Moradores do Barreiro protestam contra prisão de jovens após ataque a tiros
Ataque deixou duas pessoas mortas e 11 feridas em confraternização que acontecia em quadra de futebol do bairro Flávio Marques Lisboa, no Barreiro, em BH
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Com cartazes de “Liberdade já”, “Criança autista merece proteção, não prisão”, “Trabalhador merece respeito” e “Correr pra não morrer não é crime”, moradores do Bairro Flávio Marques Lisboa, no Barreiro, em BH, protestaram nesta segunda-feira (8/12) contra a prisão de três jovens que supostamente estariam envolvidos em um ataque a tiros em uma quadra esportiva.
O episódio resultou na morte de duas pessoas e em 11 feridas durante uma confraternização, na madrugada da última quinta-feira (4/12). Os atiradores chegaram ao local em um carro e duas motocicletas, com uniformes da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Investigações preliminares da corporação indicam que o ataque teria sido uma retaliação de integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) contra membros da facção rival, o Terceiro Comando Puro (TCP), cujos integrantes são conhecidos como "traficrentes".
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Em conversa com o Estado de Minas, a esposa de um dos presos, que não será identificada, alegou que o marido, que está internado sob escolta policial, é inocente. “Queremos justiça. Correr para não morrer não é crime, trabalhador não merece ser tratado como bandido”. Ela contou que o marido trabalha desde criança e, há cinco anos, atua como ajudante de bomba de concreto, de carteira assinada. No entanto, na visão dela e do grupo de manifestantes, está sendo tratado de forma injusta.
“A gente só o quer de volta em casa. Ele merece respeito, não merece ser tratado como bandido”, afirmou. A jovem contou que estava na confraternização até uma hora antes do ataque, quando foi embora com o filho do casal, de 3 anos. O menino também sofre com a prisão do jovem. De acordo com a mãe, toda noite ele chora querendo o pai.
Segundo ela, o jovem foi atingido por disparos e está internado no hospital. No entanto, a família não tem informações sobre o estado de saúde dele.
“Não passam informações direito, sempre tem uma desculpa. Vou lá [ao hospital], peço informações e eles só falam que ‘ele está vivo e sem risco de morte’. Mas isso eu já sei, porque se ele estivesse morto, eu já tinha essa informação”, afirmou. “Eu não como direito, não durmo, porque eu só consigo pensar em como ele está”, finalizou. Ainda não há informação sobre a alta médica dele.
O marido da jovem, que também não será identificado nesta reportagem, e outros sete homens tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva em decisão da juíza de direito Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto. O jovem e outros dois atingidos pelos disparos seguem hospitalizados. Conforme decidido em audiência de custódia, ele e os outros feridos passarão por exame de corpo de delito após liberação hospitalar caso ainda não tenha sido realizado pelos profissionais de saúde.
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Segundo um policial ouvido pelo EM em condição de anonimato, no mesmo dia do ataque, havia inocentes entre as 11 pessoas feridas durante o tiroteio. "Tinham vários meninos na quadra de futebol que não tinham nada a ver com a criminalidade e acabaram sendo alvejados lá. A gente está verificando isso", afirmou.
Com informações de Clara Mariz, Ivan Drummond e Alexandre Carneiro