Minas amplia teste do pezinho e aumenta atendimento especializado
Teste do pezinho passa a diagnosticar 60 doenças no estado e todas as regiões de Minas terão centros de atendimento especializado
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Siga noMinas Gerais concluiu a ampliação do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), mais conhecido como teste do pezinho, e é o primeiro estado do Brasil a detectar 60 doenças raras com o exame. Além da ampliação do diagnóstico, o estado passa a ter novos centros de atendimento.
O resultado da terceira fase da ampliação, anunciada em dezembro de 2024, foi divulgado pelo governador Romeu Zema (Novo), acompanhado do secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, e do secretário de Estado de Governo (Segov), Marcelo Aro, em uma coletiva na manhã desta quarta-feira (30/4) na Cidade Administrativa.
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Segundo Zema, a ampliação contou com um investimento de R$ 64 milhões e representa um avanço efetivo na atenção neonatal ao prevenir complicações graves, assegurar mais saúde às crianças e reduzir impactos futuros às famílias e ao sistema de saúde. “Se dependesse do tamanho de Minas e da quantidade de cidades, nós seriamos o último estado a implantar o teste de 60 doenças. Mas, por incrível que pareça, estamos sendo o primeiro”, afirmou o governador.
O exame é fundamental para identificar doenças raras de naturezas metabólicas, genéticas e infecciosas nos primeiros dias de vida dos bebês. O diagnóstico precoce dessas doenças amplia as opções de tratamentos ou terapias possíveis, a fim de amenizar os sintomas e proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes e às famílias.

O secretário de Estado de Governo (Segov), Marcelo Aro, participou da coletiva na manhã desta quarta-feira (30/4) na Cidade Administrativa
Desde 2022, o governo estadual investe na ampliação do teste. Em 2024, a segunda fase da ampliação elevou o número de doenças triadas para 23. Em fevereiro de 2025, outras 25 foram incorporadas e, agora, em abril, mais 12 condições foram incluídas, completando a terceira fase da expansão e alcançando a marca de 60 doenças detectáveis pelo teste do pezinho.
"Quem atua nessa área sabe que o diagnóstico é o primeiro passo, mas depois vem a medicação, o tratamento e todas as demais etapas. Então não adiantava correr com o diagnóstico sem conseguir dar continuidade, e isso tudo foi feito junto, até a gente chegar no ponto de hoje. É um avanço gigantesco", afirmou o secretário Marcelo Aro.
Novos locais de atendimento
Além da inclusão de novas doenças, o estado também investiu na ampliação e qualificação do atendimento, com educação permanente para profissionais de saúde, melhorias no acolhimento dos usuários e avanços logísticos no transporte de amostras e insumos.
Assim que for diagnosticada com alguma doença pelo teste, a criança é encaminhada ao tratamento multidisciplinar e têm acompanhamento contínuo permanente e integrado em centros de referência na rede pública estadual.
Com a ampliação do teste do pezinho, a Rede de Cuidado das Doenças Raras passa a incorporar novos centros de atendimento, como o Hospital Universitário Clemente de Faria, em Montes Claros, gerido pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), e outros hospitais universitários federais no estado, geridos pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
De acordo com o secretário de Saúde, a previsão é de que haja atendimento especializado nas cidades de Divinópolis, Lavras e Viçosa. “Ninguém precisará viajar para Belo Horizonte para tratar a doença. Todos as regiões de Minas terão um hospital referência em atendimento a doenças raras diagnosticadas pelo teste”, disse o governador.
Além disso, a rede de cuidado terá o apoio da teleconsulta, para que o atendimento possa ser feito inclusive à distância e alcance todos os municípios mineiros. Segundo Fábio, o maior desafio agora é garantir atendimento especializado em todos o municípios do estado.
Em Minas, já são referência em doenças raras o Hospital João Paulo II, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ambos em Belo Horizonte, e o Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Também fazem parte da rede os serviços da Atenção Especializada de doenças raras prestados no Hospital Júlia Kubitschek, da Fhemig e também na capital mineira, e no Centro de Especialidades Multiprofissionais Dr. Gê (CEM), em Bom Despacho.
Onde fazer o teste do pezinho
O exame está disponível em todos os municípios de Monas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A coleta do sangue para a triagem neonatal deve ser realizada entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê.
São 4.109 postos de coleta em funcionamento, sendo 4.014 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 95 maternidades cadastradas, voltadas especialmente para recém-nascidos internados em unidades com UTI Neonatal.
As amostras são analisadas pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico
(Nupad), da UFMG, o que, segundo o governo, garante agilidade nos resultados e encaminhamento imediato dos casos positivos para tratamento na rede SUS.
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O teste em Minas
Entre 1994 e 2024, o Nupad fez a triagem de 7 milhões de recém-nascidos. São cerca de mil testes realizados por dia. Mais de 8 mil bebês com doenças detectadas pelo teste do pezinho seguem em acompanhamento na rede estadual de saúde, segundo o governo de Minas.
A oposição a Romeu Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) reclama a autoria da proposta que ampliou a realização do teste do pezinho no estado. De autoria de Betinho Pinto Coelho (PV), o Projeto de Lei (PL) 904/19, sancionado em 2020 anexado a uma outra medida, alterava uma norma de 2016 acrescendo dispositivos às medidas de atenção à saúde materna e infantil no estado
Os dispositivos são referentes à realização de exames de triagem neonatal; à entrega dos resultados dos exames por meio de documento físico ou digital acessível pela internet ou mídia física; e à garantia de que hospitais, maternidades, clínicas médicas e demais estabelecimentos de atenção à saúde, públicos e privados, informem aos pais ou responsáveis pelo recém-nascido sobre a existência do teste do pezinho ampliado.