(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Sob risco de barragem, moradores de Macacos questionam mudanças em vouchers de alimentação

De acordo com a Vale, a alteração segue recomendações de isolamento social devido à pandemia do coronavírus


postado em 24/03/2020 16:04 / atualizado em 24/03/2020 16:41

Barragem B3 e B4 da Mina Mar Azul, da Mineradora Vale, em Macacos(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press - 04/04/2019)
Barragem B3 e B4 da Mina Mar Azul, da Mineradora Vale, em Macacos (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press - 04/04/2019)
Um acordo feito pela Mineradora Vale junto ao Ministério Público e à Defensoria Pública de Minas Gerais na última sexta-feira (20), em função do novo coronavírus, modificou a forma de recebimento do voucher-refeição distribuído às famílias afetadas pelas atividades da mineradora em São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

A alteração causou indignação entre a população, que se sentiu prejudicada pela conversão de vouchers em salários, já que, segundo moradores, a mudança diminui substancialmente o valor total recebido pelas famílias em um momento crítico como o da pandemia da COVID-19.

Esses vouchers eram distribuídos aos 3.711 moradores em uma escola local desde fevereiro do ano passado, quando a Vale soou o alarme da Mina Mar Azul e anunciou o aumento do nível de segurança crítica da barragem B3/B4. 

Famílias da região precisaram ser retiradas das áreas de risco pela mineradora, que a partir daí passou a entregar um talão com 14 folhas de vouchers, cada uma no valor de R$ 20, para serem utilizadas em duas refeições diárias — almoço e jantar — nos comércios do município.

De acordo com a Vale, tendo em vista as recomendações de isolamento social devido à pandemia do coronavírus, foi firmado o acordo que converte o voucher-refeição em pagamento, por meio de depósito em conta, de um salário mínimo por adulto, meio salário mínimo por adolescente e ¼ para crianças. 

Antes da decisão, no entanto, cada pessoa tinha à disposição o valor total de R$ 1.120 ao mês. Agora, com a mudança, os adultos passam a receber R$ 1.045 (redução de 6,7%), adolescentes, R$ 522,25 (redução de 53,4%), e crianças, R$ 261,25 (redução de 76,7%) mensais.

A empresa suspendeu também a entrega do voucher- refeição a partir dessa segunda-feira (23) até que as pessoas façam o cadastramento a distância, por meio de plataforma disponibilizada pela Vale. Também de acordo com a mineradora, o primeiro pagamento ocorrerá após a análise do cadastro.

A empresária Geruza França explica que moradores e comerciantes da cidade vêm sofrendo ultimamente com a debandada dos turistas e, consequentemente, com a falta de emprego e de renda. Segundo ela, que organizou um abaixo-assinado que já tem cerca de 300 assinaturas contra o acordo, os vouchers se tornaram a principal, se não a única, forma de alimentação de muitas famílias da cidade.

 “Estou me sentindo traída. A Vale resolveu aproveitar de um momento tão difícil, que é uma guerra contra uma epidemia tão séria, para tirar a alimentação da boca do povo”, afirmou. A empresária chama atenção também para as especificidades que dificultam o novo processo para os moradores do distrito. “A partir do momento em que você recebe em dinheiro, você precisa declarar Imposto de Renda e, as pessoas aqui são humildes e não sabem o que é isso. Elas não têm sequer conta corrente. Como vão preencher esse cadastro? Elas vão ficar sem receber”, completa.

Além disso, a não entrega dos vouchers também deve afetar o comércio de Macacos, já que eles se tornaram uma moeda local que movimentava mercados e restaurantes da região. Adélia de Almeida, 48 anos, afirma que a mineradora mudou a forma de vida do pequeno distrito e que a retirada dos vouchers fez com que os transtornos se multiplicassem. 

“Eles cortaram os vouchers para passar para o salário, mas aqui os comércios estão sobrevivendo dos vouchers. Eles aproveitaram o embalo da doença para fazer essa mudança, mas nós não queremos isso. Para o salário ainda tem que fazer o cadastramento e não tem previsão, nem eles sabem o que vão fazer com a gente. Nós, moradores, os comerciantes, todo mundo está sendo prejudicado. Muita gente perdeu o emprego, nossa vida nunca vai voltar ao normal, não temos mais liberdade e o trabalho da gente. Estamos nos sentindo prisioneiros da Vale", disse Adélia.

Em nota, a mineradora Vale informou que "o voucher recebido pela comunidade de Macacos era de uso exclusivo para a alimentação e condicionado ao gasto no comércio local, que atualmente está fechado em razão da COVID-19. O pagamento substitutivo será depositado mensalmente em conta. Adicionalmente, para auxiliar os atingidos, a Vale viabilizou o fornecimento de refeição, diariamente, em todas as acomodações dos hotéis e pousadas e a entrega de cestas básicas nas moradias temporárias."
 

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)