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Estado de Minas CASO LORENZA

Carta da mulher do promotor revela depressão e suspeita de traição

Segundo a delegada Gislaine Oliveira, carta relata ainda desgaste na relação e problemas financeiros


30/04/2021 18:53 - atualizado 30/04/2021 19:38
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Carta encontrada em apartamento onde o casal morou antes de se mudar para o Buritis ajudou na investigação do feminicídio
Carta encontrada em apartamento onde o casal morou antes de se mudar para o Buritis ajudou na investigação do feminicídio (foto: Reprodução do Facebook e MPMG/Divulgação)

O promotor André Luiz Garcia de Pinho foi acusado pelo Ministério Público de Minas Gerais, nesta sexta-feira (30/4), de ter matado sua mulher, Lorenza Maria Silva de Pinho, no dia 2 de abril, no apartamento em que o casal morava com os cinco filhos.
“Lamento informar a todos que estamos diante de um feminicídio", disse o Procurador-Geral do Estado de Minas Gerais, Jarbas Soares, que presidiu o inquérito. 

Durante a investigação, uma perícia foi feita no apartamento em que o casal residia no Bairro Sion, antes de se mudar para o Buritis, onde ocorreu o crime. Lá, foi encontrada uma carta, com a letra de Lorenza, em que ela fala sobre o relacionamento do casal, que estaria se deteriorando.

 

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A delegada Gislaine Oliveira diz que a carta relata o desgaste no relacionamento do casal, e que Lorenza teria caído em depressão profunda depois da morte de sua mãe. “Passava a maior parte do tempo trancada em seu quarto”.

 

A carta revela que o promotor chegou a dizer que suspeitava de que a mulher o traía. Além disso, foi levantado que o casal passava por dificuldades financeiras, tendo sido despejados de um apartamento anterior ao que viviam.

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Lorenza relatava sobre sofrimento e reclamava da falta de atenção do marido para com ela e que não se relacionavam sexualmente havia cinco meses. 

 

Relembre o caso

Lorenza Maria Silva de Pinho morreu em casa no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte. O marido alegou que ela havia se engasgasgado durante o sono, após tomar remédios. 

 

No mesmo dia, logo após a confirmação do óbito por um médico, ele levou a esposa direto para a funerária e pagou pelo serviço de cremação. Familiares da vítima, no entanto, acionaram a Polícia Civil, que determinou que o corpo fosse encaminhado ao IML para a realização de exames. Legistas detectaram marcas na região do pescoço.

 

O casal tinha cinco filhos com idades entre 2 e 17 anos. Eles estão sob a guarda provisória do médico da família, Bruno Sander. 

 

Histórico familiar conturbado

Segundo a Polícia Civil, o promotor e a mulher chegaram a registrar ao menos 30 boletins de ocorrência contra o irmão de André Luís, que é advogado, após sofrerem ameaças e violências diversas. Ele teria se tornado hostil pelo fato de não ter sido apoiado durante o processo de separação de sua ex-mulher. 

 

Em 2012, André e Lorenza foram alvejados por tiros durante uma saída de carro. O irmão do promotor foi apontado como suspeito. Lorenza tinha uma medida protetiva contra ele.   

 

O que é relacionamento abusivo?

Os relacionamentos abusivos contra as mulheres ocorrem quando há discrepância no poder de um em relação ao outro. Eles não surgem do nada e, mesmo que as violências não se apresentem de forma clara, os abusos estão ali, presentes desde o início. É preciso esclarecer que a relação abusiva não começa com violências explícitas, como ameaças e agressões físicas.

A violência doméstica é um problema social e de saúde pública e, que quando se fala de comportamento, a raiz do problema está na socialização. Entenda o que é relacionamento abusivo e como sair dele.

Leia também:
 Cidade feminista: mulheres relatam violência imposta pelos espaços urbanos

Como denunciar violência contra mulheres?

  • Ligue 180 para ajudar vítimas de abusos.
  • Em casos de emergência, ligue 190.

