ilustração de duas cabeças, uma com o cérebro com linhas embaralhadas e outro com linhas arrumadas

Saber a diferença entre sentimentos e emoções pode ser benéfico para gerenciar melhor o comportamento

Mohamed Hassan/Pixabay


A diferença entre sentimentos e emoções é um assunto frequentemente discutido na área de saúde mental. Embora esses termos sejam frequentemente usados de forma intercambiável, eles têm significados diferentes e entender essa diferença pode ajudar a orientar o comportamento humano de maneira mais eficaz. Renato Lisboa, neuropsicanalista, especialista em inteligência emocional, afirma que "numa análise superficial, podemos conceituar emoções como respostas psicofisiológicas imediatas a estímulos e emoções como interpretações cognitivas dessas emoções".

As emoções, de acordo com Renato Lisboa, são respostas automáticas e instintivas que ocorrem em resposta a certos estímulos: "São experiências psicofisiológicas intensos que envolvem alterações no corpo como o aumento da frequência cardíaca, elevação da sudorese e sentimentos de tensão ou relaxamento. Os exemplos de emoções incluem raiva, medo, alegria e amargura. As emoções são universais e têm fundamentos biológicos usuais em todas as culturas".

Já os sentimentos, explica o neuropsicanalista, são interpretações cognitivas das emoções, é individual e depende de fatores pessoais como experiências passadas, crenças, valores e percepções: "Os sentimentos são mais complexos e duradouros do que as emoções porque envolvem uma avaliação consciente e uma atribuição de significado pessoal à experiência emocional. Por exemplo, uma pessoa pode sentir amargura depois de uma perda, mas a forma como ela interpreta e lida com essa amargura pode variar dependendo de seus sentimentos individuais sobre a perda".

Gerenciar melhor o comportamento

Renato Lisboa destaca que saber a diferença entre sentimentos e emoções pode ser benéfico para gerenciar melhor o comportamento: "Ao reconhecer e compreender as emoções podemos identificar os gatilhos que desencadeiam certas reações emocionais e adotar estratégias de enfrentamento adequadas. Isso nos faz reagir com mais confiança em situações desafiadoras".
Ao aumentar a consciência do que é sentimento ou emoção, gera na pessoa a oportunidade de ter mais controle sobre a situação que experimenta e com isso possibilita o alcance de melhores resultados comportamentais: "Essa consciência emocional permite que a pessoa, por exemplo, reconheça suas reações automáticas e impulsivas, permitindo que ela refaça e pense antes de agir. Isso é especialmente importante em momentos de estresse, onde as emoções podem facilmente nos dominar e levar a comportamentos impulsivos ou prejudiciais", lembra o neuropsicanalista.

Renato Lisboa, neuropsicanalista, especialista em inteligência emocional

Renato Lisboa, neuropsicanalista, especialista em inteligência emocional, avisa que aumentar a consciência do que é sentimento ou emoção gera a oportunidade de ter mais controle sobre a situação que experimenta

Ivan Xavier/divulgação


Além disso, Renato Lisboa diz que quando a pessoa reconhece como se sente, faz com que ela trilhe a jornada do autoconhecimento, entendendo suas motivações, preferencias e necessidades: "Neste sentido, abrimos o leque de oportunidades para o processo de tomada de decisões mais alinhadas com os valores e objetivos pessoais, evitando comportamentos impulsivos e depreciativos".

Habilidades de comunicação e relacionamento

Renato Lisboa afirma que aprender a distinguir entre sentimentos e emoções também faz desenvolver habilidades de comunicação e relacionamento mais eficazes: "Aprendemos a expressar sentimentos com clareza e confiança, o que facilita o entendimento recíproco e promove relacionamentos saudáveis. Além disso, a “leitura de pessoas” que é a capacidade de reconhecer e validar as emoções dos outros contribui para a empatia e para fazer conexões significativas".
 
Conhecer o que é emoção e sentimento, pode ser extremamente positiva no campo da inteligência comportamental, pois permite que as pessoas tenham uma compreensão mais profunda de si mesmas e de suas reações emocionais: "Esse conhecimento certamente proverá uma base sólida para o autogerenciamento emocional e uma tomada de decisão mais acertada", avisa o neuropsicanalista.

Portanto, entender a diferença entre sentimentos e emoções é a chave para uma maior autoconsciência e autogestão emocional: "Isso nos capacita a gerenciar o comportamento de forma mais eficaz, promover relacionamentos saudáveis e uma melhor qualidade de vida. Ao cultivar esse entendimento, podemos adotar uma abordagem mais consciente e equilibrada para gerenciar as emoções e sentimentos, promovendo o bem-estar emocional e crescimento pessoal", recomenda Renato Lisboa.