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Estado de Minas COLUNA

Quero sair da solidão

Ser feliz é algo pessoal, inalienável e intransferível. É uma batalha individual


28/03/2021 04:00 - atualizado 28/03/2021 07:31


“Sou solteira e o meu problema é uma sensação angustiante de solidão. Será que fui condenada a sentir isso por toda minha vida ou encontrarei alguém para ser meu companheiro?”
 Joana Athaide, de Pouso Alegre



A cultura americana, expressa claramente nos filmes de Hollywood, sempre enfatizou que a felicidade só pode ser alcançada através do casamento. Quem não se lembra dos finais dos filmes românticos, quando o casal se afasta abraçado e “foram felizes para sempre”?

A mensagem subliminar, falsa, perigosa e cruel é que você só se realiza através de outra pessoa. E essa ideia se internalizou em nós, principalmente nas mulheres, de tal forma que toda nossa energia vital não é canalizada para aprendermos a ser felizes, mas para arranjar um namorado(a) e casar.

Daí os sentimentos angustiantes de solidão, do medo de ficar só. O que dói e provoca a sensação de desamparo não é o fato de não ter um companheiro, mas a crença alimentada em toda a sua vida de que ela só será feliz quando tiver alguém e que é justo e natural sofrer por não ter ainda este alguém.
 
Há uma profunda diferença entre “estar só” e “solidão”. O estar só é um fato objetivo. Cada um de nós, em alguns momentos ou em alguma etapa da vida, pode estar só. A singularidade de cada pessoa, a unicidade do indivíduo atestam “o só” como condição básica e fundamental do homem. E é a partir deste “só” que nos unimos às outras pessoas.

Tentar acabar com esse “vazio” natural do ser humano a partir de outra pessoa é a raiz do controle e das frustrações nos relacionamentos. Inúmeras vezes tenho ouvido frases que denotam esta crença: “Ele não me fez feliz”, “vou fazer você feliz”.

Ninguém pode fazer um outro feliz. Ou, em outras palavras, ninguém preenche a incompletude da outra pessoa.

A solidão, ao contrário do estar só ou da sensação natural de ser só, é um estado natural doloroso de mendicância, de carência, de falta, de necessidade. É a resistência dolorosa a uma existência autônoma, na qual eu desejo o outro, mas não tenho uma necessidade obsessiva do outro. A carência afetiva, fruto do medo do abandono, é a raiz da solidão. Quais as consequências da solidão na nossa vida?

A procura incessante do outro como fator de felicidade nos leva a escolher “qualquer” pessoa para nos preencher. Essa má escolha, feita a qualquer preço, além de não nos fazer felizes tende ao término e quando isso ocorre nos remete a uma solidão (carência) maior ainda do que antes do namoro ou casamento.

As relações entre pessoas que têm solidão são dolorosas e frustrantes, porque é o encontro de “dois mendigos”. Além da exploração mútua, esses relacionamentos se caracterizam pelo ciúme, apego excessivo, controle, posse, cobrança do amor do outro. Na verdade, a solidão é uma incapacidade de amar.

No amor procuramos alguém para partilhar nosso afeto, nossa alegria, nossa construção de vida. Uma pessoa amorosa, mesmo que não esteja casada, leva uma vida rica e sente necessidade de se alargar, cada vez mais, através das amizades, do crescimento, de sua contribuição do mundo.

autoestima de quem tem muito amor no coração não é medida pelo amor do outro. “O seu valor vem da sua capacidade de amar e não pelo fato de ser amada.” Quanto mais pobre for a nossa vida psicológica, mais solidão sentiremos, mesmo se estivermos com alguém. E quanto mais rica, mais amor e menos solidão, mesmo sozinhos.

Essa insistência social de dar muito valor ao fato de estar casados ou namorando nos induz a um desleixo no valor de estarmos felizes. Talvez esse seja o motivo principal porque a maioria dos relacionamentos se deteriora.

As pessoas, ao se encontrar, param de crescer emocionalmente, de desenvolver o próprio potencial, de incrementar o autoamor, de procurar, enfim, os seus caminhos próprios para a felicidade. Trocar de marido, de mulher, de namorado não vai adiantar nada, enquanto acreditarmos que alguém pode nos fazer felizes ou acreditar que ser só é sinônimo de tristeza e fracasso.

Ser feliz é algo pessoal, inalienável e intransferível. É uma batalha individual. E quando alguém consegue ser feliz, ainda que só, é maravilhoso querer alguém para compartilhar sua luz e alegria.

Solidão é querer que alguém faça o meu dever de casa na vida.

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