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Estado de Minas COVID-19

Temor e cautela com possibilidade de volta dos bares de Santa Tereza

Moradores e donos de restaurantes do boêmio bairro de BH admitem preocupação com riscos e imaginados benefícios do retorno do setor


23/07/2020 06:00 - atualizado 23/07/2020 09:58

Fachada do restaurante Bolão no tradicional bairro de BH, onde os cerca de 40 estabelecimentos do setor vivem cenário de cautela (foto: Edésio Ferreira/D.A Press)
Fachada do restaurante Bolão no tradicional bairro de BH, onde os cerca de 40 estabelecimentos do setor vivem cenário de cautela (foto: Edésio Ferreira/D.A Press)
A boemia pode, em breve, ganhar permissão para regressar ao Bairro Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte. A retomada vai depender do desfecho do conflito instaurado há cerca de um mês entre a Prefeitura de BH e Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) – e que foi parar na Justiça. Porém, a reabertura do setor não parece entusiasmar nem os moradores, nem os proprietários dos estabelecimentos instalados no tradicional bairro da capital mineira. Foi o que constatou o Estado de Minas nessa quarta-feira (22), ao circular nos arredores da Praça Duque de Caxias, área de maior movimento da localidade.

A cientista política Lívia de Souza, de 33 anos, que caminhava na praça volta de 10h na companhia da cadela Lola, conta que é frequentadora dos bares da região. Confinada em casa há quatro meses, ela confessa que tem saudade das cervejinhas que costumava beber no antigo restaurante Bolão e em outras casas do bairro, mas considera que, nesse momento, a flexibilização é precoce.

“Sinto muita falta, mas não é hora de abrir. Não há condição de abrir bar em plena pandemia, pois não há como garantir o cumprimento de medidas de segurança sanitária dentro de locais que, por natureza, pressupõem muvuca. Então, mesmo que os botecos voltem a funcionar, eu só pretendo frequentar quando houver maior controle da pandemia, o que eu acredito que vamos ter só quando tivermos vacina”, analisa.

''Não não há como garantir o cumprimento de medidas de segurança dentro de locais que, por natureza, pressupõem muvuca'' - Luiza Montes, estudante(foto: Edésio Ferreira/D.A Press)
''Não não há como garantir o cumprimento de medidas de segurança dentro de locais que, por natureza, pressupõem muvuca'' - Luiza Montes, estudante (foto: Edésio Ferreira/D.A Press)


A estudante Luiza Montes, de 23 anos, diz estar revoltada com o possível retorno ao funcionamento dos restaurantes em Santa Tereza. Ela teme que a clientela acabe promovendo aglomerações descontroladas e consequente propagação da COVID-19 pelo bairro, onde a população de idosos é significativa. “Meus avós moram aqui também e não os vejo há quatro meses para preservar a saúde deles. O máximo que eu faço é ir até a varanda da casa onde eles moram para dar um ‘tchauzinho’, de longe. Então, eu fico revoltada de estar afastada há tanto tempo da minha família, enquanto tem um pessoal que não está nem aí, que só pensa na própria diversão, e que vai lotar os bares assim que eles abrirem as portas. Permitir que isso aconteça pode jogar todo o nosso esforço de isolamento no lixo. Um ab”, afirma.

O aposentado Elindores Pinto, de 77, foi dos poucos abordados pela reportagem que disseram aprovar a reabertura. “Concordo que tem que voltar, embora já não frequente barzinho. Meu tempo passou!”, brinca. Ele conta que foi comerciante por quatro décadas e, portanto, é solidário ao empresariado da região. “Do jeito que está, vai quebrar todo mundo. As pessoas vão falir e começar a passar fome. Não tem perigo abrir os bares, desde que cada um tome os devidos cuidados, use máscara e mantenha a distância recomendada para não espalhar o coronavírus”, defende.
 

Indefinição

''Mesmo que me dessem a oportunidade de colocar mesas na Praça Duque de Caxias, não sei se faria isso. Teria que contratar mais pessoas'' - Luiz Cláudio Rocha, sócio-proprietário do restaurante Bolão(foto: Edésio Ferreira/D.A Press)
''Mesmo que me dessem a oportunidade de colocar mesas na Praça Duque de Caxias, não sei se faria isso. Teria que contratar mais pessoas'' - Luiz Cláudio Rocha, sócio-proprietário do restaurante Bolão (foto: Edésio Ferreira/D.A Press)
Instalado há 58 anos no bairro Santa Tereza, o restaurante Bolão – que já chegou a funcionar em expediente de 24 horas diárias, sete dias por semana – atende em esquema exclusivo de delivery desde o primeiro decreto municipal de quarentena, editado em 18 de março. O faturamento do negócio caiu mais de 50%, segundo um dos sócios da casa, Luiz Cláudio Rocha. O empresário relata que, após quatro meses de portas fechadas, vai precisar fazer algumas demissões. “Seguramos o quanto pudemos, mas, agora, é inevitável. Todas as nossas reservas foram embora. Ainda não sei quantos empregados vamos dispensar mas, infelizmente, já estou discutindo essa questão com os meus sócios”, lamenta.

A possibilidade de voltar a receber clientes, no entanto, não chega a animar o proprietário, que demonstra receio em relação ao processo de reabertura. “Gostaria que o setor, primeiro, chegasse a uma conciliação com a Prefeitura de Belo Horizonte. Eu entendo que, nesse momento, a gente precisa de segurança. Estamos lidando com vidas. Só que deixar a nossa economia morrer, como está acontecendo, eu também não concordo. Então, a primeira coisa, do meu ponto de vista, seria retomar o diálogo amigável”, diz.

Cláudio Rocha admite estar inseguro quanto a reabrir o restaurante, devido ao fato de que terá de investir  para atender protocolos sanitários definidos às pressas, diante da possibilidade de prejuízo futuro. “Hoje, diria que, mesmo que me dessem a oportunidade de colocar mesas na Praça Duque de Caxias, eu não sei se faria isso. Eu teria que contratar mais pessoas para trabalhar comigo, no mínimo. E a gordura que eu tinha para queimar já foi queimada”, afirma. Outra questão, segundo o comerciante, é a necessidade de se planejar para garantir a segurança dos clientes.

O discurso da Associação Brasileira de Bares e Restaurante do Santa Tereza (Abrest) segue no mesmo tom. De acordo com o presidente da Entidade, Elias Bastos, entre os cerca de 40 bares e restaurantes instalados no bairro, o sentimento geral é de cautela. “A situação está dificílima para nós, eu não vou negar. É uma crise sem precedentes. Por outro lado, a pandemia também é um fato novo. A gente não sabe ainda como é que dá para funcionar nesse contexto. E eu acredito muito na ciência. A COVID-19 não é brincadeira.”

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O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

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