Onde procurar ajuda

A mulher em situação de violência de qualquer cidade de Minas Gerais pode procurar uma delegacia da Polícia Civil para fazer a denúncia. É possível fazer o registro da ocorrência on-line, por meio da delegacia virtual. Use o aplicativo 'MG Mulher'.

Locais de atendimento e acolhimento às mulheres

  • Centros de Referência da Mulher
    Espaços de acolhimento/atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência. Devem proporcionar o atendimento e o acolhimento necessários à superação da situação de violência, contribuindo para o fortalecimento da mulher e o resgate de sua cidadania.

  • Casas-Abrigo
    Locais seguros que oferecem moradia protegida e atendimento integral a mulheres em risco de morte iminente em razão da violência doméstica. É um serviço de caráter sigiloso e temporário, no qual as usuárias permanecem por um período determinado, durante o qual deverão reunir condições necessárias para retomar o curso de suas vidas.

  • Companhia de Prevenção à Violência
    Dar acolhimento e segurança à mulher vítima de violência doméstica. Trata-se do corpo militar que atuava na Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD), criada em 2010, treinada para dar a resposta adequada à vítima de violência doméstica e atua em conjunto com outros órgãos do Governo de Minas Gerais.

  • Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs)
    Unidades especializadas da Polícia Civil para atendimento às mulheres em situação de violência. As atividades das DEAMs têm caráter preventivo e repressivo, devendo realizar ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal, as quais devem ser pautadas no respeito pelos direitos humanos e pelos princípios do Estado Democrático de Direito. Com a promulgação da Lei Maria da Penha, as DEAMs passam a desempenhar novas funções que incluem, por exemplo, a expedição de medidas protetivas de urgência ao juiz no prazo máximo de 48 horas.

  • Núcleos de Atendimento à Mulher
    Espaços de atendimento à mulher em situação de violência (que em geral, contam com equipe própria) nas delegacias comuns.

  • Defensorias da Mulher
    Têm a finalidade de dar assistência jurídica, orientar e encaminhar as mulheres em situação de violência. É um órgão do Estado responsável pela defesa das cidadãs que não possuem condições econômicas de ter advogado contratado por seus próprios meios. Possibilitam a ampliação do acesso à Justiça, bem como, a garantia às mulheres de orientação jurídica adequada e de acompanhamento de seus processos.

  • Promotorias de Justiça Especializada na Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
    A Promotoria Especializada do Ministério Público promove a ação penal nos crimes de violência contra as mulheres. Atua também na fiscalização dos serviços da rede de atendimento.

  • Serviços de Saúde Especializados no Atendimento dos Casos de Violência Doméstica
    A área da saúde, por meio da Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, tem prestado assistência médica, de enfermagem, psicológica e social às mulheres vítimas de violência sexual, inclusive quanto à interrupção da gravidez prevista em lei nos casos de estupro. A saúde também oferece serviços e programas especializados no atendimento dos casos de violência doméstica.

O que é violência física?

  • Espancar
  • Atirar objetos, sacudir e apertar os braços
  • Estrangular ou sufocar
  • Provocar lesões

O que é violência psicológica?

  • Ameaçar
  • Constranger
  • Humilhar
  • Manipular
  • Proibir de estudar, viajar ou falar com amigos e parentes
  • Vigilância constante
  • Chantagear
  • Ridicularizar
  • Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre sanidade (Gaslighting)

O que é violência sexual?

  • Estupro
  • Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto 
  • Impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar
  • Limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher

O que é violência patrimonial?

  • Controlar o dinheiro
  • Deixar de pagar pensão
  • Destruir documentos pessoais
  • Privar de bens, valores ou recursos econômicos
  • Causar danos propositais a objetos da mulher

O que é violência moral?

  • Acusar de traição
  • Emitir juízos morais sobre conduta
  • Fazer críticas mentirosas
  • Expor a vida íntima
  • Rebaixar por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole

Leia mais:

 


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