
Leia poemas de José Edward Lima
Jornalista mineiro lança o livro 'Poemas vagabundos' no próximo sábado (08/02) na Casa da Floresta
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“Margens pérfidas”
somos todos seres reais e imaginários
atávicos e utópicos sincréticos e semiológicos
vivemos do que fomos e para o que seremos
em todo ser há uma margem
a fecundar veias poéticas
mesmo nas pátrias prostituídas
por impávidos colapsos
ou gigantes relapsos
pela própria crueza
a gravidez do poeta na pátria que se traiu é augustiante:
na introspecção o bardo engole o mundo e rumina
este e outros campos à margem da margem
eis que lírico épico e onírico se entrelaçam
numa inocência que desafia a esperança
numa cólera que desanima e espanta o medo
do cordel umbilical emerge um caleidoscópio
um exército de robôs rambos e rimbauds
numa ópera bufa que beija o dramático
o sentido de realidade do mundo floresce
na calidez da paixão e fenece
no inferno das boas intenções
o cotidiano dá o mote cordelizado e panfletário
o verso-bala zune de forma contundente
irrompendo a placenta do niilismo
um brado óbvio se materializa no ar numa sumária condenação:
o rei é pérfido e o governo, um zero à esquerda
eis que da indignação cáustica e guerrilheira
brota o reino da iracúndia
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“Olhos da cara”
a dúvida que terei (?) de amargar
já pela milionésima vez
não a vejo dentro de mim
e isso é algo óbvio e insosso:
me custa a pele e o osso
a dívida que terás (?) de pagar
sem que a tenhas feito jamais
está no lucro dos banqueiros
e no bem-estar dos gringos
e isso é algo nojento e sombrio:
custa de muitos o estômago vazio
as vidas que teremos (?) de gastar
com a miséria e a dor desse povo
são o nó-górdio da pátria latina
e isso é uma coisa cristalina e amara:
nos tem custado os olhos da cara
*
“Dial-ética”
Súbito
A vida fica
Amarga e dura
Vazia e escura
Qual noite de lua cheia
Com seus pesadelos
E assombrações
Uma dor
Em forma de cruz
com fé
ela volta a ser
doce macia
clara e brilha
como um sol
ao meio-dia
com seus sonhos
cheios de encantos
uma flor
em forma de
luz
*
camuscases existencialistas sartreiam
hiroshimas psicodélicas
e baudelaireiam flores do mal
em parnasianas torres de babel
*
O poeta não é bandeirante
É antes bandeira
Pasárgada
É o éden profano
da plebe pagã
o pecado original
de adão sem eva
Sobre o livro e o autor
Nascido na cidade de Brasília de Minas, José Edward Lima formou-se em Comunicação pela PUC Minas e atua, desde o início da década de 1990, no jornalismo e em assessorias de imprensa. Ele estreou na literatura em 1986, na Antologia Literária de Brasília de Minas, como autor e editor. Em 1989, lançou o livro “A pátria que te pariu!”, publicado pela Novilíngua, relançado em 2007, pela Autêntica. É autor também do livro “Artesão de Sons – Vida e Obra do Mestre Zé Côco do Riachão”. “Poemas vagabundos”, sua obra mais recente, integra a coleção Infame Ruído. Para Anelito de Oliveira, que assina a apresentação, “Poemas vagabundos” pode ser percebido, antes de tudo, “como ação teatral, uma teatralidade barroca marcada pela vertigem, pela proliferação dos signos, pelo excesso, pela superabundância.” Ele vê os versos de Edward Lima como “caixa de ressonância” e chama atenção: “Estamos diante de um poeta sério, com uma lucidez cortante sobre o tempo presente, e que por isso mesmo não tem papas na língua, trapaceia com a língua. A sátira é a sua arma, o vitupério, a afronta, o insulto, e a história em ebulição é o seu alvo.”
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Capa do livro "Poemas vagabundos"
“Poemas vagabundos”
• De José Edward Lima
• Coleção Infame Ruído
• Inmensa Editorial
• 100 páginas
• Lançamento no próximo sábado (8/2), das 16h às 21h, na Casa da Floresta. Rua Silva Ortiz, 78, Floresta, Belo Horizonte