro de pacientes vacinados não deve resultar em hospitalizações. “A grande maioria vai apresentar sintomas leves, mas como a resposta de formação de anticorpos e a imunidade inata são individuais, não conseguimos prever como será essa evolução em cada caso”, acrescenta a imunologista.

SAÚDE EXPOSTA 

Os profissionais de saúde foram os primeiros a se vacinar, diante do alto risco de  exposição ao vírus. A médica Thalita Rassi, de 36 anos, foi imunizada com duas doses de CoronaVac em fevereiro. Mas teve diagnóstico de COVID-19 em 28 de março, 45 dias após a segunda dose da vacina. Apresentou febre, dor no corpo e sofreu perda de olfato e paladar.

Mas, graças à vacina, não sofreu com falta de ar, nem sintomas respiratórios, podendo se tratar em casa e cumprindo o isolamento por 14 dias. “Esse vírus é muito novo e cada organismo reage de uma maneira, então devemos ser muito cuidadosos e cautelosos”, disse Thalita. “Isso tudo vai passar, mas temos que nos cuidar e ter paciência”, comenta.

O médico neurologista Diego Dias Ramos Dorim, de 36, garantiu a segunda dose da CoronaVac em 22 de fevereiro. Duas injeções que o salvaram de uma evolução no quadro clínico de COVID-19, confirmado em 5 de maio último. “Comecei com sintomas de espirro e coriza um pouco mais fortes em relação ao habitual. Como tenho uma criança em casa e minha esposa está grávida, resolvi fazer o teste, que deu positivo”, conta.

Com o diagnóstico, ele se isolou e passou a usar máscara até dentro de casa. Agora, reforça ainda mais a necessidade das medidas de proteção individual e faz um alerta: “Mesmo após a vacinação, não relaxem nos cuidados. A vacina não impede você de se infectar, mas impede as formas graves e moderadas da doença. É preciso lembrar que não é porque está vacinado que tudo está liberado. As medidas pessoais de cuidados e isolamento devem ser mantidas”, reforçou.

A técnica em enfermagem Rosemar Botelho Marques, de 53, também garantiu a imunização com a CoronaVac em fevereiro e testou positivo para COVID-19 em 8 de maio. Como ela é fumante, pensou que a tosse poderia ser causada pelo cigarro. “Tive tosse e dor de cabeça. Fiz o teste, porque meu marido apresentou sintomas de gripe. Logo depois, fiquei em isolamento social, mas foi um período tranquilo. Agora, é continuar me cuidando”, afirma.

 




 



 


 


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