(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas DEBATE NA BAND

Lula e Bolsonaro fazem debate acirrado, mas com propostas

Primeiro embate do segundo turno trouxe discussão de temas como meio ambiente, pandemia, corrupção, educação e economia. Confira os principais pontos


16/10/2022 23:50 - atualizado 17/10/2022 19:25

Bolsonaro e Lula em debate da Band
Debate teve formato que permitia que candidatos circulassem pelo palco durante embate direto (foto: Nelson Mota/AFP)


Bernardo Estillac

Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estiveram frente a frente pela primeira vez no segundo turno na noite de domingo (16/10) durante debate promovido por pool formado pelo portal UOL, o grupo Bandeirantes, a Folha de S.Paulo e a TV Cultura. Com cerca de duas horas de duração e metade deste tempo destinado a embate direto, os presidenciáveis usaram o espaço para discussão de propostas e comparações entre as gestões do rival no Palácio do Planalto.

O petista concentrou os ataques ao atual presidente na gestão da pandemia, enquanto Bolsonaro fez da corrupção e pautas de religião e costumes como tema das perguntas ao adversário. Em encontro mais propositivo e menos agressivo do que nos debates do primeiro turno, os adversários travaram algumas ofensas pessoais relacionadas sobre mentiras e fake news.

Lula e Bolsonaro chegam ao segundo turno após eleição marcada pela polarização já na primeira etapa, com o petista somando 48,43% dos votos válidos (57,2 milhões) e o presidente 43,20% (51 milhões). Com as pesquisas apontando para nova decisão apertada nas urnas no dia 30, mais quatro debates estão previstos até o segundo turno, porém ainda não há a confirmação da participação dos candidatos.

Primeiro bloco


O debate começou com os candidatos respondendo a uma pergunta feita pelo jornalista Eduardo Oinegue, que os questionou sobre o papel do presidente no direcionamento do orçamento do país. Nas respostas, eles abriram a série de críticas ao adversário. Bolsonaro afirmou que a bancada do PT na Câmara dos Deputados votou contra o auxílio emergencial. Lula desmentiu dizendo que o partido propôs a criação do programa antes do governo federal.

LEIA MAIS - Lula esgota tempo e Bolsonaro fala por cinco minutos sem interrupções

Na sequência, os candidatos tiveram 15 minutos cada para um embate direto com tema livre. Lula começou perguntando e questionou Bolsonaro sobre quantas universidades e escolas técnicas foram inauguradas na atual gestão. O presidente tergiversou e não respondeu, afirmando que não faria sentido abrir instituições porque elas ficariam fechadas devido à pandemia. Três minutos após o início da rodada livre de perguntas entre os participantes, Lula abordou pela primeira vez o tema da pandemia, que tomou a maior parte do bloco.

O petista criticou a gestão de Bolsonaro no enfrentamento à COVID-19 e focou as perguntas em episódios em que o presidente imitou pessoas morrendo com falta de ar e falas que colocaram em xeque a eficácia das vacinas.

“Eu não faço acusações mentirosas. São dados científicos. O senhor atrasou a vacina, depois tendo um processo inclusive de corrupção definido e denunciado pela CPI. E o fato concreto é que a sua negligência fez com que 680 mil pessoas morressem quando mais da metade poderia ter sido salva. A verdade é que o senhor não cuidou, debochou, riu, dizia que quem tomava vacina virava jacaré, virava homossexual, que não podia tomar vacina. O senhor gozou das pessoas, imitou as pessoas morrendo afogada por falta de oxigênio em Manaus”, disse Lula.

Bolsonaro se defendeu ao mencionar a compra de 500 milhões de doses de vacinas e afirmou que os momentos em que imitou pessoas com falta de ar foram adulterados. “O ‘riu’ é mais uma mentira tua, basta ver o vídeo quando aconteceu a questão da falta de ar. Vocês são especialistas em pegar vídeos, filmes, e cortar o pedaço que interessa para vocês”.

LEIA MAIS - Lula para Bolsonaro: 'Por que você não dá aumento real no salário mínimo?'

