Excesso de velocidade marca o Natal nas rodovias de MG; PRF reforça ações
Polícia Rodoviária Federal flagrou mais de 3,2 mil motoristas acima do limite e contabilizou 14 mortes nas BRs que cortam Minas no período natalino
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Em meio ao aumento das viagens típicas do período de férias e feriados de fim de ano, o excesso de velocidade se destacou como um dos principais fatores de risco nas rodovias federais de Minas Gerais. Entre os dias 23 e 28 de dezembro de 2025, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) flagrou 3.205 motoristas trafegando acima do limite permitido e registrou 150 acidentes, com 185 pessoas feridas e 14 mortes. Somente no domingo (28/12), nove pessoas morreram em seis acidentes.
Os números fazem parte do balanço da Operação Rodovida Natal 2025, encerrada no domingo (28). Desde a 0h desta terça-feira (30) teve início a Operação Rodovida Ano Novo 2025/2026, que segue até as 23h59 do próximo domingo (4/1), com reforço da fiscalização e foco no combate à alcoolemia.
Infrações e comportamento dos motoristas
Durante a Operação Natal, a PRF flagrou 3.205 veículos em excesso de velocidade, 475 ultrapassagens proibidas e 161 motoristas dirigindo sob efeito de álcool. Do total de autuações por alcoolemia, dois condutores foram presos por crime de trânsito. Ao longo do feriado, foram realizados 5.257 testes de alcoolemia, com mais de 6.100 veículos fiscalizados e 7.700 pessoas abordadas.
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Segundo o inspetor Aristides Júnior, porta-voz da PRF em Minas Gerais, os dados mostram que o principal fator para a violência no trânsito não é apenas o volume de veículos. “A estratégia da PRF é sempre reforçar o policiamento e intensificar a fiscalização, mas o diferencial para um feriado ser mais ou menos violento é o comportamento do motorista. Se ele não adota uma postura cautelosa, os números de sinistros, feridos e mortes aumentam”, destacou.
Segundo ele, entre as infrações mais recorrentes estão excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas, não uso do cinto de segurança, transporte inadequado de crianças e embriaguez ao volante, condutas diretamente associadas aos acidentes mais graves.
Dentre os acidentes com mortes registrados no feriado de Natal, nove ocorreram durante a noite ou madrugada, segundo a PRF. O acidente mais grave foi registrado na BR-040, no retorno do feriado, quando uma colisão frontal resultou em cinco mortes. Quatro vítimas eram da mesma família e trafegavam corretamente pela faixa quando outro veículo invadiu a contramão.
Entre o medo e o planejamento
Esse aumento do movimento nas rodovias durante o fim de ano reforça a sensação de insegurança entre motoristas que trafegam com frequência por Minas Gerais. Para alguns, o cenário é motivo para evitar viagens. Para outros, a saída é redobrar os cuidados antes de pegar a estrada.
A motorista Deolinda Morais, que trabalha o ano inteiro nas rodovias, afirma que o período é mais perigoso. “É pior porque é muito carro. O pessoal que trabalha tá mais acostumado, mas o pessoal que tá na cidade, às vezes, tem dificuldade de pegar faixa, não sabe dirigir direito. E assim, aumenta muito o número de carro”, relatou.
Segundo ela, a combinação entre álcool e direção é uma das principais preocupações. “A bebida preocupa muito. Caminhão grande com motorista que bebe é perigoso”, disse. Deolinda afirma já ter presenciado situações graves. “É muito acidente, coisas que ninguém gostaria de ver, não desejo para ninguém”.
O empresário Iago Aguilar, que costuma viajar a cada três meses, também destaca o risco da imprudência. “Policiamento é essencial. Já presenciei situações de pessoas bêbadas dirigindo. Sem fiscalização, o risco aumenta muito”, afirmou.
Já Marcos Vinícius Rosa prefere evitar a estrada neste período. “Eu evito de pegar estrada final de ano, para falar a verdade, eu não gosto muito não”, disse. Para ele, o comportamento dos condutores pesa na decisão. “Final de ano a estrada fica cheia e as pessoas tendem a exagerar”.
