Formada em composição pela UFMG, Luiza Brina investiu em arranjos orquestrais no novo trabalho -  (crédito: Sillas H/Divulgação)

Formada em composição pela UFMG, Luiza Brina investiu em arranjos orquestrais no novo trabalho

crédito: Sillas H/Divulgação

Novo álbum de Luiza Brina, previsto para ser lançado no próximo dia 30, "Prece" é um trabalho ambicioso, que representa a concretização de um sonho da artista. As faixas têm a participação de uma orquestra inteiramente composta por mulheres – que atuam na Sinfônica de Minas Gerais, na Filarmônica e na Orquestra Ouro Preto. São instrumentistas de cinco nacionalidades diferentes.

 


Com dois singles já lançados, "Oração 18 (pra viver junto)" e "Oração 2", que traz a participação da mexicana Silvana Estrada, "Prece" reúne as "orações" compostas pela artista ao longo de mais de 10 anos – algumas delas já registradas em álbuns como "Tão tá" (2017) e "Tenho saudade mas já passou" (2019).

 


Ela conta que as "orações" começaram a surgir a partir de 2010, quando teve uma crise de pânico. "Não tenho religião, minha família não tem religião, e, na época, pensei que eu precisava acreditar em alguma coisa. Comecei então a compor essas canções, que são uma espécie de encontro com um lugar sagrado. Com o tempo, fui percebendo que isso estava virando minha linguagem; fui entendendo que minha religião é a música", diz.

 

As primeiras "orações" compostas se relacionavam diretamente com as crises de pânico, mas, com o tempo, outras temáticas foram ganhando espaço. Ela destaca que o que une as "orações" e as distingue em seu repertório são a intenção e a estética. "Tem a ver mesmo com esse lugar do sagrado, de um encontro com a calma. Tem uma oração que é um pedido a uma cobra grande para que proteja o rio. As temáticas variam, mas passam sempre por esse lugar de um pedido por alguma coisa."

 

Sobre a participação de Silvana Estrada, jovem revelação indicada quatro vezes ao Grammy, Luiza conta que já acompanhava o trabalho dela e que um amigo em comum, o norte-americano Helado Negro, presenteou a mexicana com "Tão tá". O amigo contou que Silvana tinha gostado muito – e isso foi a deixa para que, conforme diz Luiza, elas começassem a trocar figurinhas pelo Instagram.

 


"Fui num show dela em São Paulo, no Cineclube Cortina, que foi lindo, depois fui no camarim e ficamos conversando. Ela foi maravilhosa, falou que a gente tinha que fazer alguma coisa juntas. Seguimos conversando e fiz o convite para ela participar na 'Oração 2', porque acho que tem a ver com o trabalho dela. Silvana topou e foi muito especial. Ela ia me mandando mensagens, estudando a música", conta.


ORQUESTRA COMPLETA

 

Luiza ressalta que sempre quis escrever para orquestra e, com o projeto aprovado pelo programa Natura Musical, pôde realizar esse sonho. "Me formei em composição pela UFMG, segui na UNI-Rio, estudei contraponto, harmonia e tudo, mas é difícil você ter uma orquestra para praticar isso. Venho desenvolvendo nos meus discos, de outras maneiras – normalmente eles têm sopros, têm cordas, mas nunca tinha contado com uma orquestra completa", afirma.

 

"Juntei essas mulheres e chamei duas amigas, que vieram do Rio, a Aline Gonçalves e a Karina Neves, que participam de todos os meus discos e são instrumentistas maravilhosas", destaca. Com 11 faixas, "Prece" contou também com a colaboração do produtor Charles Tixier. A realização do álbum demandou quatro anos, desde sua idealização até a gravação, em fevereiro deste ano.