Ambos gastaram cerca de oito minutos de seus respectivos tempos discutindo a questão sanitária. Durante o período, os ataques pessoais foram relacionados a acusações de mentira. Lula chamou Bolsonaro de ‘rei das fake news’, enquanto o presidente se defendeu questionando a veracidade das críticas do petista. “Chega de mentira, vamos passar para outro assunto aqui”, falou o chefe do Executivo ao alternar o tema para a segurança pública quando tinha pouco mais de cinco minutos restantes reservados para fala.

Bolsonaro trouxe à tona a transferência para um presídio federal de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado pelas autoridades como líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A mudança ocorreu durante o atual mandato presidencial, e o candidato à reeleição insinuou que o evento não aconteceu durante o governo de Lula por ele ter relações com o crime organizado, teoria disseminada em grupos bolsonaristas na internet.

Jair Bolsonaro também associou a recente visita de Lula ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, a uma boa relação do ex-presidente da República com traficantes. O petista se defendeu dizendo ter criado cinco prisões de segurança máxima durante seu governo (2003-2010) e contra-atacou Bolsonaro tratando sobre suas relações com a milícia carioca, apontada como responsável pelo assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.

LEIA MAIS - Bolsonaro elogia Guedes: 'Lula, quem vai ser seu ministro da Economia?'

O Nordeste do Brasil, região onde Lula teve dianteira de quase 13 milhões de votos no primeiro turno, também foi tema do primeiro bloco. Os candidatos debateram a autoria das obras de transposição do Rio São Francisco, iniciadas nas gestões petistas e finalizadas sob Bolsonaro.

“Mas dizer que foi sua? Você acha que alguém acredita? Acha que o nordestino que está vendo a gente na televisão acredita que foi você que levou água?”, questionou Lula, ao passo que Bolsonaro afirmou que as intervenções estavam paradas e foram retardadas por conta de escândalos de corrupção nos mandatos do PT em Brasília.

O embate direto no primeiro bloco teve 28 perguntas e respostas - 14 para cada participante. Os candidatos administraram os 15 minutos de forma similar, sem grandes variações entre o tempo de fala.

Segundo bloco


No segundo bloco, os presidenciáveis responderam a perguntas de quatro jornalistas de veículos que formam o pool organizador do debate. A primeira a questionar foi Vera Magalhães, da TV Cultura. No primeiro turno, ela foi atacada por Bolsonaro, que a chamou de ‘vergonha para o jornalismo brasileiro’ ao ficar irritado com uma pergunta. Lula relembrou o fato ao começar a responder sobre seu posicionamento acerca da mudança da formação do Supremo Tribunal Federal (STF).

LEIA MAIS - Ao lado de Moro, Bolsonaro elogia Lava Jato: 'Voltará a ser uma realidade'

“Ô Vera, você vai ver que eu vou chegar perto da câmera que você falou, não vai ter nenhuma agressão minha a você”, disse o petista. Bolsonaro adotou tom amistoso ao iniciar a pergunta: “satisfação em revê-la”. Nenhum dos candidatos respondeu a questão de forma clara, mas ambos negaram intenção de mudanças na corte, tema que vem sendo ventilado por parlamentares apoiados pelo atual presidente.

A segunda pergunta foi sobre a gestão da Petrobras, a política de preços dos combustíveis e uma possível privatização da companhia. Bolsonaro usou seu tempo de resposta para tratar sobre as medidas tomadas em seu governo para reduzir o preço dos combustíveis via redução de impostos estaduais. Lula disse que acha uma ‘loucura’ abrir mão da petrolífera e salientou projetos para autossuficiência energética do país.

Os presidenciáveis voltaram a responder de forma furtiva quando foram questionados pela jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, acerca de medidas judiciais de combate à desinformação.

Lula citou 36 decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para retirada do ar de conteúdos falaciosos sobre sua campanha e disse que as outras disputas foram mais civilizadas pela ausência de conteúdos de desinformação. O petista também mencionou uma live feita por Bolsonaro na madrugada de domingo para explicar a fala sobre as meninas venezuelanas.

