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Estado de Minas SABIA NÃO, UAI

Saiba como foi construído o Pirulito da Praça Sete, símbolo de BH

Obelisco, que já foi esquecido em lote vago e esteve na Savassi, foi esculpido em antiga pedreira de Betim. Cidade chegou a reivindicar volta do monumento


05/11/2021 15:00 - atualizado 04/08/2023 17:53
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arte sobre foto em preto e branco mostra pessoas andando e um bonde passando na Praça Sete, na década de 1920
Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, na década de 1920 (foto: Arte sobre foto do Arquivo EM)

Ele já foi impiedosamente pichado, teve gente acorrentada à sua base em ato de protesto, ganhou camisinha gigante em campanha contra a Aids, testemunhou centenas de manifestações políticas e sempre foi uma referência importante para os belo-horizontinos. O Pirulito da Praça Sete, marco do "coração" de Belo Horizonte, teve sua pedra fundamental lançada em 7 de setembro de 1922 e foi inaugurado em 7 de setembro de 1924. Sua história, iniciada em Betim, é recheada de fatos memoráveis, polêmicas e mudanças.

No início da década de 1920, quando o município vizinho a BH ainda se chamava Capela Nova de Betim, o obelisco foi projetado pelo arquiteto Antonio Rego e executado pela empresa do engenheiro Antônio Gonçalves Gravatá. O Pirulito da Praça Sete de foi construído numa pedreira de Betim e foi esculpido por ideia do então presidente do estado, Raul Soares. O motivo era a comemoração do centenário da Independência do Brasil (1822). Por isso o nome Praça Sete de Setembro.



 

Desde 7 de setembro de 1922, quando foi lançada a pedra fundamental, o obelisco com 13,57m de altura, atualmente no Centro da capital mineira, teve trajetória atribulada. Devido às proporções da peça de cantaria, dividida em blocos, foi necessária a construção de um trecho ferroviário específico para o transporte.

Segundo pesquisa de Luiz Henrique Garcia, doutor em história e professor de museologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o pirulito foi retirado da Praça Sete em 1962 pelo prefeito Amintas de Barros (de 1959 a 1963), para ficar abandonado num lote ao lado do Museu Histórico da Cidade, atual MhAB, na Cidade Jardim, Região Centro-Sul de BH.

Ver galeria . 11 Fotos Vista aérea da Praça Sete em 1938 mostra as frondosas árvores que ornamentavam a Avenida Afonso PenaArquivo EM
Vista aérea da Praça Sete em 1938 mostra as frondosas árvores que ornamentavam a Avenida Afonso Pena (foto: Arquivo EM )


Com a Praça Sete livre para o crescente trânsito de veículos, foi erguido ali um monumento executado por H. Leão Veloso com o busto de importantes personalidades da nova capital: Aarão Reis, Afonso Pena, Augusto de Lima e Bias Fortes. A homenagem ao quarteto ilustre ficou no local de 1963 a 1970, sendo levada para o Parque Municipal Américo René Giannetti.

Leia também: de Cidade de Minas e Bello Horisonte a BH: a história da capital mineira


Em 1963, o pirulito foi transferido para a Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi. Enquanto isso, de acordo com o professor Luiz Henrique, a Praça Sete se tornava “uma área asfaltada, sem qualquer marco de referência, ou, quando muito, uma guarita da Polícia Militar”. Somente em 1980, “depois de grande mobilização popular e reivindicação”, o obelisco retornou ao seu ponto de origem.

 

Transporte no trem e no bonde

Segundo a série de reportagens "A doce guerra do pirulito", publicada em 1976 pelo Diário da Tarde, dos Diários Associados, as autoridades de Betim chegaram a pedir o monumento de volta, tal o esquecimento a que foi relegado o obelisco naqueles tempos. As matérias contavam a saga que foi a produção da peça em Betim.

foto antiga em preto e branco mostra o pirulito da praça sete na savassi, região ainda sem prédios e começando a ser asfaltada
Na década de 1970, o Pirulito foi transportado para a Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi (foto: Arquivo EM)


"A pedra foi tirada inteiriça com uso de fogo elétrico e depois entregue aos talhadores, um dos quais é o senhor Divino Ferreira". E mais: "Muita gente sabe que ele foi transportado de Betim para Belo Horizonte pela empresa Emílio Señor, através do leito da Estrada de Ferro Central do Brasil. Para chegar até a Praça Sete, foi preciso construir um lastro ferroviário até o local, pois na época não havia caminhões e guindastes de grande porte em Belo Horizonte", relatava a reportagem à época.

Outra pesquisa mostra que foi montado um esquema especial, à noite, para não interferir no tráfego de veículos. As enormes pedras de cantaria foram transportadas de trem até o Bairro Lagoinha e, depois, de bonde até seu destino final.

Em 1977, o Pirulito foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), como monumento comemorativo do centenário da Independência do Brasil. Em 1994, ficou mais protegido, já que o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte tombou o conjunto urbano da Avenida Afonso Pena, incluindo a Praça Sete. 

 

Agulha de sete metros

De acordo com o Iepha/MG, o Pirulito da Praça Sete tem uma base clássica, em forma de pirâmide, e mostra uma placa de bronze do escultor João Amadeu Mucchiut com inscrição comemorativa. É formado por uma agulha de sete metros de altura, apoiada sobre pedestal quadrangular ornamentado por um poste em cada uma de suas quatro arestas.

foto antiga em preto e branco mostra o centro de BH na década de 1930, com ruas vazias, sem prédios e o pirulito da Praça Sete
Praça Sete, Centro de BH, na década de 1930: Pirulito da Praça Sete foi inaugurado em 1924 (foto: Arquivo EM)


O pedestal é composto por 28 peças de cantaria e dividido em três fiadas: a primeira, com 12 pedras, forma a base quadrada com 7,60m de lado e 70cm de altura; a segunda, com oito pedras, tem 4,99m de base e 53cm de altura; e a terceira, desenhada em curva, tem 2,40m de altura e 1,85m de largura.

Em 1997, o obelisco foi restaurado, retomando seu tamanho original de 13,57m (nos anos 1960, quando foi retirado da Praça Sete, teve oito centímetros da ponta quebrados), sendo usado na recuperação granito cinza de Sabará.


Linha do tempo do Pirulito da Praça Sete


1894 –Na planta original de BH, a Praça Sete tem o nome de Praça 14 de Outubro, data da criação da Comissão de Estudos das Localidades Indicadas para a Nova Capital

1922 – Praça recebe o nome de Sete de Setembro em homenagem ao centenário da Independência. Em 7 de setembro, é lançada a pedra fundamental do obelisco esculpido na antiga Pedreira Gravatá, em Betim

1924 – Inaugurado em 7 de setembro o Pirulito da Praça Sete. A ideia de instalar o monumento foi do então presidente de Minas, Raul Soares

1962 – Durante a administração do prefeito Amintas de Barros, obelisco é retirado da Praça Sete, ficando abandonado num lote ao lado do Museu Histórico da Cidade, atual Museu Histórico Abílio Barreto

1963 – Obelisco é transferido para a Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, e reinaugurado em 12 dezembro, data do aniversário de BH

1977 – Monumento é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha)

1980 – Pirulito retorna à Praça Sete, no Centro, depois de mobilização popular

1994 – Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte tomba o conjunto urbano da Avenida Afonso Pena, incluindo a Praça Sete 

2022 – O Pirulito da Praça Sete completará, em 7 de setembro, 100 anos do lançamento de sua pedra fundamental


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