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Estado de Minas ESPERANÇA

Mais de 19 mil pessoas se candidataram para teste de vacina na UFMG

Faculdade de Medicina da UFMG iniciará testes de segurança e eficácia da vacina candidata da Johnson & Johnson em 2 mil voluntários


07/10/2020 17:01 - atualizado 07/10/2020 18:49

Professores da UFMG explicaram como vai funcionar o ensaio clínico
Professores da UFMG explicaram como vai funcionar o ensaio clínico (foto: FOTO: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A. PRESS )

A corrida pela imunização da COVID-19 não para. Em Belo Horizonte, mais de 19 mil pessoas se candidataram para voluntariar e participar do ensaio clínico da vacina conhecida como Ad26.COV2.S, da Johnson & Johnson. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) será uma das responsáveis por esta fase, que deve ser iniciada daqui duas semanas, ainda sem data confirmada. A instituição será responsável por até dois mil participantes.

Essa é a primeira avaliação que a UFMG participa como centro colaborador da rede internacional CoVPN, que testará vacinas e anticorpos monoclonais para combater o vírus SARS-CoV-2 produzidos por diferentes empresas. O objetivo dessa rede é testar diferentes produtos com o máximo rigor científico possível para obter resultados imparciais. Outros países também vão fazer parte da testagem para somar a quantidade de 30 a 60 mil participantes necessários: Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, África do Sul e EUA. 

Nesta quarta-feira (7/10), os profissionais envolvidos nesse trabalho concederam coletiva de imprensa e explicaram que o estudo faz parte da fase 3 da vacina candidata. Ou seja, já houve outros testes que avaliaram sua segurança e imunogenicidade (capacidade de gerar respostas) em voluntários sadios, sendo esta a última etapa antes do registro junto às agências reguladoras para uso pela população geral.

O professor e pesquisador responsável pelo estudo na UFMG, Jorge Pinto, explica que a vacina funciona quando ela previne infecção (o que também é chamado de imunidade esterilizante), atenua ou modifica uma doença. No caso da COVID-19, sabe-se que a partir dos 40 anos de idade, a gravidade aumenta. “Se diminuir a gravidade sobretudo na população acima de 60 já é um grande feito, pois diminui as hospitalizações”, disse o médico.

Quando teremos a vacina?

Já o objetivo final é a imunidade coletiva (também conhecida como de rebanho), que deve ser avaliada daqui, pelo menos, dois anos, já que esta fase dura 24 meses de observação. No entanto, os pesquisadores se darão por satisfeitos caso a candidata vacinal previna a COVID-19 moderada ou grave.

“Se mostrar eficaz nisso, já será um grande feito. Principalmente após dose única, que torna em eventual aprovação, muito mais fácil a logística e distribuição em larga escala”, disse Jorge.

Durante o período de testes, o voluntário deve fazer seis visitas ao Hospital das Clínicas, onde haverá a coordenação da pesquisa.

“Esse é o cenário realista de qualquer vacina. A gente tem que seguir os preceitos básicos ditados pela ciência. Quando falamos de previsão de acesso à população inteira, falamos em dois anos. Pode ser que seja abreviado, todos torcemos para isso. Mas essa é uma corrida que todo mundo quer chegar na frente”, afirma o professor.

Como funciona?

Ela utiliza como vetor um adenovírus humano, sem capacidade de replicação, onde se insere o material genético do Sars-CoV-2. Segundo os especialistas, ela é uma vacina promissora pela potência imunogênica, já que foi estabelecido que uma única dose é suficiente.

Quem pode se candidatar?

Mesmo com 19 mil candidatos, as inscrições ainda estão em aberto. Podem se candidatar pessoas com mais de 18 anos de idade, sem limite superior de idade, preenchendo um formulário online. Haverá divisão por grupos, de acordo com as etapas da pesquisa. 

Inicialmente, a vacina será testada em pessoas sem patologias prévias, em grupos com menos ou mais de 60 anos. Após constatada a segurança do produto, haverá a segunda etapa com a testagem em pessoas da mesma faixa etária (grupo de 18 a 60 anos e o grupo de 60+), mas com alguma comorbidade (obesidade, problemas cardíacos, hipertensão arterial, etc.).

O diferencial desse estudo é que na seleção não há critério excludente de ocupação profissional, como ser profissional da saúde, por exemplo. A prioridade é para quem trabalha na linha de frente, tendo maior risco de infecção pelo vírus.

Outra preocupação é que a cobertura reflita, o máximo possível, a diversidade de um cenário real da população de acordo com a faixa etária, questões sociais, étnicas e de gênero.

“Trazemos essa sensibilidade da importância de que haja um equilíbrio na distribuição das vacinas”, disse Jorge.

Placebo ou vacina?

Como é comum em outros estudos de avaliação da eficácia de um produto, haverá um grupo comparador. Isso significa que os participantes serão divididos por sorteio entre aqueles que recebem placebo e os que recebem a vacina.

A vacina age de forma que a pessoa não manifesta a doença, mas o sistema imunológico vai reagir e criar anticorpos. O placebo é uma substância que não tem esse efeito, pois não vai ser reconhecida pelo sistema imunológico. Quando se coloca placebo, sabe-se que o sistema imunológico não vai reagir.

Dessa forma, se a vacina for realmente eficaz, o grupo placebo não vai adquirir imunidade, já o grupo que tomou a vacina estará imune. Isso prova que a vacina consegue o efeito esperado.

Este é um estudo duplo-cego, em que nem os pacientes nem os investigadores sabem o que receberam. Todos serão acompanhados por 24 meses e após a confirmação da eficácia da vacina, aqueles pacientes voluntários que receberam o placebo serão prioritários na distribuição da vacina efetiva.

Coronavac

Em paralelo à candidata vacinal Ad26.COV2.S, da Johnson & Johnson, a UFMG também testa a CoronaVac, possível imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan. No entanto, esta é restrita aos profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à pandemia de COVID-19.

O recrutamento de voluntários teve início em julho, no Distrito Federal e em seis estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Paraná. O estudo conta com 9 mil participantes cadastrados em 12 centros de pesquisa pelo país, incluindo a UFMG. Em Minas, o grupo reúne 852 pessoas.

Em BH, o ensaio clínico é coordenado pela equipe do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.


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