Mesmo diante dos relatos de medo, há quem siga viagem com planejamento. A manicure Maria Elisângela, que viaja com a família para o Rio de Janeiro, afirma ter receio das estradas no fim de ano, mas decidiu viajar após revisar o veículo, planejar a rota e adotar cuidado redobrado ao dirigir, como forma de reduzir os riscos apontados por quem evita pegar a estrada.
Operação Ano Novo e Lei Seca
Na Operação Rodovida Ano Novo, cerca de 800 policiais rodoviários federais atuam nas estradas mineiras, fiscalizando documentação, equipamentos obrigatórios, excesso de velocidade, uso do cinto de segurança, ultrapassagens proibidas, uso de celular ao volante e crimes diversos. A operação também inclui ações educativas, como o cinema rodoviário, que orienta condutores durante as abordagens.
Desde 2008, a Lei Seca estabelece tolerância zero para álcool ao volante. Qualquer quantidade configura infração gravíssima, com multa e suspensão da CNH por 12 meses. A partir de 0,34 mg de álcool por litro de ar alveolar, a conduta passa a ser considerada crime de trânsito, com pena de seis meses a três anos de detenção, além de multa e outras sanções.
Segundo o inspetor Aristides, o Réveillon é historicamente um período crítico. “O feriado de Ano Novo é muito semelhante ao de Carnaval. As pessoas querem se divertir, passam a noite acordadas e, muitas vezes, fazem uso de bebidas alcoólicas. Isso acaba refletindo no trânsito, com motoristas que insistem em dirigir após beber ou sem dormir”, afirmou.
Interdições
Durante os feriados de 31 de dezembro e 1º de janeiro, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) determinou a restrição de circulação de veículos de carga de grande porte nas rodovias estaduais, no período das 16h às 22h, como medida para aumentar a segurança viária diante do aumento do fluxo de veículos.
A proibição se aplica a combinações de veículos de carga como bitrens, treminhões, rodotrens, CVCs, CTVs e cargas indivisíveis, em trechos de pista simples e também em segmentos específicos de pista dupla, incluindo a MG-010, entre Venda Nova e o acesso ao Aeroporto de Confins; a MGC-135, nos trechos entre Montes Claros e Bocaiuva e entre Corinto e o entroncamento com a BR-040; e a MG-050, entre o entroncamento com a BR-262 e a MG-164.
Motoristas que desrespeitarem a determinação estarão sujeitos às penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro, que incluem multa, perda de quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e retenção do veículo até o término do horário de restrição.
Além das limitações ao tráfego pesado, o DER-MG alerta para a existência de 49 pontos críticos nas rodovias estaduais mineiras. Desse total, dois trechos permanecem totalmente interditados. Entre os principais problemas mapeados estão 19 ocorrências de erosão, 11 casos de abatimento de pista e danos em estruturas viárias, o que exige atenção redobrada dos condutores, especialmente durante períodos de chuva e maior movimentação nas estradas.
Dicas para uma viagem segura
A PRF orienta que os motoristas façam a revisão do veículo antes de pegar a estrada, verificando itens de segurança, funcionamento dos equipamentos obrigatórios e a documentação. É importante que todos os ocupantes do veículo, inclusive crianças, estejam portando documentos de identificação. O uso do cinto de segurança é obrigatório para todos, assim como o transporte de crianças deve ser feito nos dispositivos corretos, como cadeirinhas e assentos de elevação.
Respeitar os limites de velocidade, as sinalizações e manter distância segura do veículo da frente são atitudes fundamentais para prevenir acidentes. As ultrapassagens devem ser feitas apenas pela esquerda, em locais permitidos e quando houver total segurança. Durante a viagem, o motorista deve redobrar a atenção em trechos urbanos cortados por rodovias e ficar atento à movimentação de pedestres nas margens das pistas.
Também é recomendado levar água, alimentos e, em caso de chuva, reduzir a velocidade, acionar os limpadores de para-brisa e aumentar a distância do veículo à frente. Motociclistas devem usar capacete, manter faróis acesos e evitar trafegar próximo a veículos grandes, como caminhões, para não serem afetados pelo deslocamento de ar.
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*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice