Casa da Ópera merece todos os aplausos. Bravo!
Mais antigo teatro das Américas em funcionamento, espaço no Centro Histórico de Ouro Preto celebra 255 anos com temporada cultural gratuita
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Siga noSó de passar pela porta principal você já se sente imerso em outro tempo. Tal sensação pode vir da pura magia do palco, do encantamento da arte ou da sedução que o espaço em forma de lira provoca e, em segundos, dá asas a nossa imaginação. Após o impacto inicial, estamos agora no interior do Teatro Municipal de Ouro Preto – Casa da Ópera, o mais antigo em atividade nas Américas.
Tudo é um espetáculo, de ponta a ponta. Neste mês, a Casa da Ópera comemora 255 anos e tem programação gratuita para festejar a data, fortalecendo, com maestria, a cultura de Minas e a riqueza arquitetônica da primeira cidade reconhecida, no país, como Patrimônio Mundial. No próximo sábado (21), às 20h, haverá apresentação do Coral Tutti & Coral Cantares, com entrada franca por ordem de chegada.
Estar neste ambiente tão especial, sentar nas cadeiras de palhinha, não significa apenas um momento para curtir e aplaudir os artistas. É também ótima oportunidade para se conhecer a história do teatro que recebeu nomes como o poeta Cláudio Manoel da Costa (1729-1789). Ele colaborou com o surgimento da casa e, nos primeiros anos de funcionamento, foi um dos assinantes dos camarotes, entre os quais havia outros envolvidos na Inconfidência Mineira.
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Erguido no Largo do Carmo, em área tombada desde 1938 pelo Iphan, o “teatrinho barroco”, como é carinhosamente chamado, tem formato de lira, sendo um dos poucos no mundo que recriam o instrumento. Estudos mostram que, no Brasil, o Teatro de Bonecos do Rio de Janeiro (1719) e o Teatro da Câmara de Salvador (1733) foram pioneiros, mas saíram de cena. Logo depois, veio a primeira Casa da Ópera de Vila Rica (antigo nome de Ouro Preto), demolida em 1752. A inauguração do teatro de Ouro Preto, em 1770, se deu em homenagem ao aniversário do então rei de Portugal, dom José I (1714-1777).
Construído pelo coronel João de Souza Lisboa, com provável projeto arquitetônico de Mateus Garcia, seguindo as linhas do barroco italiano desaparecidas na mudança da fachada em 1861, a casa guarda uma série de curiosidades de bastidores. Na época, apenas os homens podiam subir ao palco e faziam também os papéis femininos, travestidos, mas a Casa da Ópera quebrou essa tradição. Há registros de mulheres em cena, embora a rainha dona Maria I (1734-1816) proibisse tal prática.
Foi ainda espaço de espetáculos para a elite local e palco para atos políticos, como o de Rui Barbosa (1849-1923) na Campanha Civilista, no início de 1900. Em cena, no século 18, pela primeira vez no Brasil atrizes negras se apresentaram. Ao longo do tempo, a edificação sofreu várias alterações, com decoração remodelada em 1851. Já em 1983, numa reforma, foram descobertas pinturas antigas de autoria desconhecida, supostamente feitas entre 1854 e 1862, representando a comédia e o drama.
Restaurado plenamente, o teatro é uma joia de Minas e de Ouro Preto. Que tenha vida longa, e esteja sempre aberto para as artes e a visitação de brasileiros e estrangeiros.
SERVIÇO
Teatro Municipal de Ouro Preto
Casa da Ópera
Rua Brigadeiro Musqueira, 104, no Centro Histórico
l Horário de visitação: De segunda a sexta-feira, das 10h às 17h
l Informações: Telefone (031) 3559-3224 ou acessando ouropretomg.gov.br/turismo e no instagram @casadaopera
l Entrada (para visitação): R$ 5. Meia entrada para estudantes, professores e idosos
Pioneiro do Iphan será patrono...
