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Estado de Minas COVID-19

Pesquisa vai além da cloroquina para combater o novo coronavírus

Comunidade científica se debruça para encontrar o tratamento contra a doença. Ensaios clínicos vão avaliar eficácia de medicamentos


postado em 12/04/2020 06:00 / atualizado em 12/04/2020 07:58

São necessários ainda vários estudos para desenvolver um método seguro para combater o vírus(foto: Frederico Bottrel/EM/DA Press)
São necessários ainda vários estudos para desenvolver um método seguro para combater o vírus (foto: Frederico Bottrel/EM/DA Press)


A cloroquina é apenas um dos medicamentos estudados por diferentes frentes da comunidade científica na busca de uma solução contra a COVID-19. “Como ele é um vírus novo, todos os achados são atuais, ou seja, não têm comprovação pelos métodos que se conhece bem, que são os chamados ensaios clínicos”, explica o infectologista Dirceu Greco, professor da Faculdade de Medicina da UFMG e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética.

Ensaios clínicos controlados para um tratamento em teste são realizados com dois grupos de pessoas: uma metade recebe o tratamento e a outra o placebo. Desta maneira, pode-se fazer o devido controle para avaliar sua eficácia.

“Porém, nenhum dos medicamentos está nesta fase”, comenta Greco, citando, além da cloroquina, o remdesivir, já testado no tratamento contra o Ebola, e o lopinavir/ritonavir, utilizado para o tratamento contra o HIV.
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou o ensaio clínico internacional Solidarity (Solidariedade), para comparar quatro opções de tratamento e avaliar sua eficácia contra a COVID-19. No Brasil, o Solidarity é capitaneado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). Em Minas Gerais, o Hospital das Clínicas, da UFMG, participa da iniciativa.
 
Em 31 de março o primeiro paciente brasileiro foi incluído no ensaio. “Uma quantidade enorme de pacientes vai participar, então a resposta, qualquer que seja, será robusta”, destaca Greco.
 
Também infectologista e professor da UFMG, Unaí Tupinambás afirma que, até o momento, não há nada comprovado em relação à eficácia de qualquer medicamento. “Há em curso um estudo grande em número de pacientes e esperamos que até o final da semana que vem haja uma luz no fim do túnel. Daí, poderemos comprovar se a droga A ou B poderá ser utilizada com mais segurança.”

Profilaxia


Em Belo Horizonte, o HC – ao lado dos hospitais Odilon Behrens, Metropolitano e Eduardo de Menezes –, participa de um estudo com o Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) com a cloroquina. “Mas é um estudo de profilaxia com profissionais de alto risco”, comenta Tupinambás. Durante três meses, em torno de 660 profissionais da saúde tomarão o medicamento. “Nossa expectativa é de que quem tomou não fique doente”, acrescenta.
 
O infectologista Carlos Starling, também da UFMG e integrante do Comitê de Combate à Pandemia de Coronavírus, comenta que os hospitais de Belo Horizonte que estão fazendo o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes de gravidade “moderada a alta”, o fazem de forma compassiva.

Segundo o infectologista Carlos Starling, o que tem sido discutido agora é tratar os pacientes mais cedo (foto: Arquivo pessoal)
Segundo o infectologista Carlos Starling, o que tem sido discutido agora é tratar os pacientes mais cedo (foto: Arquivo pessoal)


“Ou seja, aquele em que o médico acha que é indicado. O que tem sido discutido agora é tratar mais cedo os pacientes. Mas isto vai da disponibilidade da medicação e dos protocolos internos de cada instituição.”
 
Outro método que vem sendo testado é o uso do plasma. Grosso modo, retira-se o sangue de um paciente que escapou da infecção, separa-se o plasma, onde estão os anticorpos, e ele é injetado em um doente. Tal método já foi utilizado, com sucesso, em pacientes com Ebola. “É possível que funcione, mas não há, por ora, comprovação. Ela pode vir daqui a dois, três meses. Tudo tem risco, pois não se sabe a dose, o efeito colateral”, explica Greco.
 
Para o infectologista, a palavra que deve ser usada neste momento a respeito de qualquer tratamento é “prudência”. “Mesmo em situações de emergência, não dá para se passar por cima da ética.”



O que está em estudo


» Remdesivir – Foi previamente testado contra o Ebola. Gerou resultados promissores em estudos com animais para Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que também são causadas pelo coronavírus, sugerindo que pode ter algum efeito em pacientes com COVID-19.

» Lopinavir/Ritonavir – Tratamento licenciado para o HIV em estudo para identificar e confirmar qualquer benefício para pacientes com COVID-19. Embora existam indicações de experimentos de laboratório de que essa combinação possa ser eficaz contra a COVID-19, os estudos realizados até agora em pacientes com o novo coronavírus foram inconclusivos.

» Interferon Beta-1a – Utilizado no tratamento da esclerose múltipla.

» Cloroquina e hidroxicloroquina – São utilizadas no tratamento de malária e doenças reumatológicas, respectivamente. Na China e na França, pequenos estudos forneceram algumas indicações de possíveis benefícios do fosfato de cloroquina contra pneumonia causada pela COVID-19, mas precisam de confirmação por meio de ensaios randomizados.

Fonte: OMS

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

Especial: Tudo sobre o coronavírus 

Coronavírus: o que fazer com roupas, acessórios e sapatos ao voltar para casa

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