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Estado de Minas PANDEMIA

COVID-19: veja como parentes de internados mantêm o contato familiar

Sem os encontros pessoais, parentes de pacientes internados com novo coronavírus se apoiam nos profissionais de saúde e em videochamadas para se comunicar


16/04/2021 09:20 - atualizado 16/04/2021 09:28

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
Em fevereiro deste ano, Janderval Queiroz Lemos, 63 anos, pai de Danielle Alves, 41, foi diagnosticado com a COVID-19 e passou sete dias internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital de Base (HB), no Distrito Federal, e cinco dias na enfermaria da unidade. Durante o período em que o pai esteve na UTI, Danielle chegava a se comunicar com Janderval três vezes por dia, graças à equipe médica do hospital.

“Recebia informações sobre o estado dele todos os dias. A equipe ligava e fazia videochamadas, muitas vezes do celular pessoal. Eles também me mandavam fotos do meu pai, com atualizações e progressos. Pude acompanhar meu pai graças à humanização da equipe. Foram dias muito apreensivos para mim. Ele entrou na UTI com 75% do pulmão comprometido. É, talvez, mais angustiante para a família do que para o próprio paciente. Não tenho nem palavras para agradecer à equipe do Base, ela precisa ser referência. Salvaram a vida do meu pai e do restante da família, porque tranquilizaram o nosso psicológico”, agradece a professora.

O caso de Danielle e Janderval, felizmente, não é exceção. A médica Cinara de Paula Guimarães, chefe da UTI do Hospital Regional do Gama (HRG), também no DF, afirma que a equipe da unidade liga todos os dias para um familiar de cada um dos 20 pacientes internados com COVID na UTI, para atualizar o quadro clínico deles. “Em casos mais graves, tentamos fazer conferências familiares por vídeo. São os pacientes que sabemos que, infelizmente, pelo quadro e por falta de resposta aos tratamentos propostos, terão um desfecho ruim. Chamamos, então, a família para definição prognóstica e esclarecimento de dúvidas. Às vezes, os familiares precisam conversar com a gente, até para acreditar e ter a confiança de que, de fato, estamos fazendo todo o possível. Temos experiência com UTI humanizada no HRG e sabemos como isso é importante. Não conseguimos dar o suporte psicológico que a família precisa, mas conseguimos passar que estamos presentes, atuantes e fazendo o melhor que conseguimos”, avalia a médica.

A equipe da UTI do hospital conta com o psicólogo Ataualpa Maciel Sampaio, que elabora um prontuário afetivo dos pacientes, com informações biográficas e traços da personalidade. A ideia é de uma médica do Guará, segundo Ataualpa, mas o psicólogo afirma que o HRG tinha uma iniciativa parecida antes. “É importante porque singulariza o doente. Pergunto para o familiar, por exemplo, como ele definiria o paciente, se tem algum apelido e quais são os hobbies. É importante para sabermos como nos conectar com o enfermo, que, às vezes, está com alteração do nível de consciência e fica sem entender muito bem o que está acontecendo. Saber que tem pessoas que ele conhece cuidando e acompanhando o quadro médico de perto faz muita diferença. Colocamos o paciente para escutar áudios feitos pela família, porque, mesmo em coma, pode ouvir o que está sendo falado ao redor dele. E a família fica muito feliz. É muito importante”, destaca o psicólogo, acrescentando que a covid-19 ajudou a fortalecer o trabalho humanizado que era feito no hospital. “Estamos conversando mais e mais integrados como equipe”, reflete.

Casos leves

Não são apenas familiares de pacientes em estado grave que recebem informações. A gerente de assistência clínica do Hospital da Região Leste (HRL), antigo Hospital Regional do Paranoá, Tatiana Sanches Belchior, conta que a equipe do hospital cuida de 25 pacientes da unidade de cuidados intermediários (UCI) e 22 da enfermaria, além daqueles que ficam nos boxes de acolhimento.

O grupo de médicos emite boletins diários, via telefone, para um familiar, inclusive aos fins de semana, de todos esses pacientes. “É sempre um médico que emite o boletim. Ele lê e analisa o prontuário do paciente para entrar em contato com o parente. Sabemos que as famílias ficam agoniadas sem notícias, e o boletim é muito importante. Temos o cuidado de anotar pelo menos dois telefones no momento da internação.” Mesmo pacientes com acesso ao próprio telefone celular durante a internação têm os boletins emitidos e repassados aos familiares diariamente.

Dineia Soares Cardoso, prima de Eunice Cardoso Souza, 62 anos, foi internada no HRL em 7 de abril, e o marido, Ednaldo Alves Dias, estava sendo o responsável por receber as informações médicas da esposa. Dois dias depois, Ednaldo também precisou ser internado, e Eunice passou a receber as informações dos dois parentes. “Eles estão sendo muito bem atendidos. O quadro dela está muito bom, deve receber alta em breve. Ele deve ficar mais um tempo no hospital, porque está com o pulmão comprometido. A equipe liga todos os dias, depois das 14h30. Fico apreensiva porque ficamos de noite e de manhã sem notícias, mas, pelo menos, estou recebendo informações. Ficamos muito agradecidos por receber notícias todos os dias. Sempre dão informações completas. Eles ligam em número privado, e não podemos retornar a chamada. Mas eles estão certos, imagina se todos os familiares retornassem as ligações? Eu entendo. O esquema deles é muito bom”, elogia a recepcionista, moradora da Asa Norte.

Ajuda psicológica

O Decanato de Assuntos Comunitários (Dac) da UnB oferece ajuda psicológica gratuita para parentes de pessoas com COVID-19. São quatro grupos virtuais. Inscrições e mais informações em linktr.ee/dasu.

Palavra de especialista

Essas ações de comunicação entre parentes e os doentes internados são fundamentais. A COVID-19, em comparação a outras doenças também ameaçadoras da vida, tem o diferencial de não poder ter por perto familiares e outras pessoas queridas. O profissional de saúde acaba funcionando como uma presença afetiva e representando os familiares. Ao mesmo tempo, ele é, para os parentes, o canal de alívio da angústia de não saber o que está acontecendo com o paciente. Essas ações, então, são fundamentais nesse momento de pandemia de uma doença infecciosa.

É importante que reconheçamos que, para além dos tratamentos clínicos, a intervenção psicossocial é igualmente terapêutica. Existem grupos de orientação aos familiares dos parâmetros de tratamentos feitos pela equipe médica. É importante que os familiares entendam o que está sendo feito com o paciente. E depois, com o familiar em casa, é necessário manter as medidas de biossegurança e saber o que precisa ser observado, como fatores de agravamento.

A equipe de saúde tem de estar junto aos familiares para fazer os primeiros cuidados psicológicos e reduzir danos, porque a internação é um momento de muita angústia e preocupação. A covid-19 é uma doença que pode evoluir de maneiras diferentes de outras enfermidades. E, agora, com as novas cepas, a ideia de que só idosos se internam mudou.

É fundamental que voltemos todos os recursos afetivos e técnicos para enfrentar essa situação que, infelizmente, está fora de controle. A rede de solidariedade da comunidade tem sido muito importante.

Larissa Polejack, psicóloga, professora do curso de psicologia e diretora de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (Dasu), da Universidade de Brasília (UnB)

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:



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