O advogado, jornalista e escritor belo-horizontino Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969) será o patrono do 3º Festival Literário de Paracatu (Fliparacatu), a ser realizado de 27 a 31 de agosto. Expoente no setor cultural brasileiro no século 20, ele foi o primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), à frente do qual ficou por três décadas. Afonso Borges, idealizador e curador do Fliparacatu, destaca as raízes de Rodrigo na cidade do Noroeste mineiro. “A mãe dele, Dália Melo Franco de Andrade, nascida na cidade, era filha de Virgílio Martins de Melo Franco, político e intelectual influente, e de Anna Leopoldina Pinto da Fonseca, pertencente a uma das famílias mais prestigiadas de Minas, com forte presença na política, na literatura e na cultura”. Em 8 de março de 1897, Dália se casou com Rodrigo Bretas de Andrade, advogado, professor de direito criminal e procurador seccional da República. Rodrigo foi o primeiro dos três filhos do casal.
...do Festival Literário de Paracatu
A trajetória de Rodrigo Melo Franco de Andrade no serviço público federal começou em 1936, quando o então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (1900-1985), por indicação do escritor Mário de Andrade (1893-1945) e do poeta Manuel Bandeira (1886-1968), o convidou para organizar e dirigir o antigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan). A partir daí, a proteção dos bens patrimoniais do país passou a ser sua atividade principal, ficando em segundo plano a advocacia, a literatura, o jornalismo e a política. A implantação do serviço exigiu o cumprimento de diferentes tarefas, como a redação de uma legislação específica priorizando a introdução do instrumento do tombamento, preparação de técnicos e trabalhos na área, disputas judiciais e busca de uma consciência de preservação em nível nacional.
Parede da memória
Há 80 anos, terminava a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o conflito mais letal da história da humanidade: mobilizou mais de 100 milhões de militares e deixou cerca de 70 milhões de mortos. O Brasil entrou na guerra depois que navios nacionais, não de combate, mas comerciais, foram torpedeados e afundados por submarinos alemães. O ataque às embarcações, em 1942, desencadeou protestos no país. Em Belo Horizonte, milhares de pessoas participaram de manifestações na Praça da Liberdade (foto) e na Praça Sete. Homens e mulheres, civis e militares, carregavam bandeiras contra a ação de Adolf Hitler (1889-1945) e apoiavam o envio de tropas ao front, na Europa. A estimativa é que, durante o conflito, 50 navios brasileiros tenham se tornado alvo dos alemães. Conforme especialistas, o torpedeamento significou um tipo de sabotagem econômica, pois impediu que mercadorias exportadas pelo Brasil chegassem aos seus destinos – os países aliados (Estados Unidos, França, Inglaterra e outros).
Bonfim em destaque
“Réquiem para uma cidade em ruínas: Bonfim – MG” é o nome do livro de autoria do historiador Ricardo Carlos Ferreira. A obra resulta de minucioso estudo sobre as alterações ocorridas durante 10 anos, no Núcleo Histórico Urbano, após o tombamento, em 1997, dos bens edificados na cidade nascida nos tempos coloniais. Mineiro de Bonfim, Ricardo conta que o trabalho tem origem na sua dissertação de mestrado defendida no programa de pós-graduação em Ambiente construído e patrimônio sustentável da Escola de Arquitetura da UFMG. Quem assina o prefácio é o arquiteto e professor Flávio Carsalade. O livro está disponível no site da editora Fino Traço.
Novo acadêmico
O arqueólogo e escritor Fabiano Lopes de Paula é o mais novo integrante da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (Amulmig), existente há 62 anos e com sede no Bairro Mangabeiras, em BH. Representando Montes Claros, o neoacadêmico ocupa a cadeira 356, cujo patrono é o escritor, jurista e jornalista mineiro Agenor Fernandes Barbosa. Na posse, Fabiano foi saudado pela acadêmica Maria Barjute Simão Assaf Bacha, da diretoria da entidade.
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Tradição dos tapetes
A próxima quinta-feira (19) será de procissões, missas e outras cerimônias na Festa de Corpus Christi, que se traduz pela celebração do “mistério da eucaristia”. Na capital e no interior, como em Jaboticatubas, é dia de ornamentar as ruas com os tapetes devocionais para a passagem do cortejo com o Santíssimo Sacramento. Serragem, borra de café, flores e papel picado são usados pelos voluntários das paróquias para cobrir as vias públicas. A festa foi instituída pelo papa Urbano IV, inspirado pelas revelações da freira belga Juliana de Mont Cornillon, em 8 de setembro de 1264.