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Estado de Minas COLUNA

Por que somos tão desconfiados?

A confiança é entregar a vida a ela própria, é entregar a Deus a gestão do mundo e, com humildade, aprendermos a viver o momento presente'


27/02/2022 04:00 - atualizado 27/02/2022 08:00

“Sou muito desconfiado. Sempre vejo nas pessoas um possível inimigo que pode me fazer mal. Isso me faz sofrer e viver em insegurança”
Oswaldo, de Divinópolis
 
A desconfiança é um estado de medo, A desconfiança é um estado de medo, de insegurança e, portanto, de defesa. É o medo de ser magoado, desprezado e ser destruído pelas outras pessoas. Quando se fala que a confiança é fundamental em um relacionamento, é verdade. Sem ela a relação se deteriora e resvala para o sofrimento.
 
E isso por um motivo simples. Quando estamos no mundo da desconfiança, nós nos armamos com uma série de comportamentos para nos defendermos das ameaças que os outros representam para nós. Tornamo-nos possessivos, controladores e agressivos e tratamos a pessoas de quem desconfiamos como inimigo, ainda que essa pessoa seja a esposa, o marido, o filho, os pais ou amigos.
 
O ciúme é a manifestação mais comum da desconfiança. Essa é a razão pela qual o ciúme destrói os relacionamentos ditos amorosos. O ciumento se defende do medo, atacando com gestos ou com palavras, a pessoa que ele diz amar. No grau máximo, o ciumento pode até matar fisicamente a pessoa que representa a possibilidade de sua dor psicológica: o abandono.
 
Antigamente, falava-se absurdamente, que alguém matou uma pessoa “por amor”. Essa expressão só se tornou possível pela confusão que até hoje fazemos entre ciúme e amor. Na verdade, são opostos. A desconfiança é o contrário do amor. É medo. E quando estamos com medo, nosso coração se fecha para a intimidade, a ternura, a aproximação do outro. Mas por que somos tão desconfiados?
 
Primeiramente porque a sociedade nos treinou para a desconfiança. Fomos criados, em geral, através do medo, da ameaça, dos castigos. As crianças confiam nas outras crianças, mas temem os adultos que, em nome da educação, provocam nelas muito sofrimento desnecessário.

A literatura sobre educação de filhos insiste na necessidade de se criar para as crianças pequenas um clima de afeto, confiança e segurança. A confiança nas outras pessoas só é possível se você confiar em si próprio. Se você confia em você mesmo poderá confiar nos outros.
 
Uma criança constantemente criticada, menosprezada e desqualificada aprende a não confiar em si própria e mais tarde sofrerá do mesmo problema que o leitor acima. Dois caminhos são necessários para que possamos sair da desconfiança crônica.

A autoaceitação e o autoamor. Quando a gente se aceita, incondicionalmente, incluindo todas as nossas fraquezas humanas, a gente aceita as outras pessoas e a vida. Quando nós nos rejeitamos através da culpa e da contínua autocensura, rejeitamos a vida e as outras pessoas.
 
O autoamor ou a autoestima são decorrência da autoaceitação. Um outro obstáculo à confiança é o próprio conceito que temos desse sentimento. A maioria de nós imagina que confiar em alguém é ter certeza de que essa pessoa não vai nos prejudicar. Dentro desse conceito, é impossível confiar em alguém. Jamais podemos ter certeza do comportamento futuro de uma pessoa que, por definição é livre, é imprevisível.
 
Essa confiança controladora do amanhã do outro é a confiança dos desconfiados. Se a desconfiança é medo, é tensão, é defensividade, a confiança é um estado de relaxamento, é soltura, é serenidade no momento presente, apesar de todas as possibilidades catastróficas do amanhã.

É não se preocupar com o que pode acontecer e viver intensamente o que está acontecendo no momento presente. A confiança não depende da outra pessoa e sim da abertura do nosso coração à vida, aos acontecimentos sejam eles quais forem.
 
A pessoa desconfiada está dividida entre o momento presente e a vivência do amanhã. Desconfiança, ansiedade, preocupação são sinônimos. A cada dia o seu cuidado, dizia o sábio rei Salomão. A desconfiança é o medo do que pode nos acontecer amanhã e a tentativa de controlar o futuro das outras pessoas.

A confiança é entregar a vida a ela própria, é entregar a Deus a gestão do mundo e, com humildade, aprendermos a viver o momento presente, o nosso e das pessoas que nos rodeiam. Deixemos para sofrer quando o ruim acontecer. A desconfiança é sofrer por antecipação. 
 
 

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