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Estado de Minas Combustíveis

Interior de Minas sofre mais, com gasolina acima de R$ 8,50 o litro

Postos de várias regiões do estado repassam, quase de imediato, parcela de reajustes aplicados pela Petrobras. Distância de refinarias sacrifica motoristas


12/03/2022 04:00 - atualizado 12/03/2022 07:40

Preços foram alterados logo que Petrobras anunciou aumentos
Depois de enfrentar filas para abastecer com preço antigo, motoristas pagaram ontem gasolina a R$ 7,69 em corredor de postos de BH, na Avenida dos Andradas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
As remarcações nos preços dos combustíveis, que foram repassadas, quase de imediato, às bombas em alguns postos revendedores de Belo Horizonte, logo após o anúncio das fartas correções nas refinarias da Petrobras, sacrificam mais o interior de Minas Gerais. Em municípios distantes das unidades de refinação do óleo, gasolina e diesel costumam chegar mais caros, a exemplo das cidades do Vale do Jequitinhonha, onde o preço do litro da gasolina vendida aos motoristas, ontem, ultrapassava R$ 8,50.
 
O combustível foi encontrado a R$ 8,59 o litro em posto de Coronel Murta, com seus 9,3 mil habitantes. A cidade está localizada a 591 quilômetros da Região Metropolitana de Belo Horizonte, servida pela Refinaria Gabriel Passos (Regap), instalada em Betim. Nos estabelecimentos revendedores da Grande BH, o site Mercado Mineiro registrava valores de R$ 7,92 pelo litro vendido aos motoristas.
 
Corredor de revendas na capital mineira, na Avenida dos Andradas, o litro da gasolina era vendido ontem a R$ 7,69. Em meio à disparada da cotação do barril de petróleo no mercado internacional, impulsionada pelos efeitos da guerra da Rússia na Ucrânia, a Petrobras corrigiu, ontem, seus preços nas refinarias em 18,8% para a gasolina, 24,9% para o óleo diesel e 16,1% na distribuição do gás de cozinha. A repercussão dos aumentos foi grande também entre os transportadores.
 
Ação civil foi aberta na Justiça Federal pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) para suspender os reajustes anunciados pela Petrobras. No processo, a entidade cobra explicações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a disparada dos preços.
 
Em várias regiões do estado, a reportagem do Estado de Minas apurou elevação dos preços já aplicadas às bombas, filas e muita reclamação dos consumidores. Os preços do litro da gasolina variavam ontem de R$ 7,59 em Montes Claros, município polo do Norte de Minas, a R$ 8,19 em Caratinga, no Leste do estado, e o litro do diesel S10 foi encontrado a R$ 6,99 em Ouro Preto, na Região Central de Minas.
 
Altos preços são cobrados pela gasolina no Vale do Jequitinhonha
Em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha, litro de gasolina cotado a R$ 8,59 surpreendeu os clientes (foto: Helena Queiroz/Divulgação )
Moradora de Coronel Murta, a professora Maria Helena Vieira de Queiroz pagou R$ 8,59 pelo litro de gasolina em um dos dois postos de combustíveis da cidade na manhã de ontem. Na outra revenda, a gasolina passou a ser vendida a R$ 8,49. Helena Queiroz disse que o reajuste vai sacrificar os gastos, pois, diariamente, ela roda pelo menos 94 quilômetros no próprio veículo para lecionar em duas comunidades rurais do município: Itira (35 quilômetros da área urbana) e Alagadiço (12 quilômetros da sede).
 
“A despesa com o transporte já consome grande parte do meu salário. Com o novo aumento (da gasolina), vai ficar mais puxado ainda”, afirma a professora. A despesa mensal com o deslocamento para trabalhar deve subir de R$ 700 a cerca de R$ 1 mil.
 
Em Uberlândia, no Triângulo mineiro, a reportagem encontrou preços de R$ 6,89 e R$ 7,99 pelo litro da gasolina comum. O universitário Nilton Menezes tentou fugir da fila, mas pagou o preço novo. “Ontem (quinta-feira) houve fila para abastecer sem aumento e eu não consegui abastecer meu carro. Hoje tive que aguentar esse preço”, reclamou. Ele pagou R$ 7,49 o litro. Confira a situação pelo estado.

