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Estado de Minas COVID-19

Conheça as estratégias para conter avanço do vírus em vilas e favelas de BH

Líderes comunitários mapeiam famílias vulneráveis, dão dicas de higienização e fornecem alimento para que elas possam atravessar o período de isolamento


13/04/2020 06:00 - atualizado 13/04/2020 14:26

Juthay Nogueira, com os voluntários do Projeto Romper, distribui cestas básicas no Morro das Pedras
Juthay Nogueira, com os voluntários do Projeto Romper, distribui cestas básicas no Morro das Pedras (foto: Gladyston Rodrigues)
 
Belo Horizonte tem boa parte da população morando em vilas e favelas, onde o adensamento populacional e a deficiência na oferta de serviços sanitários tornam esses espaços ainda mais vulneráveis ao novo coronavírus.

Por essa razão, líderes dessas comunidades criaram estratégias para tentar conter o avanço da COVID-19. As lideranças fazem o mapeamento das famílias vulneráveis, repassam as dicas de higienização e têm buscado alimento para que as pessoas consigam atravessar o período de isolamento social sem não ter o que comer. Foi criado até uma forma de dar assistência afetiva e psicológica aos moradores, a Rede de Afeto.

“As ações são importantes para que as pessoas tenham condições de permanecer em casa. Elas precisam ter comida e condições higiênicas para se prevenir. Nossa ação visa dar amparo para essas famílias e contribuir com o seu bem-estar”, afirma Francis Henrique, presidente da Central Única das Favelas (Cufa Minas).
 
De acordo com a pesquisa Mães da Favela, realizada pelo Data Favela em março, nove em cada 10 moradores mudaram a rotina devido ao coronavírus. A pesquisa informa que 76% das mães, cujos filhos deixaram de ir para a escola, dizem que os gastos em casa aumentaram, e 37% delas trabalham como autônomas. No Brasil, são 13 milhões de pessoas vivendo em favelas.

A Cufa Minas pretende ajudar 150 comunidades em Minas
A Cufa Minas pretende ajudar 150 comunidades em Minas (foto: Traquilo Boys Filmes/Divulgação)

 
No maior conjunto de favelas de Belo Horizonte, Aglomerado da Serra, estão sendo feitos um conjunto de ações para que os moradores fiquem em casa: doações de cestas básicas, ajuda às pessoas que não têm acesso à internet para cadastro do auxílio emergencial do governo federal e para receber a cesta básica da Prefeitura de Belo Horizonte.

“Como essas pessoas poderiam se manter em casa quarentena sem ter o que comer?”, questiona Cristiane Pereira, presidente da Associação de Moradores do Cafezal, uma das comunidades do aglomerado que tem cerca de 120 mil habitantes.
 
Antes da pandemia, a associação atendia 35 famílias por mês com cesta básica. Na semana que as escolas fecharam, 20 a 26 de março, cadastrou 3 mil pessoas. “As 3 mil cestas estão garantidas. E vamos atender mais 1 mil.”

 
(foto: Traquilo Boys Filmes/Divulgação)
 
A partir das visitas, Cristiane percebeu que era preciso montar uma cozinha emergencial. “Quando começamos a distribuir cesta, vimos que algumas famílias não tinham gás de cozinha ou que a casa tinha pessoa idosa, deficiente e acamada, que não podiam cozinhar ou então até pessoas em isolamento. Vimos que era preciso montar cozinha emergencial para entregar marmitex para essas pessoas que não conseguem cozinhar”, explica.
 
Na avaliação de Cristiane, essas ações diminuem a fome e dessa forma fica mais fácil as pessoas ficarem em casa. Mas ela lembra que não é só isso, que é preciso que as casas tivessem mais conforto para atender os moradores. Isso não ocorre por serem casas muito pequenas para um número grande de pessoas.
 
(foto: Bruno Silva/Divulgação)

Meta


Uma das ações em Minas é coordenada pela Cufa Minas. A meta é levar alimentos e artigos de higiene para cerca de 3 mil famílias em 150 favelas. A ação pretende ser realizada tendo como orientação manter o mínimo de contato e respeitar a quarentena.
 
Outro projeto é Solidariedade Salva Vidas, desenvolvido em parceria pelo A Rebeldia, Grupo Cultural Raízes, MST e Casa dos Jornalistas. O objetivo é arrecadar cestas básicas e produtos de limpeza e higiene para distribuir para 2 mil famílias.

Parte dessa iniciativa inclui também 1 mil livros para compor as cestas básicas, doados pela Livraria Quixote+DO. Outra frente é a doação de máscaras. Os equipamentos de proteção facial estão sendo confeccionados por duas costureiras profissionais e moradoras do Alto Vera Cruz, de forma voluntária. Serão doadas 1 mil máscaras.
 
