ELEIÇÕES E INSTABILIDADE

Bolsa cai e dólar sobe após Flávio Bolsonaro dizer que candidatura é 'irreversível'

Mercado aguarda divulgação de dados de emprego dos EUA e acompanha reuniões dos bancos centrais do Brasil e dos EUA para definir taxas de juros dos dois países

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa abriu em forte queda e o dólar em alta nesta terça-feira (9), com os investidores monitorando os desdobramentos da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026. Nessa segunda (8/12), o senador afirmou à Folha de S.Paulo que sua candidatura é "irreversível"

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O mercado ainda aguarda a divulgação de dados de emprego dos Estados Unidos e acompanha o início das reuniões dos bancos centrais do Brasil e dos EUA para definir a taxa de juros dos dois países, que será anunciada nesta quarta-feira (10). 

Às 11h33, o Ibovespa operava em queda de 1,20%, a 156.287 pontos. A moeda norte-americana subia 0,77%, cotada a R$ 5,462. Na segunda, o dólar fechou em queda de 0,24%, a R$ 5,420, e a Bolsa avançou 0,39%, a 157.985 pontos. 

O mercado repercute nesta terça as declarações de Flávio Bolsonaro, que afirmou que sua candidatura não pode ser revertida. "Minha candidatura não está à venda. A condição para isso é o presidente Bolsonaro livre e nas urnas. A única possibilidade de o Flávio Bolsonaro não ser candidato é o candidato ser o Jair Messias Bolsonaro. Não tenho preço." 

O senador anunciou na sexta-feira sua candidatura à Presidência em 2026, notícia que inspirou forte volatilidade para os ativos domésticos: o Ibovespa caiu mais de 4%, ao passo que o dólar disparou 2%. 

Ao longo do fim de semana, porém, o filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro sinalizou que poderia desistir da campanha por um "preço"

"Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho um preço para não ir até o fim", disse após participar de um culto evangélico em Brasília. 

O preço, segundo afirmou à TV Record, é a "justiça". Ele só desistirá da candidatura à Presidência se o ex-presidente Jair "Bolsonaro estiver livre, nas urnas", e também condicionou a decisão à anistia aos condenados por atos golpistas de 6 de janeiro de 2023. 

"Acredita-se que uma reeleição do governo Lula significaria um cenário de maior expansão fiscal por mais quatro anos, o que pressionaria a inflação e manteria juros mais elevados", aponta Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. 

A sinalização de que o senador poderia não ser candidato havia aberto espaço para a interpretação de que Tarcísio de Freitas (Republicanos), nome favorito da Faria Lima para a disputa, seguiria como o rosto da direita para as eleições. 

O tombo dos ativos domésticos na sexta ocorreu pela percepção de que, com o apoio de Bolsonaro ao filho mais velho, uma eventual candidatura de Tarcísio perderia força e favoreceria uma reeleição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja política fiscal desagrada grande parte do mercado. 

Na visão de Alison Correia, co-fundador da Dom Investimentos, o movimento desta segunda foi "um retrato claro" sobre como as incógnitas sobre a possível candidatura de Flávio Bolsonaro continuam no ar. 

"O investidor hoje prefere não assumir risco desnecessário para não ser pego de surpresa e aguarda os desdobramentos dos acontecimentos de sexta relacionados ao candidato da direita para as eleições para depois assumir uma tomada de posição mais sólida. É um compasso de espera." 

Já o de sexta-feira, na visão de Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, também teve fundamentos na valorização acumulada do real e da Bolsa brasileira nos últimos dias. 

"Essas altas consecutivas da Bolsa e do real criaram um ambiente um pouco mais sensível, no qual investidores vendem ativos com mais facilidade para evitar a volatilidade. É normal que, antes de conseguir digerir o noticiário político, o mercado entre em um fluxo vendedor mais forte." 

Houve, ainda, um movimento tradicional de distribuição de dividendos no mês de dezembro que também pesa no dólar, segundo analistas. De acordo com Teles, ao longo de todo o mês há saída de dólares relacionada a essas distribuições. Isso pressiona a moeda porque parte dos recursos é enviada ao exterior. 

As incógnitas sobre o cenário eleitoral ofuscaram os dois principais eventos da agenda desta semana: as decisões de juros do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) e do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) na quarta-feira. 

Em relação à autoridade americana, as apostas estão concentradas em uma nova redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros americana nesta semana, com probabilidade de 89,6%. Os 10,4% restantes veem como mais provável uma manutenção do atual patamar de 3,75% e 4%. 

Aqui, a previsão é que os juros encerrem o ano parados em 15% e que o Copom (Comitê de Política Monetária) flexibilize o discurso, abrindo a porta para a queda da Selic em 2026. Enquanto a manutenção da taxa no atual patamar é a projeção unânime, as apostas para o início do ciclo de cortes de juros estão divididas entre janeiro e março do próximo ano. 

No mercado de câmbio, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, melhor para o real, e o inverso também vale. 

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Quando a taxa por lá cai -como ocorreu nas últimas reuniões do Fed- e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de "carry trade". 

Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

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