Divinópolis e vizinhança No Centro-Oeste de Minas, enquanto em Divinópolis, maior município da região, o preço chega a R$ 7,59, em Itapecerica, distante 64 quilômetros, o consumidor pagava R$ 7,72. Na quinta-feira, alguns postos tinham aplicado o aumento na bomba. Em Cláudio, município de 29 mil habitantes, os motoristas também estão pagando mais caro. O preço do litro da gasolina comum subiu para R$ 7,61, e o do etanol, R$ 5,25. Na pequena São Sebastião do Oeste, que não chega a 7 mil moradores, a gasolina era vendida, ontem, para R$ 7,69. Quem opta pelo etanol para pagar mais barato precisa desembolsar R$ 5,22 pelo litro nos dois postos instalados na cidade, pertencentes ao mesmo proprietário.

'Absurdo em Varginha' Os moradores de Varginha, no Sul de Minas, já estão sentido no bolso o aumento do preço do combustível. O valor da gasolina na cidade subiu em média R$ 0,50, mas há posto que reajustou a tabela em R$ 1 e o preço chega a quase R$ 8. O etanol beira os R$ 5 e o diesel S10 os R$ 7. O motorista que pagava R$ 6,798 pela gasolina teve de desembolsar ontem R$ 7,498 pelo litro da gasolina, cerca de 10,2%. “Absurdo. É uma coisa que a gente tem que superar”, reclamou motorista que prefere não se identificar. Sem escolha,o jeito foi enfrentar fila nos postos para abastecer o carro.

Autuação no Triângulo Dois postos de combustíveis de Uberaba, no Triângulo Mineiro, cobravam, ontem, cerca de R$ 8 pelo litro da gasolina e acabaram autuados pelo Procon por prática abusiva e elevação injustificada dos valores. Filas de veículos dobravam esquinas em ao menos três revendas. Antes do reajuste de ontem, segundo o Setor de Fiscalização e Pesquisa do Procon municipal, a média do litro da gasolina na cidade era de R$ 6,70 e o álcool em R$ 4,34. Na vizinha Uberlândia, o litro da gasolina chegou a R$ 8, preço mais alto encontrado no município. Os motoristas enfrentaram fila e pagaram caro pelos combustíveis. Em Araguari, houve revendas reajustando o combustível em R$ 1, para vender o litro a R$ 7,49, pouco menos que os R$ 7,70 cobrados em Ituiutaba.
 
Ouro Preto e Mariana Para quem vai à sede da cidade histórica de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, e entra pela Rua Padre Rolin, sentido praça Tiradentes, percebe que o sobe e desce das ladeiras ficará mais caro. O litro da gasolina comum, para quem pagar à vista, foi encontrado a R$7,599. Na compra pelo cartão de crédito, o valor subia a R$ 7,699 e o Diesel S10 era vendido a R$ 6,999 o litro. Na vizinha Mariana, o estoque de diesel acabou antes do fim do expediente. A opção pelo pagamento no cartão de crédito renderá ao motorista a conta de R$ 7,942 pelo litro. Dono de um posto da cidade disse esperar redução do consumo.

Protesto em Valadares Os preços dos combustíveis nos postos das principais cidades da região leste de Minas sofreram reajuste ontem mesmo e o aumento gerou insatisfações. Os consumidores protestaram ao pagar R$ 7,79 pelo litro, ante o preço que vigorava de R$ 7,52. O taxista Edmilson Almeida, de Governador Valadares, contou a reportagem que colegas consideram a possibilidade de parar de trabalhar no ramo. Em Caratinga, o preço do litro da gasolina subiu de R$ 7,15 na quinta-feira para R$ 7,85 ontem. Há postos com tabela de até R$ 8,19 o litro. No Vale do Aço, o menor preço do litro da gasolina antes do aumento, na quinta-feira, era de R$ 6,99. Ontem, o preço do litro chegou a R$ 7,78.

*Participaram desse cobertura os repórteres Amanda Quintiliano, Camilla Dourado, Renato Manfrim, Tim Filho e Vinícius Lemos/Especiais para o EM
 
 

Perda para todos

No distrito de Lelivéldia, em Berilo, a 557 quilômetros de Belo Horizonte, tmbém no Vale do Jequitinhonha, o preço da gasolina subiu para R$ 8,50. A localidade, de 4 mil moradores, conta com dois postos de combustíveis. O mesmo valor está sendo praticado na sede do município, de 11,8 mil habitantes. Proprietária de uma farmácia em Lelivéldia, Rosemare Dias de Barros argumenta que o reajuste dos derivados de petróleo vai onerar muito o seu negócio.

