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Estado de Minas CHUVAS DE RISCO

Rios sobem e alertas de inundação se multiplicam em Minas

Temporais elevam volume de cursos d'água, provocam transbordamentos e obrigam as populações ribeirinhas a deixarem suas casas


12/01/2022 06:00 - atualizado 12/01/2022 08:04

Rio das Velhas
Águas do Rio das Velhas passam por cima da principal ponte do município de Jequitibá, onde o manancial atingiu ontem a cota de inundação (foto: Defesa Civil/Divulgação)


Não bastasse o triste cenário no qual famílias inteiras perderam quase tudo e ficaram desalojadas, as chuvas intensas que há semanas castigam Minas Gerais trazem à tona uma outra preocupação. O aumento do nível dos principais rios e seus afluentes passa a ameaçar a tranquilidade das cidades ribeirinhas em todas as regiões do estado, o que já mobiliza as autoridades na busca por soluções emergenciais.

Segundo monitoramento feito pelo Serviço Geológico do Brasil, Jequitibá e Santo Hipólito, dois municípios que compõem a Bacia do Rio das Velhas, atingiram ontem a cota de inundação. O primeiro superou os 11,80m, enquanto o segundo atingiu o nível máximo, ao superar 7,50m, de acordo com o último boletim.
 
No Norte de Minas, os municípios na calha do Rio São Francisco que já inundaram apresentam tendência de subida de níveis nos próximos dias. Pirapora entrou em cota de inundação, somando-se aos municípios de Pedras de Maria da Cruz, São Francisco e São Romão. Na Bacia do Rio Doce, o número de municípios inundados com previsão para os rios continuarem subindo reduziu – estão em cota de inundação e com tendência de elevação dos níveis nas próximas horas Governador Valadares, Tumiritinga, Galileia, Resplendor, Conselheiro Pena, Aimorés e Baixo Guandu.

"Estamos emitindo alertas para que pessoas que moram em áreas de risco saiam das suas casas (...). É uma situação muito difícil, mas o momento é de salvar vidas"

Coronel Osvaldo de Souza, coordenador estadual de Defesa Civil



O coordenador estadual de Defesa Civil, coronel Osvaldo de Souza Marques, explicou que o alerta se torna uma importante ferramenta para o período, pois auxilia a população a adotar um comportamento de autoproteção. “Estamos emitindo alertas para que a população ribeirinha e pessoas que moram em áreas de risco saiam das suas casas, vão para casa de parentes ou locais seguros. Dessa forma, conseguimos evitar que pessoas sejam afetadas, minimizando possíveis danos e tragédias. É uma situação muito difícil, mas o momento é de salvar vidas.”

A Cemig chegou a anunciar ontem que abriria as comportas da Usina Hidrelétrica (UHE) de Três Marias, mas desistiu da ação em virtude do risco de aumento das enchentes. A estatal alegou que a desistência permitirá diminuir os impactos da inundação no trecho do Rio São Francisco até Pirapora, reduzindo os efeitos de subida do nível que poderiam ser provocados pelo aumento de liberação do reservatório.
 
 
 Sabará
Nível do rio ainda alto em Sabará, que sofreu com as enchentes desde o fim de semana e passava ontem por limpeza (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 
“Esse aumento de vazões nos afluentes que alimentam o reservatório da UHE Três Marias resultou em um expressivo ganho em seu armazenamento, em curto período. As afluências (vazões que entram) ao reservatório na segunda-feira (10/1), atingiram patamares superiores a 5.000m³/s, com a perspectiva de chegar a 8.000m³/s hoje. Ainda na segunda-feira, a vazão liberada na usina foi ampliada para 850m³/s pela maximização da geração de energia na usina", informa a companhia. Diante da situação, para controlar a subida de nível do reservatório, que até as 7h de ontem se encontrava com volume de 72,68%, a empresa havia decidido começar a verter a água pelas comportas.

Desde o fim de semana, o transbordamento do Rio das Velhas também causou transtorno em Rio Acima, Sabará, Raposos, Nova Lima e Santa Luzia, na Grande BH, com bairros inteiros encobertos pelo manancial. Em Jequitibá, a prefeitura precisou interditar uma ponte que liga a cidade a Santana de Pirapama, depois que a água começou a invadir a pista. Não há previsão de liberação do trânsito. Santa Luzia também teve pontes interditadas justamente devido às cheias do mesmo rio. Bairros às margens estão tomados pelas águas. No Pantanal, por exemplo, alvo de sucessivas enchentes, todos os moradores já abandonaram os imóveis.

