Sem Tarcísio, não há convergência em apoio a Mateus em Minas
Em todo esse movimento, Flávio Bolsonaro tem a posição menos confortável. Poderá se defrontar com um leilão deserto – sem partidos interessados na anistia
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Tem preço a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Palavras em pratos limpos. Jair Bolsonaro lançou o filho para pressionar o Centrão e lembrar-lhe que a candidatura do clã inviabilizaria a opção Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou qualquer outro que orbita o bolsonarismo, como a de Ratinho Júnior (PSD). O “preço” da fatura: aprovação no Congresso Nacional da anistia ampla, inclusive a Jair Bolsonaro, aos condenados pela tentativa de golpe de estado. Em tal cenário, Flávio Bolsonaro sairia da disputa.
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Mas aí está o nó da questão. Aprovar a anistia ampla – que aliás é inconstitucional porque anistiar crimes contra o estado democrático de direito fere cláusula pétrea da Constituição Federal – traria, em seu bojo, a expectativa de que Jair Bolsonaro (PL) também reverteria a inelegibilidade e estaria nas urnas em 2026. Ocorre que afastar a família Bolsonaro da chapa ao Palácio do Planalto é o propósito de segmentos expressivos do agronegócio e outros setores produtivos, aos quais o Centrão representa. Por mais discordâncias e críticas que possam ter com o Supremo Tribunal Federal (STF), depois de uma tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro é percebido como fonte de instabilidade política, o que é ruim para os negócios.
Ao se afastar do projeto de anistia, foi propósito do Centrão seguir articulando com a candidatura alternativa de Tarcísio de Freitas (Republicanos) – se possível indicando a posição de vice na chapa – por considerá-la mais competitiva para enfrentar a reeleição do presidente Lula (PT). Ao retirar apoio ao projeto de Lei 2162/2023 – para o qual votou urgência – e respaldar a transformação da anistia em redução de penas, o Centrão mira precisamente o afastamento de Bolsonaro das urnas. Ao mesmo tempo, acenaria ao eleitorado bolsonarista com decisão que mandaria a maioria dos presos de volta para casa. Além disso, o sobrenome da família seguiria fora da chapa majoritária ao Palácio do Planalto.
Dizendo-se amigo pessoal de Flávio Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional da legenda, advertiu com todas as letras: Flávio Bolsonaro não é um nome viável para disputar a presidência em 2026. Para ele, a decisão não pode caber apenas ao PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas também aos aliados. Centrão e outros partidos que aderiram ao “projeto Tarcísio” querem pagar para ver: apostam que Flávio irá recuar se a direita que orbita o bolsonarismo não endossá-lo.
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Tal aposta parte, contudo, da premissa de que a família Bolsonaro esteja mais interessada em vencer as eleições, independentemente de estar encabeçando a chapa. Talvez, para o clã seja mais importante manter a liderança do campo político do que ganhar com um terceiro, que sequestraria a centralidade de seu comando.
Seja qual forem os desdobramentos do xeque aplicado por Bolsonaro a Michelle Bolsonaro e ao Centrão – até aqui com possibilidades de defesa – há desdobramentos em Minas Gerais. A candidatura de Tarcísio de Freitas, que é nacionalmente construída também por Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, ajudaria o vice-governador Mateus Simões (PSD) em sua tentativa de unificar o bolsonarismo ao seu leque de alianças da sucessão estadual.
Por um lado, o governador Romeu Zema (Novo) retiraria a sua candidatura à Presidência da República, compondo como vice na chapa de Tarcísio. E, em Minas, Mateus Simões pressionaria a direção nacional do Republicanos para retirar o senador Cleitinho (Republicanos) da disputa, pré-candidatura que ameaça mais a Mateus Simões hoje, porque impede o avanço dele ao eleitorado bolsonarista.
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Se a candidatura de Flávio Bolsonaro vingar, o PL tende a prospectar palanque próprio em Minas Gerais, – ou a apoiar Cleitinho – inviabilizando a aliança que o presidente estadual do PL, o deputado federal Domingos Sávio, e o também parlamentar Nikolas Ferreira (PL) estão costurando em apoio a Mateus Simões.
Em todo esse movimento, Flávio Bolsonaro tem a posição menos confortável. Poderá se defrontar com um leilão deserto – sem partidos interessados em articular pela anistia ampla, apostando que o próprio senador se encarregará de recuar de sua candidatura. A se confirmar tais eventos, restará a Flávio lançar-se ao sacrifício da disputa presidencial em voo solo ou enterrar de vez as condições da família de trucar a mesa de profissionais.
Posse solene
Embora Alencar da Silveira Jr. já tenha tomado posse em 1º de dezembro como conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE), a cerimônia solene será na manhã desta terça-feira. É esperada grande presença de deputados estaduais, ex-colegas dele. E, em particular, de olho em outras duas vagas abertas no TCE, de indicação de prerrogativa da Assembleia Legislativa, estarão presentes deputados que pleitearam a primeira indicação, mas abriram mão para facilitar o consenso em torno de Alencar: Thiago Cotta (PDT), Tito Torres (PSD), Ione Pinheiro (União) e Ulysses Gomes (PT).
Ministério Público de Contas
Além das duas vagas titulares de prerrogativa da Assembleia Legislativa, segue em aberto a titularidade da vaga aberta no TCE pela aposentadoria de Cláudio Terrão, do Ministério Público de Contas. Nesse caso, pelo regimento interno do TCE, a lista tríplice enviada ao Executivo é elaborada pelo plenário com a presença mínima de cinco conselheiros titulares. Com Alencar, agora serão quatro titulares. A escolha do conselheiro titular da Corte de Contas ocorrerá depois da próxima indicação da Assembleia.
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PPAG
Os projetos da Lei Orçamentária Anual (LOA) – PL 4.527/25 – e da revisão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) — atualizado anualmente — serão debatidos hoje na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária ampliada, que conta com membros de outras comissões da Casa. Se o parecer for aprovado, estarão prontos para votação em plenário em turno único. O PL 4.527/25 estima receita do estado para 2026 em R$ 127,15 bilhões, e a despesa em R$ 132,36 bilhões, portanto, déficit fiscal de R$ 5,21 bilhões, excluídas as chamadas receitas e despesas intraorçamentárias. Em relação à LOA de 2025, está previsto aumento de 10,57% para a receita e de 7,11% para a despesa. Além disso, é estimada redução de 39,28% para o déficit fiscal, projetado em R$ 8,6 bilhões para 2025.
Propag
O incremento da despesa é impulsionado, segundo justificativa do governo Zema, pela concessão de ajuda de custo aos servidores da segurança pública, o que vai consumir R$ 1,3 bilhão. Também está na conta o aumento do gasto com custeio, uma vez que o estado terá que aportar R$ 1,8 bilhão no Fundo de Equalização Federativa, após a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Contudo, a adesão ao Propag deve proporcionar uma redução de R$ 1,1 bilhão no pagamento de juros e amortização da dívida do Estado com a União em 2026. A amortização, os juros e encargos da dívida representam 4,26% das despesas de 2026, para as quais está estimada redução de 15,54% em relação a 2025, pela adesão projetada ao Propag.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
