Amigo detalha as últimas apresentações de Lô Borges em Santa Tereza
Músico mineiro Pablo Castro lembra momentos marcantes e a última aparição pública de Lô Borges na esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis
compartilhe
SIGA
Lô Borges (1952–2025) e o músico belo-horizontino Pablo Castro estiveram juntos diversas vezes. A aproximação começou quando Lô ouviu o disco “Anterior” (2013), de Pablo, e o convidou para ir à sua casa. Queria confirmar se a música “O grande verão”, que ele havia tirado de ouvido, estava sendo tocada corretamente.
Missa de sétimo dia de Lô Borges será sábado na Igreja de Santa Tereza
Velório de Lô Borges em BH reuniu cerca de três mil pessoas
Em 2017, Lô chamou Pablo para a direção musical da turnê em que apresentou pela primeira vez ao vivo o cultuado “Disco do tênis”. Lançado em 1972, logo após o sucesso de “Clube da Esquina”, o álbum nunca havia sido levado aos palcos. “Ele me incumbiu dessa tarefa, de resolver o problema do Tênis. Foi a coisa mais importante que eu fiz com o Lô”, lembra.
Considerado hoje um disco de referência - citado por bandas internacionais como Arctic Monkeys -, o álbum trazia um nível de experimentação que dificultou, ao longo da carreira, sua inserção no repertório de Lô.
Pablo reuniu sua própria banda e ensaiou por três meses cada detalhe antes de cair na estrada. O show virou um DVD, gravado no Circo Voador, e está disponível no YouTube.
Leia Mais
Em dezembro do ano passado, Pablo fez um show no Bar do Museu Clube da Esquina, em homenagem a Lô, que compareceu na ocasião. Foi a última apresentação dele no local. “Ele estava superfeliz e, em determinado momento, invadiu o palco antes da hora combinada. Ia cantar só uma música, mas acabou fazendo cerca de seis”, conta Pablo. Lô deixou todo o cachê da apresentação para o amigo.
Já em cinco de maio deste ano, Pablo foi incumbido de levar Lô Borges pela última vez à célebre esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, em Santa Tereza. Aos domingos, o local vinha recebendo encontros musicais informais onde músicos se reuniam durante a tarde, montavam alguns instrumentos e faziam um som improvisado.
“Ele chegou pontualmente às duas da tarde, sentou com a gente de maneira muito informal, com aquele jeitão descontraído dele. Tomou um vinho, o que o deixou ainda mais à vontade”, relembra Pablo.
Lô ficou por lá por cerca de 40 minutos. “Hoje, parece que foi uma despedida, algo quase intuitivamente planejado”, conta. O artista morreu no último domingo (2/11), em decorrência de falência múltipla de órgãos, após 18 dias de internação por uma intoxicação medicamentosa.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
“Foi muito emocionante poder homenageá-lo em vida, na presença dele, com participação dele. Eu imaginava que faríamos isso outras vezes, porque ele tinha gostado muito da ideia, mas, infelizmente, os acontecimentos se precipitaram e ele acabou partindo”, diz.