LEIA MAIS - Citado em debate, Maia chama Bolsonaro de 'pai do orçamento secreto'

Por sua vez, Bolsonaro leu uma decisão do ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, impedindo que a campanha do PT use o trecho de um vídeo em que ele afirma que ‘pintou um clima’ com menores de idade refugiadas da Venezuela. O vídeo viralizou no fim de semana e foi respondido em tom de defesa pelo presidente e membros de sua campanha. Foi a primeira vez que o assunto veio à tona no debate.

A quarta e última pergunta do segundo bloco foi referente ao apoio de parlamentares ao Executivo. O jornalista do UOL, Josias de Sousa, afirmou que Lula conseguiu governabilidade comprando deputados via Petrolão, assim como Bolsonaro com o orçamento secreto.

O atual presidente se defendeu afirmando que não tem gerência sobre as emendas de relator, como fez em debates anteriores quando o tema veio à tona. Já Lula falou sobre transformar o orçamento secreto em orçamento participativo, aberto aos cidadãos, mas se absteve de entrar no tema Petrolão.

Terceiro bloco


No terceiro bloco, os candidatos voltaram a ter 15 minutos livres para embate direto. Bolsonaro começou a rodada de perguntas insistindo no Petrolão e questionou dívidas acumuladas pela Petrobras em governos petistas. Lula seguiu a estratégia de debates do primeiro turno, admitiu a ocorrência de corrupção na estatal, mas disse que o combate aos crimes políticos não pode prejudicar o funcionamento das empresas e dos empregos.

O desmatamento na Amazônia também foi debatido no embate direto. Lula disse que seu governo registrou o menor nível de desmatamento histórico na floresta e foi contestado por Bolsonaro.

“Dá um Google em casa aí: "Desmatamento 2003 a 2006", quatro anos do governo Lula. Depois dá um Google: "Desmatamento, Jair Bolsonaro, 2019 a 22", disse o presidente, que voltou a falar sobre ameaça internacional à soberania brasileira na região.

LEIA MAIS - Prefeito do Rio rebate fala de Bolsonaro: 'Respeite o povo do Complexo'

Lula citou propostas para fiscalizar o garimpo ilegal e o avanço de agricultores sobre áreas da floresta e disse que pretende criar um “Ministério dos Povos Originários”, a ser comandado por uma liderança indígena.

Também no terceiro bloco, a fala de Bolsonaro sobre as venezuelanas menores de idade voltou a ser levantada. “Você devia ter deitado com a consciência muito pesada com o que você fez. Muito pesada, porque levantar uma hora da manhã para fazer uma live: "Eu não disse aquilo, eu não fiz aquilo". Quem te conhece, sabe que você fez”, disse Lula na terceira e última vez em que o assunto foi discutido no debate. O petista participou do debate com um broche de uma flor amarela no terno, em referência ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

O embate direto no final foi mais conturbado que o primeiro, com interrupções por parte dos participantes e um momento em que Bolsonaro pôs a mão no ombro de Lula, que tentou afastar o presidente. O controle do tempo também foi diferente, com o petista gastando os 15 minutos antes do candidato do PL, que teve mais de cinco minutos livres para falar sem réplica do adversário.

LEIA MAIS - Lula e Bolsonaro não assumem compromisso de combater fake news

Nos cinco minutos sem interrupções de Lula, Bolsonaro usou temas comuns à campanha, atacou países com governos de esquerda na América Latina (Venezuela e Nicarágua), acusou o adversário de perseguição religiosa e sugeriu que o petista deveria “ficar em casa curtindo a vida e não querendo voltar à cena do crime”.

Lula teve um pedido de direito de resposta atendido ao fim do terceiro bloco, o único da noite. Durante o debate, o petista solicitou a medida quatro vezes e Bolsonaro, duas.

Nas considerações finais, o atual presidente voltou a apostar na agenda de costumes, tratando sobre ideologia de gênero, liberação de drogas e aborto, associando os temas a Lula.

O petista foi o último a falar. Ele se defendeu das acusações de perseguição religiosa e encerrou focou em avanços sociais: “ele fica doido, porque só ele pensa que ele pode. Nós podemos e vamos querer comer um churrasquinho”, disse.

LEIA MAIS -  Lula para Bolsonaro: 'Acha que algum nordestino acredita no que diz?'



receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)