Prefeitos rebatem nota do Itamaraty e defendem viagem a Israel
Grupo inclui Álvaro Damião, prefeito de BH, que critica posicionamento do Itamaraty e reforça caráter institucional da viagem ao Oriente Médio
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Siga noAutoridades brasileiras que participaram da missão oficial a Israel reagiram com indignação à nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). No comunicado, o Itamaraty afirmou que o governo federal "não tinha conhecimento prévio" da viagem e que a ida dos gestores públicos ao país ocorreu "em desacordo com as recomendações consulares".
O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), que integra a comitiva, está entre os que assinaram a manifestação conjunta, tornada pública nessa segunda-feira (16/6). O grupo é composto por prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais de diversas regiões do país. Eles classificam a nota do MRE como equivocada e destacam que a missão teve caráter institucional e técnico, com agendas oficiais previamente organizadas.
“Nós, prefeitos, vice-prefeitos e demais autoridades públicas que integram a Delegação Brasileira em missão oficial a Israel, viemos a público manifestar nosso profundo desacordo e surpresa com a nota à imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Itamaraty. A referida nota afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com as recomendações consulares”, diz o texto.
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Segundo a comitiva, a viagem teve como foco a cooperação em áreas como segurança pública, tecnologia, gestão urbana e inovação. Eles afirmam que todos os cuidados foram tomados antes e durante a missão, e que, diante da escalada dos ataques entre Israel e Irã, optaram por uma saída planejada e segura do território israelense — em articulação com autoridades locais e lideranças brasileiras.
Em áudios enviados ao Estado de Minas, o prefeito Álvaro Damião descreveu os momentos de tensão vividos pelos gestores nos últimos dias. A saída de Israel ocorreu por terra, com travessia até a fronteira com a Jordânia. De lá, o grupo seguiu para Tabuk, na Arábia Saudita, de onde decolou um voo fretado com destino final em João Pessoa (PB), base do prefeito Cícero Lucena (PP), um dos articuladores da operação de resgate. De João Pessoa, os prefeitos seguirão para suas respectivas cidades. A previsão é que Damião desembarque em Belo Horizonte nesta quarta-feira (18).
A reação dos gestores ocorre em um momento delicado para as relações diplomáticas entre Brasil e Israel. O Itamaraty tem mantido posição crítica em relação aos desdobramentos do conflito, enquanto parte dos integrantes da comitiva adotou tom de apoio ao governo israelense durante a missão. Ainda assim, os prefeitos reafirmam que o objetivo da viagem foi técnico e institucional, sem caráter político-partidário.
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Ao retornar ao país, Álvaro Damião deve prestar esclarecimentos públicos sobre a missão e os impactos das visitas realizadas no Oriente Médio para a gestão da capital mineira. A expectativa é que ele conceda entrevista nos próximos dias.