Considerada uma das principais referências musicais de sua geração, a banda Graveola se despede de seu público com um show neste sábado (1º/11), na casa de shows A Autêntica, como parte da programação do Festival Novos Encontros, a partir das 20h. A abertura fica por conta da cantora Coral, com o show “Coral canta Bahia”. Além do show próprio, ela comparece como uma das convidadas do grupo, que conta, ainda, com as participações especiais das ex-integrantes Luiza Brina e Juliana Perdigão.


Criado em 2004, o Graveola teve diversas mudanças de membros ao longo dos anos, lançou sete discos e realizou shows em todo o Brasil e também no exterior. Único remanescente da formação original, o vocalista José Luís Braga explicou, em entrevista recente ao Estado de Minas, que o grupo encerra as atividades – algo que vinha sendo maturado há algum tempo – para não correr o risco de ficar preso ao passado, repetindo o que já foi feito.


“Chegou o momento em que queremos nos ressignificar musicalmente e ter mais liberdade individualmente”, disse. Atualmente, ele divide a banda com Joana Bentes (voz e guitarra), Amanda Barbosa (bateria), Pedro Fonseca (baixo) e Thiago Corrêa (teclado, programação e voz).


Zelu, como é conhecido, adianta que o repertório da apresentação de amanhã contempla músicas de todas as fases do Graveola – e que a atual formação, constituída no ano passado, já vem tocando.


Ele destaca que o roteiro reserva espaço para músicas que marcaram época quando as convidadas da noite ainda integravam a banda. “Acho que a trajetória do grupo está bem contemplada, com músicas de todos os discos. Trabalhamos normalmente com esse legado, de músicas mais antigas, e ainda mais agora, nesse show de despedida, somando as participações da Luiza e da Juliana, que estiveram presentes em momentos muito especiais da nossa trajetória”, ressalta.


Em meio a tantos integrantes que já passaram pelo Graveola, ele explica que o convite às duas deveu-se, também, ao fato de serem, além de instrumentistas, cantoras que construíram carreiras sólidas após deixarem o grupo.

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“Passa por isso, por entendermos que são artistas muito potentes, e também por questões de agenda”, diz, citando Luiz Gabriel Lopes, que também foi vocalista, mas atualmente passa mais tempo na Europa do que no Brasil.


Zelu lembra que nos primórdios, entre 2004 e 2009, os integrantes – amigos que tinham afinidades estéticas e políticas – levavam a banda “mais na brincadeira”. Ele diz que a virada da profissionalização aconteceu com o lançamento do primeiro álbum, “Graveola e o lixo polifônico”, como o grupo foi originalmente batizado.


“Com esse projeto, fizemos o sonho virar realidade, a partir de 2009. Foi o primeiro grande marco da nossa história”, destaca.


MOVIMENTOS DE OCUPAÇÃO

Ele recorda que, após a estreia fonográfica, o grupo consolidou seu lugar no cenário cultural da cidade, engrossou o coro da Praia da Estação e passou a participar mais ativamente dos movimentos de ocupação dos espaços públicos de Belo Horizonte. Outro marco importante na trajetória do grupo foi o lançamento do terceiro álbum, “Eu preciso de um liquidificador”, em 2011, que gerou duas importantes apresentações, na Ocupação Dandara, no Bairro Céu Azul, e no Palácio das Artes.


A primeira, de acordo com Zelu, foi um evento produzido “na raça”, que acabou se conformando como um festival, com a participação de outros grupos e artistas. “Foi uma atitude ousada, no sentido de descentralizar, de ir para a periferia da cidade. Conseguimos mobilizar um grande público. Foi um movimento corajoso, uma ação que mesclava nossa vontade política, nosso desejo de abraçar regiões periféricas, com a vontade de realizar um evento de grande porte”, diz.

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Ele considera que o show acabou estimulando o surgimento de festivais que hoje estão consolidados no calendário cultural de Belo Horizonte, como o Sensacional.


Com relação ao show no Palácio das Artes, realizado pouco tempo depois, no início de 2012, Zelu recorda que a plateia estava lotada. “Entendemos que tínhamos capilaridade, tínhamos um papel importante na cultura da cidade, um papel que foi reconhecido no ano passado com o título de Honra ao Mérito que nos foi conferido pela Câmara dos Vereadores”, diz.


“GIRAS” INTERNACIONAIS

Ao longo de seu percurso de 21 anos, Graveola chegou a importantes palcos internacionais. Zelu lembra que o grupo se apresentou no Sines – Festival Músicas do Mundo, realizado no Alentejo, em Portugal, em 2012, e foi convidado a integrar novamente a programação em 2016. Ele diz que, em 2014, a banda fez uma “gira” mais prolongada pela Europa, ao lado de Lucas Santtana, Gaby Amarantos e Emicida, apresentando-se em festivais na Inglaterra e na Alemanha. “Mas acho que o auge foi tocar no Roskilde, na Dinamarca, em 2016, um dos festivais mais importantes da Europa. Fomos convidados graças ao poder de articulação sobrenatural do Luiz (Gabriel Lopes). Conseguimos entrar na programação de um festival que só leva artistas de peso. Na edição da qual participamos, tinha o Red Hot Chili Peppers, por exemplo. Conseguimos demarcar lugar num evento desse porte, colocar lá a nossa bandeirinha”, diz.


“BANDA GRAVEOLA”
Show de despedida da banda Graveola, dentro do Festival Novos Encontros, com abertura de Coral. Neste sábado (1º/11), a partir das 20h, na Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia). Ingressos do segundo lote a R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), à venda na bilheteria da casa ou pela plataforma Sympla.

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