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Estado de Minas PENSAR

Clara Arreguy: conhecimento a favor dos livros

Desejo de se publicar fez a jornalista e escritora estruturar a própria editora, a Outubro Edições, que se destaca pelo controle rigoroso de qualidade


07/07/2023 04:00 - atualizado 07/08/2023 18:26
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Clara Arreguy
Clara Arreguy (foto: Ubirajara Machado/Divulgação)

 

Mineira de Belo Horizonte, a escritora e jornalista Clara Arreguy radicou-se em Brasília em 2004. Ela tem 28 livros publicados, entre romances, contos, crônicas, biografias e livros infantojuvenis. Atuou nos jornais “Estado de Minas” e “Correio Braziliense” e assinou crônica quinzenal na revista “Veja Brasília”. Mesmo antes de se aposentar do jornalismo, começou a estruturar informalmente a Outubro Edições, que foi formalizada em 2015 e por meio da qual já publicou 85 títulos, entre os próprios e os de outros autores.

 

O embrião da editora remonta ao início dos anos 2000, o que corresponde, segundo Clara, a uma primeira fase da Outubro. A motivação foi o desejo de publicar seus próprios livros, a princípio, e também de outros autores, posteriormente. “Meus primeiros livros saíram por editoras, mas houve um fechamento do mercado, foi ficando complicado publicar. Muitas editoras passaram a sequer responder às consultas quando você enviava um original”, recorda.

 


Ela salienta que, quando a resposta vinha, era invariavelmente um “não”. “Isso deixou claro que eu tinha dois caminhos: esperar que um dia alguma editora tivesse interesse em me publicar ou partir para a autopublicação. Se a motivação inicial era a busca por um espaço pessoal, aos poucos isso se mostrou como viabilidade de um serviço prestado para outros escritores”, aponta.

 

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Clara chama atenção para o fato de que não é uma empresária do ramo: os próprios autores é que custeiam a publicação de suas obras. “O que eu tenho a oferecer é o conhecimento. Presto esse serviço para quem quer se publicar e não sabe como fazer isso, porque eu sei. Não existe um investimento meu em obras dos outros, mas a prestação de serviço que faço por meio da Outubro viabiliza a publicação de obras interessantes, que circulam num mercado independente que é cada vez mais pujante”, destaca.

 

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Antes da formalização da editora, ela já havia lançado com a chancela da Outubro três títulos próprios – “Catraca inoperante”, de crônicas, e os romances “Rádio Beatles” e “Siga as setas amarelas: de bicicleta no Caminho de Compostela” – e também volumes de outros autores, como “De propósito” (poemas), de Túlio Romano, “Coração menino” (poemas) e “Dois dedos de prosa” (crônicas), ambos de José Henriques Maia.

 

 

Em 2015, com a formalização, a editora assumiu um novo perfil, mais profissional, com a publicação de “Cheio de graça – uma biografia de José Henriques Maia”, escrito por Clara, e “Minha trilha sonora – 40 anos de jornalismo cultural”, de Irlam Rocha Lima. É o que ela classifica como a segunda fase da Outubro, que desde sua criação até os dias atuais nunca teve um direcionamento temático ou de gênero – publica ficção e não ficção, infantil, adulto, romance, crônica, ensaio, biografia e outros gêneros, conforme aponta.

 

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“Não tem restrição, mas faço um controle de qualidade. Coisas que eu não gostaria de assinar, eu não publico. Sou muito criteriosa com revisão, com projeto gráfico, com capa, porque gostamos de fazer livros bem-feitos. Os profissionais que trabalham comigo são competentíssimos, e é isso que a Outubro tem a oferecer”, pontua.

 

Entrevista/Clara Arreguy

 

Quais os maiores desafios de ser uma editora no Brasil?

Um dos grandes desafios de ser escritor, editor, livreiro ou distribuidor é a venda. Fazer livro é fácil, vender não. Se produz às mãos cheias, mas como escoar isso é um problema – a comercialização, a distribuição, a venda, enfim, o fazer esse livro chegar às mãos dos possíveis leitores é o gargalo. Outra coisa é a sustentabilidade do seu negócio. Eu faço livros, mas não os distribuo, então preciso que esse círculo se complete para que o negócio seja sustentável. Meu negócio hoje está maior, faço livros de gente do Brasil inteiro, movimento muitos profissionais, então eu preciso que esse círculo gire; isso é a sustentabilidade.

 

Que livro ou autor, brasileiro ou estrangeiro, gostaria de ter sido a primeira a editar?

Se eu for falar qual o meu livro predileto, não tem erro, é o "Grande sertão: veredas" (de Guimarães Rosa), mas para tê-lo editado eu teria que ter nascido 30 anos antes do que eu nasci, então, pensando nos possíveis, eu diria que é "Torto arado" (de Itamar Vieira Júnior). De momento, é o que me ocorre.

 

Quais os próximos capítulos de sua editora?

Sou muito demandada, mas estou restringindo, sendo cada vez mais cautelosa com o que eu publico. Estou querendo me dar mais espaço, para produzir mais, focar mais na escritora do que na editora Clara Arreguy, da qual não posso abrir mão, porque a editora é que sustenta a escritora. Mas estou fazendo três coisas muito bacanas. Uma delas é um novo infantil meu, “Beto e suas gatinhas”, com ilustrações do Jô Oliveira, que é premiadíssimo. Outra coisa é que está para entrar na gráfica um livro, que é um ensaio, de um cara de Brasília, o Marcos Fabrício Lopes da Silva, que estudou Letras em Belo Horizonte. Esse trabalho parte de uma dissertação chamada “Machado de Assis: crítica da imprensa”, em que ele analisa as crônicas de Machado que têm a imprensa como tema. A terceira novidade, que estou em plena produção, é a reedição do meu primeiro romance, "Segunda divisão", que saiu originalmente pela editora Lamparina, em 2005. É um trabalho que marca os 18 anos da minha estreia como escritora, e que está esgotado. 

 


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