O senador Alexandre Do Val (Podemos-ES) não soube dizer se a reunião que fez com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o ex-deputado federal Daniel Silveira (sem partido), onde foi proposta uma tentativa de golpe de Estado, teria ocorrido no Palácio da Alvorada ou na Granja do Torto.
O Palácio do Alvorada é a moradia oficial do presidente da República. Já a Granja do Torto é uma das residências mantidas pela Presidência, em estilo de casa de varaneiro, que no governo Bolsonaro era ocupado pelo então ministro da Economia Paulo Guedes.
Questionado pela equipe de jornalistas e comentaristas da GloboNews sobre o local da conversa, Do Val disse que chegou ao local com um carro da Presidência.
“Tudo começou quando o Daniel Silveira me chamou para conversar, me entregou um celular e disse que o Bolsonaro queria falar comigo. Queria saber se a gente podia conversar. Disse que não. porque estava em votação. Nunca estive com Bolsonaro. Nunca. E o Daniel ter ido lá. Com aquele histórico… pensei.. posso ir na sexta. E pensei: vou falar com o ministro Alexandre. Tenho todas as mensagens. Contei tudo para o Alexandre. E assim, fui”, contou o senador.
Questionado sobre o local, Do Val disse: “foi na Granja”. Depois, desconversou, Com a insistência dos jornalistas, disse por fim que a reunião ocorreu, na verdade, no Alvorada.
“Quatro anos como senador nunca fui lá [no Alvorada]. Quando cheguei lá com meu carro oficial, Daniel chegou com o carro da presidência. Entrei no carro da presidência porque Daniel queria ser identificado. Se foi aqui perto [do estúdio], sim foi no Alvorada”, concluiu.
Golpe de Estado
O senador Marcos do Val revelou em uma live em redes sociais, na madrugada desta quinta-feira (2/2), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o coagiu para que ele participasse de um golpe de Estado.
Em entrevista à revista Veja, do Val contou que foi escolhido pela sua proximidade com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o objetivo era gravar conversas na tentativa de flagrar alguma fala "comprometedora" de Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que teria interferido nas eleições. Com isso, Bolsonaro conseguiria, supostamente, anular o resultado das eleições.
Ideia surgiu de Silveira
O senador alega que ficou assustado, pois nunca defendeu um golpe. Para ele, a ideia foi instigada por Daniel Silveira.
"Sei que o Daniel troca muita informação com o presidente, e talvez isso tenha influenciado de alguma maneira o que aconteceu. O Daniel disse que eu ia salvar o Brasil e o presidente repetiu. O Daniel estava lá instigando e o presidente comprou a ideia. Não consigo imaginar alguém vindo ao meu gabinete para tratar de um assunto desse. Uma coisa meio irracional", disse.
Qual a participação de Marcos do Val?
Apesar de não ter aceitado participar da ação, ele acredita que foi escolhido por sua proximidade com o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com os relatos do senador, apenas cinco pessoas sabiam do plano.
"Muita gente sabe que tenho uma ligação com o ministro Alexandre de Moraes. Quando ele foi secretário de Segurança de São Paulo, e o Geraldo Alckmin era governador, fui contratado para dar treinamento para a polícia paulista. Não somos íntimos, mas temos um excelente relacionamento. Por isso - e também por dever cívico e de consciência -, relatei a ele o que estava acontecendo. Era a coisa certa a ser feita", finalizou.