A Xeque Mate, bebida que foi sensação no carnaval de BH, pretende distribuir álcool 70º GL e cestas básicas para o Aglomerado da Serra, Conjunto Santa Maria e Morro das Pedras. A iniciativa também prevê a doação de cestas básicas.



Unificação


As lideranças estão unificando as listas das famílias beneficiadas. É o que ocorre no Aglomerado Santa Lúcia, onde foi estruturada uma rede para realizar a distribuição envolvendo líderes comunitários e a Escola Estadual Dona Augusta Gonçalves Nogueira.

“Estamos fazendo essa rede para que a distribuição fique justa. A nossa ideia é equilibrar a entrega de cestas para as famílias”, afirma o presidente da Associação do Aglomerado Santa Lúcia, Dan Carvalho.
 
Ele integra a ação de pessoas e instituições para que os moradores da comunidade possam ficar em casa. “A gente joga por terra o que eles estavam dizendo, a pessoa morre da doença ou morre de fome. Todas essas lideranças têm responsabilidade suficiente para mostrar que aqui ninguém vai morrer de fome”, afirmou.
 
No Aglomerado Santa Lúcia, a Casa do Beco lançou uma campanha on-line para arrecadar recursos financeiros. São convocados diversos embaixadores que ajudam, por meio do prestígio social, a alavancar a campanha. Com os recursos serão abertos créditos no comércio local para que as pessoas possam comprar alimentos, produtos de limpeza e higiene que precisem. 

Solidariedade 


Há 22 anos, toda a família de Jhutay Nogueira participa de projetos de solidariedade no Morro das Pedras. “Temos como missão transformar nossas dores em ação. Em situação de pandemia ou chuva, toda vez que acontece uma tragédia, quem sofre mais é a periferia. Para se ter uma ideia das últimas chuvas, até hoje, temos pessoas que não têm onde ficar. Não foi feito nada.”
 
Ela afirma que sempre teve como objetivo que todos os moradores da comunidade tivessem o que alimentar. Jhutay lembra que, como o Estado não chega, as lideranças assumem as responsabilidades. Eles devem distribuir 200 cestas. Também contribuem com a distribuição de verdura e frutas, doadas por um sacolão. “É um trabalho de formiguinha. É muito pouco. A gente sabe que tem muita gente precisando”, conclui. No entanto, no período de combate à pandemia, eles receberam volume maior de doações do que recebem geralmente no Natal, período já considerado de muita generosidade.

Enfrentamento


O infectologista Carlos Starling destaca a importância dessas ações para o enfrentamento do novo coronavírus na cidade. “A projeção (do avanço do coronavírus) não é boa. Em qualquer comunidade, onde há deficiência de sistema sanitário, grande concentração de pessoas, e onde muitas vivem num mesmo ambiente, isso é muito preocupante.”
 
Ele lembra que a COVID-19 começou nas classes A e B, em pessoas que podiam viajar para o exterior a passeio ou a trabalho, mas quando o vírus invade o ambiente urbano, mais cedo ou mais tarde, atingirá as comunidades. O infectologista alerta para as diversas ondas de transmissão do vírus.

Saiba como contribuir

  • As pessoas podem contribuir com qualquer valor por transferência bancária, financiamento coletivo ou comprando um ingresso solidário do projeto da Cufa. O dinheiro será transformado em vouchers em forma de QR code, distribuído por celular para os moradores cadastrados na Cufa Minas. Ele poderá ser trocado apenas por itens da cesta básica, produtos de limpeza, gás e higiene pessoal em mercados cadastrados dentro das comunidades. www.cufa.org.br
  •  Contribua com as ações da Rede de Afeto (@nossaredeafeto)
  • Qualquer pessoa pode contribuir com a campanha Solidariedade salva vidas. Os depósitos devem ser feitos na conta da Associação ARebeldia e o valor arrecadado servirá para comprar os produtos a serem distribuídos: Associação Arebeldia Cultural/CNPJ: 10.956.372/0001-40/Banco Itaú – 341/Ag 0781/ Conta corrente 02665-3
  • O projeto Xeque Mate Solidário está com financiamento coletivo aberto (https://evoe.cc/preview/1594)
  • No Morro das Pedras, as doações podem ir para Associação Projeto Romper na conta da Caixa/Agência 2187/Operação 003/Conta Corrente 6579-8/CNPJ 29.334.987/0001-62
  • No Aglomerado Santa Lúcia, você pode ajudar na campanha de financiamento coletivo criado pela Casa do Beco. Como ajudar: https://combatecovid.org/morro-do-papagaio.
  • No Aglomerado da Serra no projeto Associação no combate ao coronavírus, os contatos podem ser feitos pelo telefone (31) 98533-8417


O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

Especial: Tudo sobre o coronavírus 

Coronavírus: o que fazer com roupas, acessórios e sapatos ao voltar para casa

Coronavírus é pandemia. Entenda a origem desta palavra



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