Adriano Gonçalves Mol deixou o hospital sob aplausos da equipe médica (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
“Graças a Deus estou ótimo”, comentou Adriano Gonçalves Mol, 58 anos, ao ter alta do Hospital Keralty Barreiro, em Belo Horizonte, na manhã deste sábado. O motorista de ônibus passou mais de 40 dias lutando pela vida após ser diagnosticado com a COVID-19, doença provocada pelo novo coronavírus. A esposa e um dos filhos, que tem 30 anos, também testaram positivo, mas não precisaram de internação. Hoje, recuperados, comemoram a vitória de Adriano, que desenvolveu a forma grave da doença e chegou a perder 30 quilos.
A família mora em Contagem, na Grande BH. A esposa do motorista, a diarista Helena Mol, 54 anos, conta que ele trabalhava normalmente (ele atua em viagens interestaduais) até começar a apresentar sintomas em 20 de maio. Segundo o hospital, na ocasião ele foi atendido, medicado e liberado para continuar o tratamento em casa, com todas as orientações. “Ele tinha cansaço, mais nada. Só uma indisposição e, depois, perdeu o apetite. O caso dele agravou no dia 24, quando o entubaram ”, conta Helena.
Esposa de Adriano, a diarista Helena Mol disse que o estado de saúde dele piorou em apenas quatro dias desde os primeiros sintomas (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Após a internação do marido, Helena e o filho foram orientados a realizar o teste e descobriram que contraíram a doença. A diarista conta que apresentou apenas perda de apetite, enquanto o rapaz não teve sintomas. Eles ficaram em isolamento em casa. Os familiares recebiam atualizações sobre o estado de saúde de Adriano por telefone. As ligações eram recebidas pela outra filha do casal. “Depois que ele saiu do CTI, vim para o hospital e fiquei com ele por 18 dias”, contou. Ela já estava recuperada quando passou a acompanhar o marido na unidade.
A cardiologista Déborah Eulálio dos Santos faz parte da equipe médica que acompanhou Adriano durante todo o período. Ela destacou que, por ser hipertenso, o motorista faz parte do grupo de risco. No Centro de Terapia Intensiva, ele chegou a depender de ventilação mecânica para respirar e também apresentou uma infecção, o que os levou a administrar medicações para manutenção da vida. Com o tempo, veio a melhora e ele foi transferido para a enfermaria, onde foi retirada a traqueostomia a sonda de nutrição. Os procedimentos foram realizados nos últimos dias.
A cardiologista Déborah Eulálio dos Santos falou sobre o tratamento do paciente, que é hipertenso (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Ela avalia que ele teve uma boa resposta imunológica. “Ele está saindo em um bom estado geral, vai voltar a andar, ganhar peso. Ele perdeu 30 quilos. Agora vai fazer fisioterapia, fez acompanhamento com a fonoaudióloga”, detalhou a profissional. A cardiologista também informou que nem a cloroquina ou outros medicamentos que vêm sendo citados como possíveis tratamentos para a COVID-19 foram usados nele.
“A gente tem tido, graças as Deus e à assistência precoce, boas respostas nos tratamentos. Ver um paciente que passou por toda essa situação, passou por todos os percalços, sair, é uma satisfação muito grande. É gratificante, ficamos muito contentes”, pontuou.
Alívio e conselho
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Em uma cadeira de rodas e segurando uma placa com os dizeres “Eu venci o COVID-19”, Adriano saiu sob aplausos dos profissionais que o acompanharam. Mesmo de máscara, era possível perceber o sorriso do motorista, que pôde ver o céu claro deste sábado ao sair ao ar livre após mais de um mês na cama de um hospital. “No início a cabeça roda, a gente não sabe de nada. Pra mim, fiquei 25 dias ‘morto’ na UTI”, disse. Ele destacou o bom atendimento do corpo clínico e fez um alerta à população. “Tem muita gente que não está respeitando (o isolamento social e medidas de segurança). Eu tinha muito medo de pegar e acabei pegando, e feio. Tem que tomar cuidado mesmo”, enfatizou. “Foi um milagre. Operamos tudo com a ajuda de Deus, dos médicos, tivemos muita força. Temos que agradecer a Deus e a todos, amigos, familiares”, completou a esposa, Helena.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.