Interdição de ponte


O aumento de nível do Rio Paraopeba causou a interdição da MG-050, que liga a região de Vianópolis, em Betim, a Juatuba. No local, o rio atingiu a ponte que existe na estrada que liga as duas cidades. Na segunda-feira, o Corpo de Bombeiros resgatou 45 indígenas da comunidade Naô Xohã que estavam ilhados próximos às margens, em São Joaquim de Bicas. A aldeia Katurãma foi outra atingida pelo transbordamento, com perda de roupas, alimentos e colchões.

A Prefeitura de Brumadinho retirou de casa várias famílias que vivem em áreas de risco de inundação, devido à elevação do nível do Paraopeba. Por causa das fortes chuvas, o nível do rio na cidade chegou a 7 metros – o nível normal é 1,5 metro. Moradores dos bairros Campo do Rio e Cohab e das comunidades São José do Paraopeba e Melo Franco tiveram de deixar suas casas em função do alto risco de alagamento.
 
enchente em Governador Valadares
Nível do Rio Doce sobe para 1,75 metro e atinge estado de alerta, colocando cidades como Governador Valadares em risco de enchente (foto: Juninho Nogueira/Divulgação)
 
Governador Valadares decretou situação de emergência depois que o Rio Doce atingiu quatro metros. Segundo a Defesa Civil, pelo menos 55 mil pessoas moram em 20 bairros às margens do rio, população que é atingida direta ou indiretamente pelas cheias. 

O Rio Piracicaba foi outro que transbordou, rompendo parcialmente uma ponte pênsil e isolando moradores ribeirinhos na cidade de Nova Era, região central do estado.



Rio Paraopeba
Águas do Rio Paraopeba invadiram rodovia e ruas: moradores tiveram que deixar suas casas em alguns bairros de Betim (foto: Reprodução/Redes Sociais)



No limite


Cidades que atingiram a cota máxima de inundação

Rio São Francisco
» Pirapora
» Pedras de Maria da Cruz
» São Francisco
» São Romão

Rio das Velhas
» Santo Hipólito
» Jequitibá
» Raposos
» Rio Acima
» Sabará

Rio Doce
» Governador Valadares
» Tumiritinga
» Mário de Carvalho
» Nova Era
» Rio Piracicaba
» Ponte Nova

Rio Pomba
» Cataguases

Fonte: Serviço Geológico do Brasil

Obs: O sistema não monitora a Bacia do Rio Paraopeba e seus afluentes


Represa de hidrelétrica ainda é risco em Pará de Minas


A represa da Usina do Carioca
A represa da Usina do Carioca foi danificada pelas chuvas, o que gerou alerta para risco de rompimento (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Em estado de alerta em função dos danos que ameaçam de rompimento o reservatório de água da Usina do Carioca, a cidade de Pará de Minas, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, continuava mobilizada ontem para a retirada de moradores que vivem nas imediações da hidrelétrica, de propriedade da companhia de tecidos Santanense. Em vídeo, o prefeito Elias Diniz (PSD) informou que a situação de risco persiste e que foi recomendado que os moradores de Pará de Minas, Pitangui e Onça de Pitangui  que moram abaixo da estrutura, deixem as casas imediatamente, devido ao alto risco de inundação.
 
Na tarde de ontem, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) retirou pai e filhas, duas crianças, de 5 e 7 anos, da área rural em Onça do Pitangui. Eles foram levados ao aeroporto de Pará de Minas e depois para a delegacia, onde aguardam os familiares. Ainda de acordo com o prefeito, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMG), a Defesa Civil de Pará de Minas e a ONG Anjos do Asfalto estão fazendo ação conjunta para resgatar famílias no entorno da estrutura ameaçada.

“Precisamos pontuar que toda Pará de Minas e região está em estado de alerta porque o solo está encharcado, ou seja, saturado. Por isso, temos possibilidade de diversas barreiras e árvores caírem. Pedimos atenção dobrada”, afirmou o prefeito. No domingo, a prefeitura emitiu alerta máximo para os moradores do entorno da Usina Hidrelétrica do Carioca. Segundo o Executivo municipal, a estrutura, situada no distrito de Carioca, apresenta alto risco de rompimento.


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