Com histórico de saúde frágil, relembre as internações do papa Francisco
O pontífice morreu aos 88 anos. Em 2025, ele esteve internado por 40 dias para tratar uma pneumonia bilateral e infecção polimicrobiana
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Siga noO Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, morreu nesta segunda-feira (21/4) aos 88 anos, conforme anunciado pelo Vaticano. Sua saúde frágil, marcada por uma série de problemas respiratórios, cirurgias e complicações relacionadas à idade, foi uma preocupação constante ao longo de seu pontificado, iniciado em 2013.
A causa de sua morte está associada a um quadro respiratório grave, que incluiu uma infecção polimicrobiana decorrente de uma pneumonia bilateral, condição que o levou a uma internação prolongada de 40 dias no Hospital Gemelli, em Roma, até sua alta em 22 de março de 2025. Apesar de uma breve recuperação, seu estado de saúde permaneceu delicado até o falecimento.
Histórico de saúde
Francisco enfrentou desafios de saúde desde jovem, quando, aos 21 anos, quase morreu de pleurisia, uma inflamação ao redor dos pulmões, que resultou na remoção do lobo superior de seu pulmão direito. Essa condição o tornou especialmente vulnerável a infecções respiratórias ao longo da vida. Além disso, ele sofria de dores crônicas, como ciática, que o fazia mancar, e problemas ortopédicos, incluindo artrite no joelho e dores nas costas, que o obrigaram a usar cadeira de rodas a partir de 2022. Seu peso acima do ideal também contribuía para a fragilidade de sua condição física.
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Principais doenças e internações
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2021 – Cirurgia de cólon (diverticulite)
Em julho de 2021, Francisco foi internado no Hospital Gemelli por 10 dias para uma colectomia esquerda, na qual 33 centímetros de seu cólon foram removidos devido a uma diverticulite. A cirurgia foi bem-sucedida, mas exigiu um período de recuperação significativo.
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2023 – Bronquite e pneumonia
Em março de 2023, o Papa foi internado por três dias devido a uma bronquite que causava dificuldades respiratórias. Em junho do mesmo ano, passou outros 10 dias no hospital para uma cirurgia abdominal para corrigir uma hérnia incisional, enfrentando complicações pós-operatórias. Esses episódios marcaram o início de uma deterioração mais evidente de sua saúde.
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2024 – Infecções respiratórias recorrentes
Durante 2024, Francisco enfrentou gripes e bronquites frequentes, que o obrigaram a cancelar compromissos, como a participação na COP28, e limitar audiências públicas. Ele também sofreu acidentes domésticos, como uma queda que machucou seu antebraço e outra que resultou em um hematoma no queixo. Apesar disso, realizou uma extenuante viagem de 12 dias pela Ásia e Oceania, a mais longa de seu pontificado, utilizando cadeira de rodas devido às dores articulares.
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2025 – Pneumonia bilateral e infecção polimicrobiana
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Em 14 de fevereiro de 2025, Francisco foi internado no Hospital Gemelli com bronquite, que evoluiu para uma pneumonia bilateral, afetando ambos os pulmões. O quadro se agravou com uma infecção polimicrobiana, levando a uma “situação clínica complexa”. Ele enfrentou crises respiratórias, incluindo um ataque asmático prolongado, que exigiu oxigenoterapia de alto fluxo e transfusões de sangue devido a anemia e baixa contagem de plaquetas. Exames também indicaram uma leve insuficiência renal inicial, que posteriormente regrediu. Apesar de momentos de melhora, como a retirada do prognóstico reservado em março, sua condição permaneceu crítica, com necessidade de ventilação mecânica não invasiva à noite. Após 40 dias de internação, ele teve alta em 22 de março, mas sua saúde continuou frágil.
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Impacto
Mesmo com a saúde debilitada, Francisco manteve uma agenda intensa, muitas vezes contra recomendações médicas, participando de eventos como a bênção Urbi et Orbi na Páscoa de 2025, embora tenha cancelado a Via Sacra no Coliseu pelo segundo ano consecutivo. Sua internação prolongada em 2025 reacendeu especulações sobre uma possível renúncia, já que ele havia assinado uma carta de renúncia em 2013 para o caso de incapacidade irreversível. No entanto, ele nunca deu sinais concretos de que renunciaria.
A morte de Francisco gerou comoção global, com fiéis e líderes católicos expressando tristeza pela perda de um pontífice conhecido por sua humildade e defesa dos pobres. Posts no X refletem o impacto da notícia, com mensagens de luto e reconhecimento de sua luta contra a doença. Por outro lado, o período de internação também foi marcado por notícias falsas sobre sua morte e críticas de setores conservadores, que alimentaram rumores sobre a sucessão.
Legado
A saúde frágil de Francisco não o impediu de liderar a Igreja Católica por 12 anos, promovendo reformas, diálogo inter-religioso e uma abordagem pastoral inovadora. Sua morte marca o fim de um pontificado histórico e o início de um período de transição, com o Vaticano agora se preparando para um conclave que escolherá seu sucessor.
O Hospital Gemelli, apelidado de “Vaticano Três” por João Paulo II, foi palco de grande parte dessa jornada, sendo o local onde Francisco enfrentou seus maiores desafios de saúde. Sua resiliência, descrita por médicos como “durona”, e seu bom humor mesmo em momentos críticos, deixam uma marca indelével na história da Igreja.