Carine Castro Valle, dentista e proprietária da Castro Valle odontologia, alerta que antes de realizar o procedimento é necessário avaliar minuciosamente a saúde bucal do paciente

Carine Castro Valle, dentista e proprietária da Castro Valle odontologia, alerta que antes de realizar o procedimento é necessário avaliar minuciosamente a saúde bucal do paciente

(Castro Valle Odontologia)

Quem nunca ouviu por aí que o sorriso é o principal cartão de visita de uma pessoa? A procura por dentes alinhados, por meio do tratamento ortodôntico, é uma prática comum há tempos, não exclusivamente pela estética, mas, também, pela saúde. Décadas atrás, as cores dos dentes também eram uma preocupação. Nos últimos anos, porém, os procedimentos voltados à uniformização do tom do esmalte dental têm se popularizado e a procura ampliou.

O clareamento dental tem como finalidade, como o próprio nome indica, clarear o tom amarelado dos dentes, remover manchas e tornar a cor do esmalte mais uniforme. Anna Karolina Ximenes, especialista em dentística e estética, esclarece que existem dois principais tipos de clareamento dental: o caseiro e o de consultório.

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A profissional explica que, no caso do clareamento caseiro, o profissional, por meio do molde das arcadas, confecciona uma moldeira personalizada e seleciona a intensidade do gel clareador que será utilizado, em casa, pelo paciente, de acordo com as instruções do profissional. O clareamento de consultório é realizado pelo profissional no consultório, como o próprio nome diz. Nessa modalidade, o gel clareador é mais concentrado, o que acelera os resultados.

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“Algumas vezes, podemos conjugar os dois tipos, porém é importante ressaltar que o acompanhamento profissional deve acontecer durante todo o processo para que os resultados sejam seguros e satisfatórios”, salienta a especialista.

Carine Castro Valle, dentista e proprietária da Castro Valle Odontologia, alerta que, antes de realizar o procedimento, é necessário avaliar minuciosamente a saúde bucal do paciente, pois no caso de pessoas que têm muita sensibilidade, recessão da gengiva, em que a raiz está exposta, exigem mais cuidado e atenção. Ela ressalta que há quadros em que o clareamento pode ser contraindicado. “Se o paciente estiver em processo de doença periodontal, o clareamento não pode ser feito; primeiro tem que tratar a infecção. O paciente precisa estar estável para partimos para o procedimento.”

Quando feito em consultório, há casos em que o resultado pode ser notado após a primeira sessão, que costuma durar em torno de 40 minutos. Já nos casos de clareamentos caseiros, é necessário utilizar a plaquinha por cerca de sete a 10 dias, para que o resultado seja, enfim, percebido.

A duração do efeito dependerá dos hábitos do paciente. Para que o clareamento seja conservado por maior tempo, é necessário visitar o dentista de forma regular , pelo menos a cada seis meses, e preservar uma boa rotina de higiene bucal, escovando os dentes três vezes ao dia, após as refeições, além de evitar o uso de alguns produtos industrializados, que podem contribuir para o aparecimento de manchas, e do cigarro.

As especialistas alertam que a afirmação de que o clareamento dental causa sensibilidade nos dentes trata-se de um mito . Há situações em que a dentição experimenta maior sensibilidade durante o tratamento, mas nos casos em que a sensibilidade é aumentada pós-procedimento, o paciente poderia ter uma patologia que, por não ter sido devidamente tratada anteriormente, acabou afetada e ocasionou a sensibilidade.

Por que fazer o clareamento dental?

Anna Karolina Ximenes aponta que diversos fatores podem ser responsáveis pela pigmentação dental, e explica que as manchas são classificadas em duas classes: intrínsecas e extrínsecas.

“As pigmentações intrínsecas ocorrem durante a formação dental e estão relacionadas a fatores genéticos, medicamentos ou condições de saúde; nessa situação, os dentes nascem com algum tipo de pigmentação. As manchas que aparecem ao longo da vida estão relacionadas aos fatores extrínsecos, ou seja, substâncias que entram em contato com a superfície dental, por exemplo o consumo de alimentos e bebidas pigmentadas, tabagismo ou uso de produtos com tabaco e hábitos de higiene bucal inadequados.”

Carine Castro Valle esclarece que o clareamento dental é capaz de uniformizar pigmentações decorrentes de negligência da higiene bucal, alimentos industrializados com excesso de corantes, amarelamentos causados pelo hábito de fumar, mas não é eficaz no caso de manchas derivadas de fluorose dentária — manchas brancas consequentes do excesso de flúor.

“Nesse caso, para sair, o profissional tem que desgastar um pouco o dente e colocar uma resina ou uma lente de contato; então, o ideal é tomar muito cuidado com o excesso de flúor, que pode dar a fluorose. A gente usa a pasta de dente, mas não pode ingerir”, explica a dentista.

Carine ressalta ainda que o amarelamento dos dentes pode ser percebido com o avanço da idade, como um fator natural. “Eu faço uma analogia aos fios brancos do nosso cabelo — ao mesmo tempo que eles vão envelhecendo, os nossos dentes também envelhecem e surgem aquelas manchas amareladas, às vezes com desgaste, erosão e abrasão. Por isso, é muito importante visitar o dentista a cada seis meses para fazer o acompanhamento e o controle das manchas.”

 

Os riscos da ausência de supervisão

Não é difícil encontrar na internet receitas caseiras para fazer o próprio clareamento. Como uma espécie de DIY para customizar uma peça de roupa, há listas de produtos que, de acordo com quem publica, quando misturados, têm a capacidade de deixar o esmalte dos dentes mais branco. Além de diversos produtos, sem certificação da Anvisa, anunciados com a promessa de embranquecer o sorriso. As especialistas alertam para que essas práticas não sejam adotadas, uma vez que um clareamento dental não supervisionado poderá trazer sérios danos para a saúde de quem o faz.

“Existem diversos produtos vendidos no mercado que prometem o clareamento dental e, normalmente, são produtos extremamente abrasivos. Nesse caso, podemos causar danos irreversíveis ao esmalte dental. Por esses motivos, é fundamental entender que o clareamento dental é um procedimento que requer conhecimento técnico, avaliação individualizada do paciente e uso adequado dos géis clareadores”, alerta Anna Karolina.


O clareamento dental é contraindicado em casos de:

- Gestantes
- Lactantes
- Crianças e adolescentes em fase de desenvolvimento dentário
- Pacientes com alergia a algum componente dos produtos usados no procedimento

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte