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Estado de Minas PANDEMIA

Muito rastreamento e pouca vacina: Austrália volta a ter lockdown após 'vida quase normal'

Surto considerado altamente contagioso leva o segundo Estado mais populoso da Austrália a novo confinamento para conter transmissão do coronavírus. A situação expõe o baixo nível de vacinação no país, em contraste com o eficiente rastreamento.


02/06/2021 23:42 - atualizado 02/06/2021 23:44

Melbourne, capital do Estado de Victoria, entrou em seu quarto confinamento(foto: EPA)
Melbourne, capital do Estado de Victoria, entrou em seu quarto confinamento (foto: EPA)
Com a vacinação lenta na Austrália, o segundo Estado mais populoso do país, Victoria, entrou em lockdown enquanto o governo busca controlar um surto da cepa B.1.617.1, conhecida como variante indiana e batizada de variante Kappa pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

O quarto confinamento imposto aos moradores de Melbourne, capital do Estado, vem depois de um cenário em que a vida havia voltado a ser "quase normal", segundo a descrição dos arquitetos paulistas Fabio Borges, de 39 anos, e Juliana Moraes, 38 anos, que vivem na cidade.

 

"O que aconteceu é que estávamos sem casos havia vários meses, e aí era quase vida normal. Só precisava usar máscara em transporte público e fazer o check-in com QR code (no celular) em restaurante e café", conta Borges, que vive lá há quase três anos.

Agora, no entanto, o governo já registrou um total de 60 novos casos na região, segundo os dados mais recentes, e alertou que a variante está se espalhando de forma mais rápida.

 

Borges destaca a diferença da gestão da pandemia em relação ao Brasil. Ele aponta que chama atenção a implantação de um lockdown em um cenário com um total de novos casos que é pequeno se comparado à situação do Brasil, que oficialmente registra atualmente uma média móvel de mais de 60 mil casos diários de covid-19. (Entenda aqui como a testagem insuficiente e desorganizada deixa Brasil no escuro para controlar a pandemia.)

 

"Como estava zerado (o número de casos), o governo fica em cima para não perder o controle. Aparece um caso e eles fazem algo para não alastrar", diz ele, que apoia a medida restritiva para controlar a transmissão.

 

O governo decretou confinamento em todo o Estado em 27 de maio, depois de ter registrado seus primeiros casos em quase três meses. Agora, uma semana depois, estendeu o período do confinamento em Melbourne, com pequenas mudanças, até 10 de junho.

 

"Eu sei que esta não é a notícia que todos querem ouvir, mas considerando os casos que temos... o governo não teve escolha", disse o primeiro-ministro interino, James Merlino.

 

"Se não fizermos isso (lockdown), essa coisa vai escapar. Essa variante de preocupação se tornará incontrolável e as pessoas vão morrer."

 

Agora, os habitantes de Melbourne estão obrigados a ficar em casa, exceto para saídas com propósito de trabalho essencial, compras, exercícios, assistência médica ou para tomar vacina contra a covid-19.

 

Fora da capital do Estado, as restrições serão relaxadas, com reuniões limitadas ao ar livre e a reabertura de restaurantes.


Os brasileiros Juliana Moraes e Fabio Borges, que vivem na Austrália, apoiam as medidas restritivas, mas lamentam ritmo lento de vacinação(foto: Arquivo Pessoal)
Os brasileiros Juliana Moraes e Fabio Borges, que vivem na Austrália, apoiam as medidas restritivas, mas lamentam ritmo lento de vacinação (foto: Arquivo Pessoal)

 

No entanto, Merlino alertou as pessoas para permanecerem cautelosas e disse que o governo rastreou mais de 350 lugares onde as pessoas podem ter sido expostas ao vírus.

 

Borges e Moraes, por exemplo, receberam por mensagem de texto do governo um alerta para checarem a lista de locais e horários em que pessoas infectadas passaram pela região em que eles moram para verificar se podem ter se encontrado.

 

O surto atual começou, segundo as autoridades, com um viajante que testou positivo dias após terminar a quarentena no sul da Austrália.

 

"Ninguém, ninguém quer repetir o inverno passado", disse Merlino, referindo-se à segunda onda de Melbourne no ano passado, que causou mais de 90% das mortes em todo o país.

 

O Estado promoveu um confinamento de quase três meses para levar a taxa de casos de volta a zero.


Borges recebeu mensagem de texto do governo alertando sobre casos de covid nas proximidades(foto: Reprodução)
Borges recebeu mensagem de texto do governo alertando sobre casos de covid nas proximidades (foto: Reprodução)

Vacinação lenta

O novo surto em Victoria chama atenção para o baixo nível de vacinação entre os australianos - tarefa que é de responsabilidade do governo federal.

 

Cerca de 15% da população da Austrália recebeu pelo menos uma dose da vacina, o que deixa o país fora do grupo dos 100 que mais vacinaram, segundo o ranking do Our World in Data. A Austrália aparece na posição 106 de 215 países, segundo dados de 1°/6.

 

A taxa de pessoas completamente vacinadas na Austrália é de 2%.

 

Borges e Moraes dizem que, se por um lado entendem e apoiam a necessidade do confinamento, lamentam o ritmo de vacinação.

 

"Tem que fazer esse abre e fecha até todo mundo ser vacinado. Acho que é essa a intenção. Mas é difícil entender por que não aceleram a vacina", diz Borges.

Moraes completa: "A sensação é assim: tem a vacina, a gente não precisava estar passando por isso agora."


Merlino: 'Se não fizermos isso (lockdown), essa coisa vai escapar. Essa variante de preocupação se tornará incontrolável e as pessoas vão morrer.'(foto: EPA)
Merlino: 'Se não fizermos isso (lockdown), essa coisa vai escapar. Essa variante de preocupação se tornará incontrolável e as pessoas vão morrer.' (foto: EPA)

 

O casal relata uma sensação de que o controle da pandemia no país parece ter levado alguns australianos a ansiarem menos pela vacinação em comparação a outros países.

 

"É outra realidade aqui. No Brasil, todo mundo conhece alguém que morreu. Aqui, não. A pessoa não tem familiar ou amigo que faleceu ou caso próximo. Ela fica tranquila, vê zero casos e escuta falar em reação da vacina", diz Borges.

 

Escassez de suprimentos e problemas de entrega vêm sendo apontados como responsáveis %u200B%u200Bpelos atrasos. E embora medidas tenham sido tomadas para acelerar o programa - como implantação de centros de imunização em massa e investimento na produção local -, o governo australiano está vendo seu sucesso no combate à covid-19 afetado por seu lento esforço de vacinação.

 

O desempenho da vacinação na Austrália contrasta, pelo menos até agora, com a gestão da pandemia em outros aspectos no país. A Austrália evitou, em grande parte, o nível de mortes por covid visto em outros países desenvolvidos devido a um sistema rigoroso de bloqueio rápido, controles de fronteira e restrições de circulação.

 

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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

 

Os chamados passaportes de vacinação contra a COVID-19 estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países.

O sistema de controle tem como objetivo garantir o trânsito de pessoas imunizadas e fomentar o turismo e a economia.  


Especialistas dizem que os passaportes de vacinção impõem desafios éticos e científicos.


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 


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