Brasil lidera tempo de tela e registra aumento de dores na coluna
Postura de cabeça baixa pode adicionar até 27 kg de pressão sobre a coluna cervical; problema é maior em jovens, em que a coluna ainda está em desenvolvimento
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O uso crescente do celular no cotidiano tem provocado um impacto direto na saúde da coluna dos brasileiros. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontava em 2019, na Pesquisa Nacional de Saúde, que cerca de um em cada cinco adultos no Brasil convive com dor crônica nas costas.
Especialistas afirmam que a situação pode estar se agravando com a popularização de hábitos que envolvem longas horas olhando para baixo, o chamado “text neck” ou, em português “pescoço de texto”.
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“A sobrecarga cervical crônica já se tornou um problema de saúde pública, e vemos cada vez mais adolescentes e jovens adultos com quadros de dor intensa, rigidez e alteração postural significativa”, afirma Wolney Haas, cofundador e CEO da clínica Sou Coluna.
Segundo um levantamento da empresa norte-americana Spine Institute of San Diego, a posição inclinada da cabeça para checar o celular pode aumentar em até 27 kg a pressão sobre a coluna cervical, carga equivalente a carregar uma criança de seis anos apoiada no pescoço. No Brasil, profissionais médicos e quiropratas relatam um aumento expressivo de pacientes jovens com sintomas antes restritos a faixas etárias mais altas.
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“As pessoas não percebem que a postura da cabeça para frente desorganiza todo o corpo porque os ombros giram para dentro, a caixa torácica perde mobilidade, e isso pode até afetar o padrão respiratório e a qualidade do sono”, conta Wolney.
Posturas mantidas por longos períodos alteram não apenas o funcionamento da coluna, mas também de músculos, nervos e até da respiração. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que a hipercifose torácica, postura curvada comum em quem usa celular por muito tempo, reduz a capacidade pulmonar em até 30%.
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Crianças e adolescentes representam o grupo mais exposto a problemas posturais relacionados ao uso de telas. A coluna ainda está em fase de desenvolvimento, e a manutenção de posições inadequadas pode gerar deformidades estruturais a longo prazo.
Estudos internacionais mostram que jovens entre 10 e 19 anos têm risco 45% maior de desenvolver dor cervical quando usam o smartphone por mais de três horas por dia. Clínicas especializadas confirmam o aumento de diagnósticos associados ao uso de celulares.
“O corpo dá sinais antes de desenvolver uma lesão mais séria. Ouvir esses sinais e procurar avaliação especializada é essencial. A prevenção é nossa maior aliada: ela evita tratamentos longos, reduz riscos e garante longevidade para a coluna”, afirma o especialista.
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