Por que a microbiota é tão importante para o funcionamento do intestino
Congresso da Associação Brasileira de Nutrologia, em São Paulo, reuniu nutrólogos e outros especialistas para discutir os principais avanços na área
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Um dos temas mais relevantes do 29º Congresso Brasileiro de Nutrologia (CBN 2025), promovido pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), no fim de setembro, em São Paulo, foi a importância da microbiota intestinal para o funcionamento do intestino. Segundo a nutróloga Marcella Garcez, mestre em ciências da saúde, diretora da Abran e professora do CNNutro, a microbiota pode ser definida como um conjunto de micro-organismos que habitam o corpo.
Caso esteja em desequilíbrio, inicialmente a microbiota impacta o sistema imunológico. “A partir de uma dieta inadequada e do desequilíbrio da microbiota, pode ocorrer o desenvolvimento do que chamamos de inflamação crônica de baixo grau”, explica.
Durante a pandemia, houve um aumento no número de pacientes com inflamação crônica, com piores desfechos devido à COVID-19. De acordo com a nutróloga, historicamente, há 2.500 anos, Hipócrates já falava que toda doença começa no intestino.
“Ele era um visionário e, a princípio, quase todas as doenças crônicas começam com uma dieta inadequada, que desequilibra a microbiota. A partir daí, esse desequilíbrio causa inflamação crônica, o que leva a um processo de envelhecimento, gatilho para o desenvolvimento de qualquer doença crônica.”
Dieta adequada, prática moderada de atividade física, bons hábitos de sono, um olhar cuidadoso sob o estresse - físico e mental. Estes são alguns dos fatores citados pela nutróloga para que a microbiota fique equilibrada, não somente por meio de suplementos.
“Eventualmente, algumas pessoas se beneficiam do uso de prebióticos, que são fibras, polifenóis etc., que são moléculas que nutrem a microbiota. Já a prescrição de probióticos, envolve suplementos que ajudam a melhorar a diversidade e o equilíbrio da microbiota. E ainda há os pós-bióticos: estamos entrando numa fase onde vai-se falar muito deles, que são as moléculas que acontecem naturalmente no nosso corpo pelo encontro dos micro-organismos da microbiota”, acrescenta.
Marcella Garcez destaca, inclusive, a relação entre intestino e pele. A microbiota em desequilíbrio atua como uma espécie de gatilho para o desenvolvimento de inúmeras doenças crônicas e agudas da pele, principalmente inflamatórias. “É impossível, nos dias atuais, a saúde da pele sem pensar no intestino. O único jeito de a pele estar equilibrada é a microbiota total, porque ela está toda interligada. Não tem como equilibrar a pele e ter o intestino inflamado com uma microbiota em desequilíbrio.”
Antes de indicar algum suplemento, a especialista sugere uma avaliação médica criteriosa para que a prescrição seja adequada, evitando que os suplementos façam mais mal à microbiota do que tragam benefícios. “Obrigatoriamente, a pele precisa de água. Precisa também de proteínas para sintetizar colágeno. De antioxidantes, que estão nos alimentos de origem vegetal coloridos: frutas vermelhas, escuras, os carotenoides, que estão nos vegetais amarelos, alaranjados e também são muito importantes para proteger a pele da radiação ultravioleta”, cita.
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A radiação ultravioleta é responsável pelo fotoenvelhecimento, pelo envelhecimento precoce e acelerado da pele. “A pele precisa de água e de consumir menos gorduras modificadas, menos açúcar, menos bebidas alcoólicas, cigarro e menor exposição excessiva ao sol.
A nutróloga Marcella Garcez ministrou seis palestras durante o congresso da Abran, com destaque para os avanços da nutrologia e o impacto dos suplementos na prática clínica, estresse oxidativo e saúde da pele, o papel e as aplicações dos medicamentos fitoterápicos na prática clínica da nutrologia, entre outros temas.