CONDIÇÃO SILENCIOSA

Tireoidite pós-parto pode ser confundida com "cansaço de mãe" ou depressão

Sintomas como ansiedade, queda de cabelo e tristeza extrema podem sinalizar inflamação na tireoide até um ano após a chegada do bebê

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No período do puerpério, é comum que toda a atenção da mãe se volte ao bebê. Mas, para muitas mulheres, sintomas persistentes como cansaço extremo, ansiedade e queda de cabelo podem revelar um problema de saúde pouco conhecido: a tireoidite pós-parto. Segundo a médica PhD em endocrinologia pela USP e metabologista, Elaine Dias JK, a doença é uma inflamação na tireoide que se manifesta geralmente entre a sexta e a décima segunda semana após o nascimento do bebê, mas pode ocorrer até um ano depois da gestação.

Apesar de frequente, a tireoidite pós-parto ainda é pouco reconhecida. “Muitas mulheres acreditam que tudo faz parte da adaptação à maternidade, mas há casos em que o corpo está dando sinais de uma disfunção hormonal que necessita de atenção”, explica a médica.



A tireoidite pós-parto caracteriza-se por duas fases distintas. Na primeira, a mulher pode experimentar sintomas de hipertireoidismo - quando a glândula trabalha acelerada -, como ansiedade, insônia, batimentos cardíacos acelerados e irritabilidade. Em seguida, pode surgir um período de hipotireoidismo, marcado por desaceleração do metabolismo, cansaço intenso, ganho de peso, queda de cabelo e tristeza. Muitas vezes, este quadro é confundido com a depressão pós-parto.

De acordo com Elaine, o maior perigo do quadro é seu caráter silencioso e facilmente negligenciado. “Muitas pacientes normalizam sintomas importantes por acreditarem que fazem parte da rotina materna. No entanto, a tireoidite pós-parto tem tratamento e precisa ser levada a sério”, afirma.

A especialista recomenda que, ao notar alterações significativas no corpo e no emocional, principalmente sintomas de ansiedade, exaustão, irritabilidade, queda de cabelo e tristeza fora do comum, a mulher busque avaliação médica. O diagnóstico é simples, feito por exames laboratoriais que avaliam a função tireoidiana.

“É fundamental um olhar integral para a mãe, não só para o bebê. Cuidar da saúde da mulher após o parto é essencial para que toda a família fique bem e para que a maternidade seja vivida da melhor maneira possível. Sintomas persistentes após o parto não devem ser ignorados. Identificar e tratar doenças como a tireoidite pós-parto pode fazer toda a diferença para a saúde física e mental das mães”, pontua.

25 de maio: Dia Mundial da Tireoide

Doenças como o hipotireoidismo, o hipertireoidismo, nódulo tireoidiano e câncer de tireoide afetam mais de 750 milhões indivíduos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60% dessas pessoas têm o problema, mas desconhecem, em sua maioria mulheres.

Elaine explica que a tireoide é uma pequena glândula localizada na base do pescoço, responsável pela produção de hormônios que regulam o metabolismo. Ela desempenha um papel crucial em diversas funções do corpo humano, além de influenciar na frequência cardíaca, humor e cognição.

A endocrinologista aponta sinais e sintomas que podem indicar que a glândula está comprometida: cansaço, desânimo, queda de cabelo, unhas quebradiças, dificuldade para emagrecer, falta de foco, entre outros.

Eles aparecem por conta da alteração do TSH, hormônio que age na tireoide. “Durante as fases da vida, principalmente das mulheres, existem disfunções hormonais que correspondem a evolução corporal, como na adolescência, quando há um pico de estrogênio e progesterona e, consequentemente, uma redistribuição de gordura subcutânea, com aumento de glúteos, coxas, braços, provocando os primeiros sinais de celulite e retenção de líquido. Ainda nessa fase, acontece o aumento da testosterona, que traz o excesso de oleosidade na pele e no cabelo, provocando acne, queda capilar e alterações de humor”, comenta a especialista.

A partir dos 30 anos de idade, há uma diminuição do metabolismo, que segue reduzindo a cada ano que passa, sendo ainda mais acentuada após os 40 anos, fase em que o corpo começa a perder 1% de músculo ao ano.

“No climatério, o pico dos hormônios LH e FSH resulta na perda de massa muscular, diminuindo o metabolismo significativamente. Com isso, vem a diminuição da libido, surgem as alterações de humor mais frequentes, como irritabilidade e labilidade emocional, insônia, fogachos -conhecidos como os calores-, pele seca, cabelos finos e as mudanças corporais com a flacidez de pele, redistribuição das gorduras de forma centrípeta, gordura abdominal, além das alterações cognitivas, como esquecimento, dificuldade de foco e raciocínio, como se houvesse uma nuvem no cérebro”, alerta Elaine.

Por isso, é fundamental realizar acompanhamento anual com o endocrinologista e o ginecologista, com a realização de exames hormonais como da tireoide, ovários e hipófise, TSH, T4 Livre, estrogênio, progesterona, FSH e LH.

Elaine acrescenta ainda, que, “para garantir um resultado hormonal positivo, também é necessário um estilo de vida saudável, com atividade física regular, alimentação saudável e dormir de sete a nove horas por noite. Dessa forma, a possibilidade de se ter alguma alteração hormonal é bem menor em relação a quem não tem uma vida saudável”.

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