“A gente já gasta muito com entrega. Agora, o custo vai aumentar mais ainda”, reclama a comerciante. “Temos uma funcionária que mora na zona rural e vem todo dia de carro para trabalhar. Ela já avisou que com o reajuste da gasolina, se o salário dela também não aumentar, ela não terá mais condições vir trabalhar”, informa Rosemare.

Em Araçuaí (36,7 mil habitantes),uma das principais cidades do Jequitinhonha, a 600 km de BH, o preço da gasolina chegou a R$ 7,99. Dono do Posto Cristal, o empresário Marcos Ursine afirma que os revendedores de petróleo não têm nenhuma participação no aumento dos produtos e que apenas repassam os índices de reajuste para os consumidores. “Às vezes, o consumidor acha que a culpa do aumento é do revendedor. Pelo contrário, a gente não deseja reajuste para que as pessoas possam comprar mais”, argumenta.

Na sua opinião, a correria dos motoristas aos postos toda vez que Petrobras anuncia reajuste dos combustíveis acaba sendo prejudicial para os próprios consumidores. “Pois, isso só gera especulação e todo mundo acaba perdendo”, completa Ursine. 
Em Montes Claros, cidade polo do Norte de Minas, o preço do litro de gasolina na bomba chegou até R$ 7,59 ainda na quinta-feira. Moradora da cidade, a design de interiores Milene Magalhães Alves salienta que a alta da gasolina no Brasil é ocasionada por causa da elevação do preço do barril de petróleo no mercado mundial, consequência da invasão da Rússia pela Ucrânia.

“Mas, quero ver quando a guerra acabar e o preço do petróleo cair no mercado internacional, se Petrobras vai baixar o preço da gasolina aqui pra gente”, afirma a design. Também em Montes Claros, o cirurgião-dentista Carlos Rogério Pimenta de Carvalho revela que, para tentar amenizar do impacto do reajuste dos derivados de petróleo deixou de comprar gasolina e passou a abastecer o carro com etanol. “A gasolina custando R$ 7,59 o litro. Mas, o etanol custa R$ 4,99 o litro, bem vantajoso.” (LR)

ENTENDA

Por que a guerra gerou o aumento da gasolina
 
O conflito no Leste Europeu impacta a economia mundial. Como cerca de 30% do petróleo brasileiro é importado e como a Petrobras segue a regra de paridade internacional de preços, para os importadores não mais compensava importar a um preço elevado para vender por muito menos dentro do Brasil.

Com isso, surgiu o risco real de desabastecimento de combustível já no início de abril, o que levou a Petrobras a reajustar os preços derivados de petróleo quinta-feira (10/03), segundo fontes do governo. O reajuste médio da gasolina foi de 18,8%. 
 
 
Trecho da BR-040
Tráfego pesado na BR-040: transportadores iniciaram movimento de paralisação, ainda sem bloqueio, para reverter reajuste da Petrobras (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 13/6/20)

Caminhoneiros em parada 'técnica'

Os aumentos nos preços dos combustíveis repassados, ontem, pela Petrobras levaram caminhoneiros e tanqueiros (transportadores de combustíveis) ao prometido movimento paredista dessas categorias. De acordo com Marlon Maués, assessor da Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (CNTA), se trata de uma parada técnica, sem bloqueios nas estradas.
 
“Hoje (ontem) há um descontentamento geral com a situação, seja por parte das transportadoras, do agronegócio e outros agentes da sociedade”, disse Maués, em entrevista ao “Estadão”. O preço médio do diesel passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro nas refinarias, com reajuste de 24,9%. Já a gasolina, sofreu alta de 18,8% aplicada pela Petrobras.
 
“O que temos de ter em mente é que não parou por aí. Daqui a pouco vem mais 11% de reajuste”, disse o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim. O gerente corporativo de Expansão e Tráfego da Patrus Transportes, Dangelo Menezes, disse que o aumento impacta de forma direta em todos do setor.
“Fica insustentável comprar o caminhão, manter um motorista e fazer as manutenções necessárias. Por isso, muitas empresas estão com a frota sucateada”, ponderou Menezes. Segundo ele, esse conjunto de fatores traz prejuízo até mesmo para as estradas, já que um caminhão com pouca manutenção gera mais desgastes no asfalto. (Com informações do Correio Braziliense)


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