Zema diz que convocação na CPMI do INSS é 'retaliação eleitoral'
Governador reage à aprovação de sua ida à CPMI que apura fraudes no INSS e afirma que decisão tem motivação eleitoral, apesar de apoio do Novo ao pedido
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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que a a convocação dele pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS é uma “retaliação eleitoral” articulada por adversários ligados ao PT. Ele atribuiu a decisão a uma tentativa de prejudicá-lo politicamente, num momento em que seu nome é cotado para a disputa presidencial.
A reação foi publicada nas redes sociais horas após a comissão aprovar sua ida ao colegiado, que investiga fraudes em aposentadorias e empréstimos consignados. Zema afirmou que a decisão teria como objetivo desviar a atenção de irregularidades que, segundo ele, envolveriam o governo federal na concessão de consignados a aposentados.
Ele também argumentou que o pedido buscaria desgastá-lo diante do avanço de sua gestão em Minas, citando resultados que, segundo ele, estariam incomodando seus opositores. Também afirmou que a Zema Financeira, empresa da família, nunca foi alvo de investigação e que toda a atuação da companhia seria transparente.
"Agora inventaram mais essa da CPI pra ser utilizada como retaliação eleitoral. E nós sabemos muito bem o motivo: eles têm medo da eleição, de gente competente, de gente que faz o certo. A empresa da minha família nunca foi investigada por nada. O próprio ofício da convocação não aponta uma única suspeita, por menor que seja. Tudo é muito claro e muito transparente", disse.
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A publicação mirou diretamente o PT, sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontado por Zema como articulador da ofensiva, embora a convocação tenha sido aprovada também com votos do Novo e de parlamentares alinhados à oposição ao governo Lula.
"Essa convocação para a CPI não é de forma alguma busca pela verdade. É sim uma retaliação eleitoral contra um pré-candidato que parece estar incomodando muito, porque já mostrou que conserta os erros do PT. Querem criar uma cortina de fumaça para esconder o verdadeiro escândalo que envolve pessoas do governo federal contra os aposentados. Não vão me intimidar".
A turminha do PT me convocou pra CPMI do INSS. pic.twitter.com/nS1hktXpfn
— Romeu Zema (@RomeuZema) December 5, 2025
Convocação
A justificativa para a convocação é o fato de a Zema Financeira, empresa da família do governador, ter sido uma das beneficiadas por uma medida provisória do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que autorizou a realização de empréstimos consignados sobre valores do Auxílio Brasil, hoje rebatizado com seu nome original de Bolsa Família, e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
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O pedido de convocação foi apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG). De acordo com o deputado, o consignado beneficiou apenas 12 instituições que receberam autorização para operar, entre elas a Zema Financeira. O parlamentar também solicitou a quebra de sigilo da empresa, no entanto, não foi aprovado.
A convocação foi aprovada com o apoio do Novo e da oposição, que votaram a favor afirmando que Zema não tem o que esconder.
Antes da aprovação, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos), leu um comunicado do governador endereçado à comissão, no qual ele informou que ele não participa, desde 2018, da administração da Zema Crédito, Financiamento e Investimento S.A. O governador de Minas Gerais afirmou ainda que “não tem esclarecimentos acerca das atividades da Zema Crédito, os quais podem e devem ser prestados pela diretoria da companhia".
Durante a reunião da CPMI, a última deste ano, Correia negou que a convocação seja "uma perseguição política". Segundo o parlamentar, o governador ainda mantém 16,41% das ações da Zema Financeira. “Exatamente na data de 2018 que ele saiu da financeira, foi que ele recebeu do governo Bolsonaro a tarefa de fazer consignados do BPC, os mais pobres de Minas Gerais”, afirmou Correia.
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A CPMI iniciou seus trabalhos em agosto com o objetivo de apurar descontos associativos irregulares da aposentadoria de beneficiários do INSS e também empréstimos consignados fraudulentos.