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Estado de Minas CAMINHONEIROS

Paralisação dos tanqueiros continua nesta sexta e postos têm filas

Paralisação de transportadores de combustíveis já provoca desabastecimento em revendas de todo o estado. Bolsonaro fala em "bolsa-diesel"


22/10/2021 08:11 - atualizado 22/10/2021 12:09

Fila em posto de combustíveis no Centro de BH
Motoristas tentam abastecer em posto na Rua Tupinambás, Centro de Belo Horizonte. Guardas municipais ajudam a organizar a fila (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Os tanqueiros, caminhoneiros responsáveis pelo transporte de combustíveis, mantêm paralisação nesta sexta-feira (22/10). O movimento teve início à meia-noite de ontem, antes da greve geral anunciada pelos condutores para 1º de novembro contra os aumentos de preços dos combustíveis e a incidência do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). 

Ver galeria . 12 Fotos Caminhões-tanque parados na refinaria Raizen, em Betim, na Grande BH, no segundo dia da paralisação dos tanqueirosLeandro Couri/EM/DA Press
Caminhões-tanque parados na refinaria Raizen, em Betim, na Grande BH, no segundo dia da paralisação dos tanqueiros (foto: Leandro Couri/EM/DA Press )


Nessa quinta-feira, alguns  tanqueiros começaram piquetes na porta das distribuidoras que ficam em Betim , na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ainda ontem, por meio de nota, a Polícia Militar (PM) informou que vem fazendo a  escolta das carretas de combustíveis  até pontos seguros e que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) realiza a  escolta aos aeroportos . Até o início da manhã de hoje, o movimento era tranquilo e sem ocorrências, conforme a polícia.

Caminhão sob escolta em Betim
Caminhão escoltado por viatura na manhã desta sexta-feira na Grande BH (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Um tanqueiro ouvido pelo Estado de Minas e que pediu para não ser identificado confirmou nesta manhã que há alguns condutores e donos de postos enchendo os veículos nas distribuidoras com o acompanhamento da polícia e até com segurança particular contratada. Mas, segundo ele, é um número muito pequeno. 

Hoje, havia filas de motoristas para tentar abastecer em alguns postos da capital, como ao longo da Avenida Cristiano Machado, uma das principais vias de ligação do vetor Norte da capital ao Centro. 

Tanqueiros parados durante protesto em Betim
Caminhões nesta manhã em posto de distribuição de Betim, na Grande BH (foto: Divulgação)


Além de Minas Gerais, até ontem a paralisação ocorria em mais cinco estados. Na tentativa de evitar a greve em novembro, que pode ter consequências drásticas para a economia, como ocorreu em 2018, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu uma espécie de “auxílio” aos 750 mil transportadores de derivados do petróleo, como compensação diante da alta do óleo diesel. Porém, não deu detalhes sobre a medida, que, segundo o presidente, será anunciada “nos próximos dias”. 
 
A paralisação em Minas comprometeu o abastecimento na rede de revendedores. Em nota distribuída no começo da noite de ontem, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro) admitiu o desabastecimeto, ao informar que postos com estoques reduzidos já foram prejudicados em todas as regiões do estado. No meio da tarde de ontem, já faltava gasolina em revendas da região Centro-Sul de Belo Horizonte e motoristas faziam fila em estabelecimentos da capital, o que se intensificou à noite.

Fila de motoristas para abastecer em posto na Região Centro-Sul de BH
Em revendas como posto da Rua Pium-í, na região Centro-Sul da capital, motoristas formaram filas a partir do fim da tarde, quando a escassez de combustível já era observada (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)


Como parte da operação do governo para desmobilizar a greve anunciada pelos categoria, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atualizou a tabela de valores mínimos de frete, com reajustes médios variando de 4,54% a 5,90%, a depender do tipo de veículo e classe de carga. No entanto, os transportadores já vinham reclamando que os percentuais não são cumpridos, motivo de frequentes ameaças de paralisação. Eles querem que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a constitucionalidade do piso do frete.

A tabela foi criada em 2018 pelo governo de Michel Temer, após a greve dos caminhoneiros que bloqueou estradas e comprometeu o abastecimento de combustível, de medicamentos e de alimentos em todo o Brasil. Foi medida reivindicada pelos transportadores.

Ao anunciar, sem detalhes, a concessão de auxílio aos caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro alegou que o preço do combustível está alto no mundo. “O preço do combustível lá fora está o dobro. Sabemos que aqui é outro país, mas grande parte do que consumimos, ou melhor, uma parte considerável, nós importamos e temos que pagar o preço deles lá de fora. Decidimos então, os números serão apresentados nos próximos dias. Nós vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão uma ajuda para compensar o aumento do diesel. Fazemos isso porque é através deles que as mercadorias, os alimentos chegam aos 4 cantos do país”, afirmou.

A declaração foi dada durante cerimônia de inauguração do Ramal do Agreste, em Sertânia (PE), quando o chefe do Executivo culpava governadores pelo aumento da inflação em meio a medidas restritivas para combate da pandemia da COVID-19.

