Mulheres de 50 com rosto de 30 e jovens de 20 com aparência de 40; entenda
Porém, pouco se fala sobre o efeito reverso de operações mal indicados; especialista comenta sobre o universo dos procedimentos estéticos
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Siga noTentar adivinhar a idade de alguém pela aparência tornou-se uma aposta arriscada. Enquanto algumas mulheres acima dos 50 exibem um viço quase adolescente, outras, com pouco mais de 20 anos, já apresentam sinais de envelhecimento precoce ou traços artificializados que destoam da juventude natural.
Nas últimos semanas, uma pergunta circulou nas redes sociais e escancarou essa inversão de expectativas: “O que Kris Jenner fez no rosto?” Aos 69 anos, a matriarca da família Kardashian surpreendeu os fãs ao aparecer com a pele firme, traços reposicionados e aparência rejuvenescida, sem sinais óbvios de intervenções estéticas.
O que explica essa diferença? E por que, ao mesmo tempo, meninas muito jovens têm parecido mais velhas do que são?
Idade já não define mais a aparência
Segundo a dermatologista Renata Castilho, o fenômeno reflete a combinação de avanços tecnológicos, novos hábitos e mudanças culturais. “Hoje temos acesso a dermocosméticos de alta performance, rotinas de skincare mais difundidas, maior uso de protetor solar e uma alimentação voltada à saúde da pele. Além disso, os procedimentos estéticos se tornaram mais sutis e respeitam melhor a harmonia facial”, explica.
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Com esses cuidados iniciados precocemente e mantidos com regularidade, muitas mulheres maduras têm hoje uma aparência mais jovial do que outras mais jovens, que ignoraram a importância da prevenção.
Prevenção ou exagero?
Começar cedo pode ser benéfico — quando feito com orientação. “Iniciar um protocolo leve, com hidratação, proteção solar e estímulo de colágeno, ajuda a adiar os sinais do tempo de forma saudável”, diz.
No entanto, a busca precoce por procedimentos mais invasivos acende um alerta. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a procura por intervenções estéticas entre adolescentes de 13 a 18 anos aumentou 141% nos últimos cinco anos.
Boa parte dessa demanda é alimentada pela pressão estética nas redes sociais, que impõe filtros, padrões idealizados e a normalização de rostos editados digitalmente. O resultado: jovens que recorrem a preenchimentos, botox e até lifting facial antes dos 20.
Excessos
Pouco se fala sobre o efeito reverso de procedimentos mal indicados: eles podem envelhecer, em vez de rejuvenescer. “Preenchimentos exagerados com ácido hialurônico alteram o volume facial e artificializam a expressão. O mesmo ocorre com o uso indiscriminado de toxina botulínica, que paralisa músculos importantes e compromete a naturalidade dos movimentos faciais”, afirma a médica.
O resultado são rostos pesados, rígidos e sem expressão — o oposto da leveza associada à juventude.
Para Renata Castilho, o segredo está em respeitar o tempo e as características individuais. A idade cronológica é apenas um dos fatores a ser considerado. Mais importante é avaliar:
- Estrutura óssea e muscular do rosto
- Grau de envelhecimento da pele
- Hábitos de vida e rotina de cuidados
- Motivações reais para a intervenção
“Um procedimento bem indicado pode trazer resultados duradouros e sutis. Mas quando é feito apenas por pressão estética ou modismo, ele perde o sentido e pode comprometer o futuro estético da paciente”, alerta.
Envelhecer bem não significa apagar rugas ou competir com os 20 anos. A nova era da estética preza pela naturalidade, pela individualidade e pelas escolhas conscientes.
“Hoje, mais do que nunca, a aparência não tem relação direta com os números do RG. Mas isso não significa que todos devam buscar o mesmo padrão. O segredo não está em parecer mais nova a qualquer custo, mas em parecer bem consigo mesma — com o tempo, com a pele e com o que é seu de verdade.”