Dois dias depois de manifestações de rua em defesa do impeachment, o presidente Jair Bolsonaro classificou como "milagre" o fato de ainda estar à frente do governo.
Em conversa com apoiadores diante do Palácio da Alvorada, nessa segunda-feira (21/6), Bolsonaro mais uma vez distorceu fatos e disse existir uma "jogada política" para inflar o número de mortes causadas pela pandemia de COVID-19, com o objetivo de provocar desgaste à sua gestão.
Horas antes, em Guaratinguetá (SP), Bolsonaro havia retirado a máscara de proteção facial enquanto dava entrevista e, aos gritos, mandou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, calar a boca. Disse ser alvo de "canalhas" e pediu "pergunta decente", mostrando descontrole.
No fim do dia, já em Brasília, Bolsonaro afirmou a eleitores que o aguardavam na entrada do Alvorada, sede da residência oficial, que continua no Palácio do Planalto por milagre. "Cada um tem a religião que quer, né? Para mim, são dois milagres: estar vivo e estar eleito. E outro, o terceiro: estar no mandato ainda", destacou.
Em campanha pela reeleição, Bolsonaro disse ter certeza de que entregará o Brasil "melhor". "Quando, eu não sei. Vocês que vão dizer se vai ser final de vinte...", comentou, sem completar a frase. Pesquisas recentes de diferentes institutos indicam queda de popularidade de Bolsonaro, que tem como principal adversário o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Serial killer
Um apoiador citou o caso do criminoso Lázaro Barbosa, conhecido como "serial killer do Distrito Federal", que a Polícia tenta capturar há duas semanas, sem sucesso. "Parece que ele tentou invadir uma casa aí, não entrou porque o cara estava armado. Não é o Estatuto do Desarmamento que vai dar tranquilidade para você", afirmou Bolsonaro. "No que depender de mim, todo mundo que quiser vai ter arma. Os vagabundos têm."O presidente também mencionou reportagem do Estadão/Broadcast mostrando que o problema de muitos que perderam o emprego na pandemia se agravou com a falta de merenda para os filhos, com as escolas fechadas. "De vez em quando, eles escrevem a verdade", ironizou. "Tem muito moleque - a gente sabe disso - que vai para a escola atrás da merenda."
Durante a conversa, outro eleitor disse a Bolsonaro que, apesar das críticas, ele não mudou o estilo nem assumiu o "politicamente correto" apenas para agradar. "Olha, se servir para alguém aí...", iniciou o presidente, dirigindo-se aos apoiadores. "Eu fiquei 28 anos na política (como deputado federal). E o caminho para você perder o mandato é querer agradar a todo mundo. É igual em casa. Se disser ‘sim’ para o outro, 100% do tempo, não dá certo."
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