Apoio 

PM acompanha caminhão-tanque
Viaturas da Polícia Militar de Minas escoltaram caminhões-tanque que abasteceram em distribuidora de Betim, na Grande BH (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


O Minaspetro pediu, em nota, que os motoristas não promovam corrida aos postos, o que tende a ampliar o risco de escassez de combustível. “O Minaspetro está monitorando a situação da greve dos tanqueiros e informa que os postos com estoques reduzidos já apresentam problemas de abastecimento. Com a paralisação, todas as regiões do estado estão sendo prejudicadas, impactando fortemente o abastecimento de Minas Gerais, tendo em vista que a base de Betim é estratégica para a distribuição de combustíveis estadual”, destacou a entidade.

Os representantes dos revendedoras informaram ainda ter solicitado ao governo de Minas que o pleito dos caminhoneiros fosse atendido. Ainda segundo a nota, “uma das soluções apontadas para se abrir a negociação foi o congelamento do PMPF, base de cálculo para a incidência do ICMS, pleito do Minaspetro desde o início da pandemia. O congelamento do preço de pauta conteria momentaneamente a escalada dos preços na bomba”.

Negociação 

Protesto de tanqueiros em Betim
Em protesto, tanqueiros que cruzaram os braços estacionaram às portas de empresas que distribuem derivados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
A paralisação dos tanqueiros vai continuar até que o governo decida negociar com a categoria, avisou o presidente do sindicato dos transportadores (Sindtanque), Irani Gomes. “Nós não aguentamos mais as altas (nos preços) dos combustíveis. O óleo diesel representa hoje quase 70% do valor do frete. As transportadoras estão quebrando, transportadoras que são históricas no estado não aguentam mais trabalhar. Pedimos a sensibilidade do governo, mas o governo não está se importando com essa categoria, que hoje carrega mais de um terço da economia do estado”, afirma.

Na manhã de ontem, o Minaspetro emitiu nota em que diz apoiar os caminhoneiros, embora tenha enfatizado que se o movimento durar mais de 24 horas poderia haver desabastecimento de combustíveis em postos com estoques mais baixos.

Pedido de demissão 

O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), José Mauro Ferreira Coelho, pediu demissão do cargo, ontem, segundo a assessoria da pasta. Ele deixará o serviço público para trabalhar na iniciativa privada. Coelho atuou quatro anos na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e estava no MME há um ano e meio. Ele passará por um período de quarentena antes de assumir a nova função. O ministério não divulgou o motivo do pedido do secretário e nem o nome de seu substituto.  *Estagiária sob supervisão da subeditora Marta Vieira

Motoristas abrem filas na capital

Balanço divulgado pelo Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) indica que as transportadoras paradas somam total de cerca de 800 caminhões. O movimento também foi realizado no Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Goiás e Bahia.

Em BH, a reportagem do Estado de Minas apurou que faltava gasolina e etanol desde as 15h de ontem no posto Santa Maria 2 (bandeira Ipiranga), localizado na esquina da Avenida do Contorno com a Rua Niquelina, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul. Segundo o gerente da revenda, não havia previsão de reposição.

 
Estabelecimento localizado na Rua da Bahia, esquina com a Rua Bernardo Guimarães, no Bairro de Lourdes, zona nobre da cidade, também ficou sem gasolina comum.

Em outras revendas que ainda tinham ontem estoque na tarde ontem, a movimentação de motoristas para abastecer os carros foi grande. No Posto Leste, localizado na Avenida dos Andradas, Bairro Santa Efigênia, havia fila de carros. O Posto Eco, na Rua dos Tupis, no Barro Preto, apresentava movimento de veículos para abastecer, assim como os postos Nossa Senhora de Fátima, na Avenida dos Andradas, Posto Center Sul, na Rodovia Br-356, no Bairro Sion, e na Avenida Prudente de Morais, no Bairro Santo Antônio.

Manifestantes estacionaram caminhões-tanque nas portarias das principais distribuidoras de combustíveis em Betim, na manhã de ontem. Durante o protesto, dois caixões, simbolizando a “morte do frete”, foram colocados na entrada de uma distribuidora. Houve apreensão entre tanqueiros que desejavam abastecer os caminhões-tanque.

Um transportador contou que áudio e foto têm circulado em grupo da categoria no Whatsapp, com o relato de um caminhoneiro atingido por uma pedra que acertou o para-brisa do veículo que dirigia. O caso teria ocorrido depois que o motorista abasteceu, sob escolta da polícia . (MC)

Governadores pedem debate no Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que os governadores querem discutir a política de preços dos combustíveis no país com a Petrobras. Os administradores estaduais se reuniram ontem com Pacheco e manifestaram resistência ao projeto aprovado na Câmara que altera a cobrança de ICMS sobre os preços do produto.

Os estados temem queda de arrecadação com a mudança. Pacheco afirmou que o projeto será discutido pelo Senado. Na quarta-feira, o senador sugeriu alteração na proposta que permitirá liberar os estados para definirem suas próprias alíquotas do imposto. Outra ideia é modificar as datas de referência da proposta, minimizando as perdas para os cofres estaduais.

“Os governadores disseram muito da importância de discutir uma política de preços dos combustíveis no Brasil e a própria participação da Petrobras nessa discussão, uma empresa evidentemente muito lucrativa, e que bom que ela seja lucrativa, que é importante tomar parte dessa discussão do projeto”, disse Pacheco. Outras reuniões devem ser agendadas para discutir o projeto. Pacheco e os governadores devem buscar uma agenda com a diretoria da Petrobras para debater o assunto.


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