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Estado de Minas CAMPANHA

Novembro Azul: quando o paciente está no centro das decisões

No mês de conscientização sobre diabetes, vice-presidente da SBEM apresenta novos medicamentos e pesquisas divulgadas na reunião mundial na Suécia


06/11/2022 04:00 - atualizado 05/11/2022 17:12

 insulina
A insulina semanal foi uma das novidades do evento, mas ainda está em fase de estudos quanto à segurança (foto: Pixabay)
 

Novidades em tratamentos e medicamentos para o controle do diabetes, além de novos estudos de combate e prevenção à doença, foram a tônica da reunião anual da Sociedade Europeia para Estudos do Diabetes (EASD), na Suécia. Neste mês, em que é lembrado o Dia Mundial de Diabetes (14/11) e o mês de conscientização sobre a doença, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) encabeça a campanha Novembro Diabetes Azul, no rastro do movimento Novembro Azul, com foco no câncer de próstata.
 
Segundo Flávia Coimbra Pontes Maia, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Regional Minas Gerais (SBEM-MG), que participou da reunião anual, os tradicionais cuidados médicos – muito recomendados –, como ter uma alimentação saudável e aumentar o nível de atividade física (menos tempo sentado,  caminhar para atividades cotidianas e  praticar exercícios de força) e melhorar a qualidade do sono seguem como pilares importantes, destacados em diversas palestras. 
 
Juliana Alves de Paula
Juliana Alves de Paula tem diabetes e usa o aparelho de monitorização contínua da glicose para o ajuste mais preciso das doses (foto: Arquivo pessoal)
 
 
No evento, os palestrantes destacaram a importância da redução do peso como ação para controle da doença, com abordagem centrada no paciente e suas necessidades individuais. “Mesmo com tanto avanço, o paciente sempre deve participar das decisões sobre o seu tratamento para melhorar a qualidade de vida e reduzir os riscos de complicações em longo prazo”, ressalta. 
 
 
Os quatro dias da reunião também serviram para o compartilhamento de novos estudos sobre  medicamentos, como os análogos de receptores de GLP-1, considerados uma classe muito efetiva para tratar a obesidade e o diabetes. Flávia explica que parte desses remédios era tradicionalmente injetável e agora a opção é o tratamento via oral, inclusive com a aprovação de alguns no Brasil.
 
 
A demonstração de avanços com análogos duplos de GLP-1 e GIP (hormônios intestinais) com potência ampliada para maior controle do peso e da glicose é crucial para a eficácia dos cuidados de pacientes com a doença. Recentemente, o uso desses produtos foi liberado na Europa e nos Estados Unidos, e agora aguardam aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 
INSULINA SEMANAL Outra novidade da reunião foram os dados dos estudos sobre a insulina semanal para tratamento do diabetes. Flávia conta que essa insulina tem meia-vida mais longa e pode ser aplicada semanalmente, reduzindo o número de picadas, que incomodam centenas de pessoas. No entanto, ainda não há previsão de lançamento comercial. 
 
O medicamento apresentou uma eficácia similar no controle da glicose às insulinas de uso diário. Os cientistas alertaram também que ainda são necessários mais estudos, principalmente em relação à segurança, sobretudo ao risco de hipoglicemia (queda brusca nos níveis de açúcar no sangue). 
 
GLICEMIA Um novo modelo do aparelho para monitorização glicêmica contínua foi destaque no congresso, com melhoria do equipamento disponível no Brasil. De acordo com a especialista, atualmente, esse monitor tem o tamanho de uma moeda de R$ 1 e é instalado na pele para medir os níveis de açúcar no sangue continuamente, durante um período de 14 dias. O monitoramento permite que paciente e médico observem os horários de oscilação da glicose, com picos e baixas, visando alterar os medicamentos ou insulina para um melhor controle.  
 
O equipamento é menor e funciona via bluetooth, ou seja, a glicemia é medida sem necessidade de aproximação do braço e do sensor de leitura, que, inclusive, pode ser o próprio celular. As leituras ocorrem a cada minuto e as informações são processadas para geração de gráficos controladores da glicose. 
 
A especialista em segurança da informação Juliana Alves de Paula, de 47 anos, tem diabetes e usa o aparelho de monitorização contínua da glicose para o ajuste mais preciso das doses. Ela convive com a doença há 26 anos e lembra que enfrentou algumas dificuldades no início, em razão dos sintomas e desconhecimento da doença. Frequentemente, ela sentia tontura, visão turva, boca seca, além de apresentar sobrepeso.
 
“Na época, estava terminando a faculdade e acredito que os maus hábitos desse período contribuíram para o desenvolvimento do diabetes. Por muito tempo, tive que lidar com o diagnóstico errado, já que acreditava ter diabetes tipo 2, quando o organismo desenvolve uma resistência à insulina, sendo que, na verdade, apresentava o primeiro tipo, quando o pâncreas não produz o hormônio em quantidade suficiente”, conta. 
 
Após começar o tratamento adequado com medicamentos e insulina, ela passou por longos períodos de adaptação com as trocas de insulina, adequação da dieta, prática de pilates e exercício físico. O processo a ajudou a emagrecer mais de 25 quilos para chegar ao peso ideal, colaborando para a qualidade de vida. “É possível ter um diabetes controlado. Faço contagem de carboidratos, o que ajuda muito. Tudo para ter uma vida saudável, como qualquer outra pessoa”, diz.

BOMBAS O mercado brasileiro dispõe de novas opções de bombas de insulina e o congresso exibiu muitas inovações na área. A médica esclarece que as bombas são dispositivos do tamanho de um celular, conectadas à pele com cateteres (tubos de infusão), armazenando insulina para liberação contínua, durante 24 horas, conforme a necessidade. “As bombas evitam as várias picadas de aplicação e permitem um ajuste mais preciso da dose para melhor controle dos níveis de glicose”, avalia.
 
As novas bombas chegam com um tamanho menor, sendo que alguns modelos nem requerem cateteres de infusão, pois a insulina já fica num pequeno reservatório para liberação das doses subcutâneas. O equipamento também se conecta aos sensores de medida dos níveis de glicose, facilitando os ajustes da insulina.
 
A especialista afirma que, mesmo que diversos desses medicamentos ainda não estejam liberados no Brasil ou cujas pesquisas seguem em andamento, um levantamento divulgado na reunião serve como alento para os pacientes. Ela acrescenta que um dos estudos mais importantes sobre o controle do diabetes,  publicado em meados dos anos 1980, foi revisitado no congresso de Estocolmo. 
A análise do  acompanhamento de 44 anos de pacientes, participantes desse estudo, apontou que quem teve um controle mais rigoroso da enfermidade, mesmo tanto tempo depois, manteve uma redução no risco para complicações.
 
“É possível cuidar bem da glicose, desde o começo. Estamos no Novembro Azul e a campanha destaca que o diabetes é, sim, uma doença silenciosa e, por isso, muitas pessoas acabam ficando desmotivadas e frustradas com o tratamento. É crucial entender que a manutenção dos níveis de açúcar no sangue permite benefícios essenciais em longo prazo. O paciente pode manter a qualidade de vida com uma alimentação saudável, seguindo as orientações médicas, vivendo mais e melhor”,  afirma. 


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