Numa das audiências de conciliação mais longas do ano, a juíza Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto converteu em prisão preventiva as prisões em flagrante de oito envolvidos no tiroteio ocorrido na última terça-feira (02/12), na região do Barreiro, em Belo Horizonte (MG) - uma invasão do Comando Vermelho (CV) a uma área dominada pelo Terceiro Comando Puro (TCP), que resultou na morte de duas pessoas e ferimentos a tiros em outras nove.

Quem são os suspeitos?

  • Gustavo Ferreira da Silva, de 27 anos;
  • Renan Pereira dos Santos, 19;
  • Igor Alexandrino Rosa Gonçalves, 30;
  • Iago Amorim Mesquita, 20;
  • Wallison Henrique Cruz da Silva, 22;
  • Wallace Guerra Silva de Oliveira, 20;
  • Kaique Marlon da Silva Oliveira, 25;
  • Davi Dias Porfírio, 26.

A audiência de conciliação teve início às 8h de sábado (06/12), terminando por volta de 15h. Teve início, então,, a espera pela decisão da juíza, que se trancou na sala dela para reler os depoimentos e fundamentar a decisão, o que só aconteceu no final da tarde de ontem.

Três dos réus não compareceram à audiência, Renan, Gustavo e Davi, porque estão hospitalizados, e ainda não há informações sobre alta médica. Eles foram representados por advogados.

A juíza determinou, ainda, que Renan, Gustavo e Davi passem por exame de corpo de delito após a alta hospitalar, caso ainda não tenha sido realizado pelos profissionais locais de saúde.

E determina também que após a alta médica dos três, seja marcada uma nova audiência de custódia para que eles sejam ouvidos em depoimento. 

O tiroteio

Populares relataram aos policiais militares que homens bem armados, vestindo camisetas pretas com a inscrição “Polícia Civil de Minas Gerais” chegaram armados a uma pracinha do bairro Flávio Marques Lisboa e, depois de atirarem várias vezes contra pessoas que ali estavam, fugiram para uma mata que circula o Conjunto Esperança, abrangendo regiões do Alto das Antenas, Invasão da Rua União, Rua Abadias, no Bairro Bonsucesso/Jardim Liberdade e nas proximidades do asilo da Rua Ópera e Rua Gilberto Freire.

O Boletim de Ocorrência informa que, quando os policiais militares chegaram, um VW T-Cross, cor prata, estava parado na transversal da via pública, impedindo o fluxo de veículos e havia pessoas dentro do carro. Na chegada da guarnição, um VW Polo de cor prata, sem placa identificada e várias pessoas fugiram do local. Dentro desse veículo, estava o corpo do motorista baleado. 

O quadro fez com que fossem acionadas mais viaturas da PM e também fosse empenhado o helicóptero da corporação. 

Protesto

A família de Kaique Marlon da Silva Oliveira, de 25 anos, ferido no tiroteio, protestou contra a prisão dele, alegando que não teve participação no episódio e, que além disso, é autista.

Segundo o pai de Kaique, Mirlando Oliveira, o filho estaria passando pela pracinha. Não participava do churrasco patrocinado por um traficante. Ele tinha ido à casa de um tio, dono de um sacolão, para pegar uma carne, a pedido do pai.

No trajeto, Kaique acabou levando um tiro na perna. Mesmo ferido, conseguiu retornar para casa. O pai, então, o levou para uma unidade de saúde e que lá o filho foi algemado. “Ele estava na maca, ferido. Chorava feito menino, gritando meu nome”, diz o pai. 

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Kaique foi preso e levado para o Ceresp Gameleira. “Meu filho não é bandido, não tem qualquer envolvimento com o crime. Ele foi baleado, é vítima”, afirma Nirlando.

Para a audiência de conciliação nesse sábado, o pai levou uma declaração emitida pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Vila Cemig informando que Kaique é acompanhado no local por ter vulnerabilidade social familiar e em função de dificuldades relacionadas à sua deficiência mental e autismo.

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